Você já assistiu ao filme “O Diabo veste Prada”? Na produção de 2006, nos deparamos com o escritório de uma conceituada revista de moda, chefiado por uma executiva arrogante e sem qualquer reconhecimento pelo trabalho dos outros. O nível de estresse é tão alto que os próprios funcionários tratam-se uns aos outros sem cordialidade, em um intenso clima de rivalidade, julgamentos e humilhações.
Esse é o cenário típico de um ambiente de trabalho tóxico. Ele é composto por uma série de características que desmotivam, minam a produtividade e podem até mesmo adoecer os colaboradores. Neste artigo, você vai aprender a reconhecer essas características, a identificar as consequências desse tipo de ambiente na vida das pessoas e a elencar medidas que permitam que mudanças possam ser feitas. Siga em frente e boa leitura!
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Como reconhecer um ambiente de trabalho tóxico?
Pela introdução do artigo, já deu para ter uma noção desse tipo de ambiente que, infelizmente, não é assim tão raro. Aliás, talvez você mesmo já tenha passado por algo semelhante. Alguns dos sinais mais frequentes nesse tipo de ambiente são:
- Conflitos excessivos entre as pessoas;
- Pressão exacerbada e muitas vezes irrealista sobre os resultados;
- Elevada rotatividade de colaboradores, seja por serem demitidos, seja por pedir demissão;
- Líderes que ameaçam, punem erros, não reconhecem méritos e não ajudam adequadamente os seus liderados;
- Falta de transparência com os dados da empresa;
- Elevada quantidade de afastamentos por doenças físicas e mentais;
- Aumento em acidentes de trabalho.
Assim, um ambiente de trabalho é considerado tóxico quando a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas não são levados em consideração. Além das questões apontadas acima, infraestrutura precária, desrespeito às funções de cada pessoa, assédio de qualquer tipo, baixa remuneração, expedientes excessivamente longos (muitas vezes sem horário suficiente para almoçar) e excesso de demandas também são frequentes nesses ambientes.
Quais são os impactos desse problema?
Como você pode perceber, um ambiente de trabalho tóxico é terrível, já que ninguém está feliz em fazer parte dele. Naturalmente, isso traz consequências terríveis para os relacionamentos, para a saúde dos colaboradores e para o próprio desempenho da empresa. Confira alguns dos principais impactos dessa questão, na sequência.
1. Diminuição da motivação dos colaboradores
O estresse, até certo ponto, torna as pessoas mais motivadas, desafiadas e atentas para que alcancem bons resultados. No entanto, quando esse nível é extrapolado, o medo e o nervosismo se sobrepõem à motivação, que tende a ficar cada vez menor.
Sempre que isso ocorre, o funcionário deixa de enxergar a si mesmo como alguém importante para a empresa, vendo-se como uma máquina de trabalhar. Isso faz com que ele aja com desânimo, tristeza e sem propósito, pois sabe que ninguém ali vai reconhecer os seus méritos. Naturalmente, isso se converte em baixa produtividade.
2. Problemas de saúde e bem-estar
Quando uma pessoa fica exposta a um ambiente de trabalho tóxico por um tempo considerável, esse desânimo pode evoluir para quadros mais graves, de saúde física e mental. Depressão, transtornos de ansiedade, estresse, transtorno do pânico, insônia, oscilações de humor, síndrome de burnout, enxaquecas, distúrbios gástricos e até mesmo doenças cardiovasculares decorrentes do estresse podem aparecer.
Tudo isso pode provocar afastamentos, acidentes de trabalho, licenças médicas, entre outros aspectos que impactam tanto a vida do indivíduo quanto as atividades da empresa. Saúde, qualidade de vida e bem-estar não são um luxo, mas sim necessidades básicas de qualquer ser humano.
3. Aumento nos conflitos interpessoais
Quem está exposto a um ambiente tóxico começa a “absorver” essa atmosfera estressante e a agir da mesma forma. Por isso, ao ver que um chefe grita com os subordinados, os colegas também começam a agir da mesma forma entre si, afinal de contas, estão todos estressados e pressionados.
Paciência e cordialidade são fatores que simplesmente desaparecem, dando lugar às respostas atravessadas, ironias, comunicações agressivas e conflitos em geral. Além disso, esse tipo de ambiente favorece a fofoca, isto é, o falar pelas costas, em vez de resolver os problemas em uma conversa franca e direta.
4. Incompetência das lideranças
O ambiente tóxico também lança as suas consequências sobre a atuação dos líderes. Muitas vezes, eles reproduzem com as suas equipes os mesmos comportamentos que enxergam nos diretores da organização.
Isso pode fazer com que eles também trabalhem com desmotivação, desânimo e falta de respeito junto aos seus liderados. Podem começar a agir de forma descompromissada, sem ajudar as pessoas, sem se comunicar com clareza e sem motivar ninguém. Tornam-se figuras autoritárias e agressivas — comportamentos que começam a ser modelados também pelos liderados, agravando todo o problema.
5. Enfraquecimento da cultura organizacional
No meio desse caos, como uma empresa pode falar de forma transparente sobre itens como missão, visão, valores e objetivos? Um ambiente tóxico perde a sua identidade e a sua cultura organizacional, pois tudo aquilo que aparece na área institucional do site é letra morta. No dia a dia de trabalho, nenhum (ou muito poucos) dos seus valores é de fato posto em prática.
Além disso, fica difícil também perpetuar os aspectos da cultura da empresa em um ambiente de elevada rotatividade. Insatisfeitos, os colaboradores tentam sair da empresa o mais depressa possível, aumentando as entradas e saídas de funcionários. Sem essa constância, fica difícil construir ou manter uma cultura organizacional.
É possível mudar esse cenário?
Sim. Ao ler este artigo, bastante negativo, você pode ter ficado com a impressão de que nada pode ser feito, o que não é verdade. Podemos reverter esses quadros, desde que rapidamente identifiquemos as causas dos ambientes de trabalho tóxicos. Essas causas podem ser líderes incompetentes, falta de infraestrutura, falta de reconhecimento dos colaboradores, exigências irrealistas etc.
Depois de identificar essas questões, é hora de partir para a prática e tomar atitudes que transformem o cenário, como:
- Melhorar as redes de comunicação interna com os colaboradores;
- Fazer pesquisas de clima organizacional e satisfação interna;
- Gerenciar adequadamente os conflitos interpessoais que surgirem;
- Promover mais reuniões, em que os colaboradores ouçam, mas também sejam ouvidos;
- Desenhar uma política de salários, bonificações e benefícios empresariais que demonstre reconhecimento;
- Promover treinamentos de inteligência emocional, gerenciamento de pessoas e produtividade;
- Redefinir objetivos e metas, de modo que sejam mais realistas;
- Desenvolver políticas de endomarketing e retenção de talentos;
- Desenvolver ações que promovam mais qualidade de vida no trabalho, sobretudo respeitando os horários do expediente e os direitos do trabalhador;
- Adotar punições mais rígidas a quem tratar o outro com falta de respeito;
- Demonstrar a cada colaborador a sua importância.
Como é possível perceber, um ambiente de trabalho tóxico pode ser terrível para a saúde das pessoas, para os relacionamentos interpessoais, para a produtividade dos colaboradores e para o próprio desempenho da empresa. No entanto, ao identificar rapidamente os sinais e causas desse ambiente tóxico, fica mais fácil corrigir o problema, por meio das ações listadas acima.
E você, querida pessoa, já teve alguma experiência com um ambiente de trabalho tóxico? Então, deixe o seu comentário no espaço a seguir. Por fim, que tal levar esta reflexão a todos os seus amigos, colegas, familiares e a quem mais possa se interessar pelo tema? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!