Se você pesquisar o termo “aprendizagem” em um dicionário, encontrará como definição: o processo de aquisição ou de transformação de competências, conhecimentos, habilidades, valores e comportamentos, que ocorre por meio da observação, do raciocínio, do estudo, da experiência, entre outros.
Dessa forma, todos nós estamos em constante aprendizagem, desde o primeiro até o último dia das nossas vidas. No entanto, é fato que esse processo tende a ser mais intensificado na infância e na adolescência, quando estamos em idade escolar e começando a compreender como o mundo funciona.
O suíço Jean Piaget e o francês Henri Wallon estão entre os maiores estudiosos do processo de aprendizagem, compreendendo as influências sociais e fisiológicas sobre ele. Wallon, em particular, dedicou-se à compreensão da afetividade sobre o desenvolvimento de um indivíduo. Neste artigo, vamos compreender melhor como se dá essa relação. Boa leitura!
Contents
Os estágios de desenvolvimento
Wallon divide o desenvolvimento humano em 5 estágios, que devem ser levados em consideração no processo de aprendizagem. Conheça-os na sequência:
1. Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano)
É um estágio afetivo, em que a pessoa se expressa por meio do toque e dos gestos. O tato e a segurança do embalo são os meios mais utilizados para ensinar a criança, que demanda a presença do outro. É por meio dele que a criança interage com o meio que a cerca, se familiariza com ele e aprende como ele funciona.
2. Estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos)
Nesse estágio, a criança começa a pegar os objetos e questionar os adultos acerca do que são e de quais são as suas funções. Nessa fase, o educador deve diversificar os espaços de estar da criança, de modo que ela adquira diferentes vivências e conheça diversos objetos. O tato continua importante, mas a criança começa a compreender nomes e funções.
3. Estágio do personalismo (3 a 6 anos)
Nesse estágio, a criança começa a perceber que há diferenças entre ela e as outras pessoas, sobretudo entre ela e os adultos. Por isso, é importante que ela comece a conviver com outras crianças, passando a reconhecer e a respeitar as diferenças. As atividades dessa fase devem exercitar as capacidades de escolha e valorizar a expressão das diferenças.
4. Estágio categorial (6 a 11 anos)
Esse estágio corresponde aos anos iniciais do ensino fundamental. É a fase em que a criança compreende as diferenças entre o “eu” e o “outro”. Além disso, ela intensifica a sua capacidade de detectar semelhanças e diferenças entre pessoas, imagens, objetos e ideias. A criança começa a explorar o mundo de forma mais autônoma do que nos estágios anteriores. Cabe ao adulto proporcionar a ela experiências que favoreçam o desenvolvimento de conceitos e valores construtivos nesse processo de descoberta.
5. Estágio da puberdade e da adolescência (11 anos em diante)
Esse estágio consiste no fim da infância, durando por toda a adolescência, sendo correspondente aos anos finais do ensino fundamental e ao ensino médio. É um momento de reforço da singularidade e da autonomia da pessoa. Ela descobre os seus valores e sentimentos, sobretudo no contato com o outro. Os espaços de aprendizado devem alimentar a discussão saudável de ideias diferentes, reforçando a importância da solidariedade e do respeito mútuo.
Aprendizagem não linear
Piaget e Wallon parecem concordar com a existência de diferentes estágios de aprendizagem. No entanto, eles afirmam que esses estágios não são assim tão delimitados quanto as faixas etárias possam sugerir. A verdade é que, por mais que os conhecimentos adquiridos sejam irreversíveis, o indivíduo pode retornar a determinados estágios momentaneamente. Um estágio não acaba com os comportamentos do antecessor, ele apenas os integra e os desenvolve.
Assim, o processo de aprendizagem não é linear. Ele é feito de regressões e progressos entre os estágios. Para Wallon, construir o ser e desenvolver-se é uma missão natural de todo ser humano.
Para isso, ele aponta as 3 dimensões fundamentais do processo de aprendizagem: a motora, a afetiva e a cognitiva. Assim, ele conclui que esse processo depende do desenvolvimento do corpo, da mente e da interação do indivíduo com o meio social em que vive. É aí que chegamos ao conceito da afetividade.
A importância da afetividade nessas fases
Segundo o autor, a afetividade é um componente presente em todas as fases do desenvolvimento humano, sendo indispensável nesse processo. A afetividade na aprendizagem contempla todas as formas de ensino que garantem direitos iguais ao desenvolvimento do indivíduo, respeitando a criança, independentemente das suas origens familiares, sociais e étnicas.
Dessa forma, a aprendizagem não deve ser algo mecânico e imposto. O processo deve favorecer a interação social, a troca, a formação de vínculos e a integração do desenvolvimento afetivo, social e intelectual. O aspecto afetivo compreende que a aprendizagem contempla sentimentos e emoções que devem ser respeitados. Isso leva a criança a criar mecanismos de compreensão, assimilação, aceitação, negação e administração desses sentimentos.
Para Wallon, professores e alunos influenciam-se mutuamente nos seus afetos e na sua capacidade de expressar esses sentimentos. Por isso, é possível e louvável aprender sentindo. Por mais racional que seja o processo de aprendizagem, não há como separá-lo das emoções que fazem parte da existência humana. Assim, um necessita do outro, e é dessa troca que ocorre o desenvolvimento de todos, pois em cada troca há um aprendizado.
Conclusão
Podemos concluir que, na teoria de Wallon, a aprendizagem se dá em diferentes estágios de desenvolvimento humano, mas que, em todos eles, o componente da afetividade se faz necessário. Esse desenvolvimento consiste na liberdade para sentir e respeitar os sentimentos durante esse processo — de si mesmo e do outro. A ternura e a afetividade uns com os outros é o que humaniza os indivíduos, o que não pode deixar de ocorrer no processo de ensino-aprendizagem.
E você, querida pessoa, consegue reconhecer a afetividade quando aprende algo ou quando ensina algo a alguém, especialmente a uma criança? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!