Em se tratando de feedbacks quem nunca se escondeu embaixo da cama, atrás da moita ou em cima da árvore, para não levar a devida bronca dos pais, que atire a primeira pedra sobre aqueles que já se mostraram medrosos em algum momento da vida. Todos nós podemos relatar alguma história na qual levamos uma bronca ou puxão de orelha por algo feito, tenham sido eles merecidos ou não.
É comum que na vida da maioria de nós as vivências da infância, quando confrontadas com traquinagens cometidas, sejam hoje interpretadas como retratos de um tempo feliz, que nem os beliscões recebidos como castigo conseguem estragar. Mas a verdade é que, além das risadas e até da saudade, muitas das punições sofridas ou ao menos cogitadas no passado deixaram marcas, em boa parte dos casos, bastante profundas no nosso sistema psíquico.
Da mesma maneira como fomos pouco a pouco assimilando a árdua lição que a vida se encarrega de nos dar, e que pode ser resumida pela ideia de que seus atos trazem consequências, fomos também introduzindo o medo como algo constante e permanente na orientação tomada para o nosso comportamento.
Isso traz consequências diretas e a mais notável delas é o cálculo programado sobre as nossas ações que acabamos fazendo de um jeito ou de outro antes de tomar qualquer simples decisão, tanto para recusar aquela oferta de emprego que nós tanto quisemos quanto para simplesmente decidirmos quando amarrar o cadarço.
Ter o medo como um conselheiro sempre ao nosso lado pode ser algo muito bom, capaz de nos livrar de grandes encrencas na vida, nos dirão os prudentes. Mas vale lembrar que ele também pode ser das mais nocivas crenças limitantes, dirão os coaches. Ambos estão certos. A depender do contexto e das circunstâncias, o medo de fato atua nos dois papéis.
Abrindo sua mente para os Feedbacks
As reprimendas que levamos na vida foram um fator fundamental para que tenhamos, na média, um nível de tolerância e receptividade tão baixo quando se trata de ouvir seus feedbacks. A única razão para essa ferramenta tão útil e imprescindível ter se tornado sinônimo de algo negativo para tantos ouvidos é justamente uma cultura distorcida, segundo a qual ao sermos chamados para uma conversa necessariamente será ocasião para ouvir uma bronca.
Importante relembrar sempre que essa impressão tem que ser combatida com todas as forças e que é importante abrir a mente e desfazer esta impressão cultural errada sobre esta importante ferramenta de crescimento.
Feedback não é bicho de sete cabeças
Os feedbacks nem de longe são um bicho de sete cabeças e quem porventura ainda pensa assim, associando-o de pronto a algo negativo, seguramente teve exemplos muito ruins disso no passado e precisa ser apresentado com urgência às imensas possibilidades que ele oferece.
É melhor para todos os envolvidos que, quando você for convocado para uma reunião de feedbacks, você esteja seguro de que naquela oportunidade não necessariamente irá tomar uma bronca. Também não significa que só receberá abraços e tapinhas nas costas, afinal nem só de elogios vive o bom profissional. Elogios são bem-vindos, claro, quem não os quer? Mas devem chegar a uma medida em que não estraguem o colaborador, bem à maneira como os pais devem fazer com as crianças.
Em um processo de feedback em que impere a sinceridade, como, aliás, tem que ser a regra, o elogio ocupa um papel crucial, suprindo a imprescindível lacuna da motivação. Ele faz um trabalho importante, nos inspirando na medida necessária para seguir adiante. A verdade é que sem estímulo não se vai nem à padaria da esquina e todo mundo que participa de feedbacks deveria saber disso.
Equilibre os elogios
Os elogios, contudo, podem ser perigosos. Em doses cavalares, eles mais deseducam do que instruem ou edificam. Na vida profissional, mas não apenas nela, os elogios funcionam como os mimos que os avós dão aos netos: são excelentes e prazerosos para quem os recebe, obviamente, e também trazem algo de muito bom para quem os dá.
Entretanto, se concedidos sem critério acabam igualmente tendo o mesmo resultado das melhores lembranças da casa dos avós, indo na contramão de muita da boa educação que os pais tentam dar aos filhos.
A melhor maneira de evitar essas possibilidades é justamente com o feedback, assumindo que é parte da crítica constitutiva de uma conversa franca e muitas vezes o melhor combustível para que façamos o salto da planície do mediano rumo aos planaltos da zona dos resultados extraordinários.
Deixe um comentário