Vídeos que podem ser acelerados, áudios que podem ser acelerados, controles remotos que podem mudar de canal quando surge a propaganda. Se você acha que o filme “Click”, estrelado por Adam Sandler, está muito distante da nossa realidade, é melhor rever os seus conceitos.

Hoje em dia, a tecnologia tem favorecido o surgimento da chamada cultura do imediatismo, aquela em que queremos tudo “para ontem” e em que aparentemente perdemos a capacidade de esperar.

Por um lado, é bacana que esses avanços tecnológicos estejam promovendo um ganho de tempo — valioso recurso na atualidade. Entretanto, o preço que pagamos por isso pode ser caro demais: o prejuízo da nossa saúde mental.

O imediatismo pode provocar consequência graves nessa tão nobre e delicada área da nossa saúde. Neste artigo, você vai identificar com mais clareza a relação entre o imediatismo e a saúde mental. Confira!

Cultura do imediatismo: o que é isso?

“Cultura do imediatismo” é um conceito que foi popularizado em 2013 no livro “Present shock: When everything happens now” ou “Choque do presente: quando tudo acontece agora”, de autoria do professor da New School University de Manhattan, Douglas Rushkoff.

O conceito consiste na identificação de uma mudança comportamental das pessoas, que compreendem que o passado não pode ser mudado e que o futuro ainda não chegou, o que as leva a focar no presente e na satisfação imediata dos seus desejos e necessidades. Não há nada de errado em viver o presente, mas não podemos viver como se o futuro não existisse, afinal de contas, todos os nossos atos têm consequências.

A pressa em satisfazer essas necessidades o quanto antes tem nos tornado pessoas incapazes de esperar. A falta de paciência e a vontade de viver o “aqui e agora” a todo custo têm criado uma geração de pessoas ansiosas e até mesmo mais egoístas.

Quais são as características desse efeito?

O imediatismo é uma consequência do estilo de vida moderno, em que a tecnologia acelera demais os processos. Quem é que nunca ficou impaciente ao esperar um download de 3 minutos ou o aquecimento da comida no microondas por 2 minutos? Hoje em dia, estamos a dois cliques de resolver basicamente qualquer coisa, especialmente com a tecnologia e com a internet.

O problema é que, na natureza e na vida física (fora do mundo digital), o dia continua tendo 24 horas, e as coisas não acontecem na hora em que queremos. Por isso, a tecnologia não pode fazer com que percamos a paciência e a capacidade de esperar. Hoje em dia, podemos acessar qualquer informação, entrar em contato com qualquer pessoa no mundo e mudar de um país para outro rapidamente. Mas o tempo da natureza continua sendo o mesmo.

Entre as características do imediatismo, podemos citar a necessidade de acelerar vídeos e áudios, o vício por novidades nas redes sociais, o uso do controle remoto a todo instante, a incapacidade de esperar por determinados momentos, a sensação de desespero ou de incompletude quando ficamos sem celular ou sem internet por alguns momentos, e por aí vai.

Quais são as consequências do imediatismo sobre a saúde mental?

Ao ler as características acima, já deu para perceber que elas nos levam a um estilo de vida acelerado, para o qual o corpo e a mente humanos não estão preparados. Por isso, quem vive dessa maneira torna-se mais sujeito à vivência das consequências, bastante negativas, do imediatismo sobre a saúde mental. Confira quais são elas na sequência.

1. Ansiedade e depressão

O imediatismo tende a tornar as pessoas menos capazes de lidar com a espera. A necessidade de satisfação imediata e da procura pelo prazer pode, por exemplo, tornar a vivência de um momento negativo insuportável. É como se o indivíduo fosse incapaz de compreender que a vida é feita de altos e baixos e que um momento ruim não dura para sempre. No entanto, como ele tem dificuldade em esperar e em compreender que tudo tem o seu tempo, a ansiedade e a depressão podem aparecer.

2. Frustração

Outra característica típica do imediatismo é a frustração. Esse sentimento surge quando as coisas não acontecem da maneira ou no momento em que gostaríamos que acontecessem.

Também aparece quando criamos expectativas muito altas sobre algo, mas a realidade que se apresenta é inferior a essa imagem idealizada que foi criada. Essa diferença entre sonho e realidade cria um impacto negativo, que é a tristeza derivada da frustração, algo a ser trabalhado desde a infância, pois faz parte da vida.

3. Impaciência

A impaciência é uma característica dos imediatistas que só tende a aumentar quando estamos mergulhados nessa cultura. Como citamos, a ignorância do futuro e a necessidade de viver o presente intensamente tornam as pessoas incapazes de esperar por qualquer coisa.

Isso gera uma consequência muito negativa, já que muitas coisas boas na vida podem aparecer para aqueles que sabem esperar. Todavia, aqueles que cortam caminhos podem perder essas oportunidades, por pura impaciência.

4. Dificuldade de concentração

Hoje em dia, as pessoas parecem ter se acostumado a fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Ouvem música enquanto trabalham, ouvem podcasts enquanto dirigem, leem enquanto deixam a televisão ligada. Esse excesso de estímulos sobrecarrega o cérebro e, em algum momento, tende a cansá-lo mais depressa.

Como resultado, perdemos a capacidade de concentração e a própria energia, o que nos leva ao adoecimento mental e a uma queda de rendimento nas nossas atividades. Querer fazer tudo ao mesmo tempo tem seu preço!

Como podemos ser menos imediatistas?

Para que sejamos menos imediatistas, podemos desenvolver alguns hábitos que nos tornam menos suscetíveis aos efeitos dessa cultura que parece se instalar na sociedade contemporânea. Confira algumas recomendações a seguir:

  • Planeje o seu dia e faça uma atividade de cada vez;
  • Desligue as fontes de distração e interrupção das suas atividades;
  • Acostume-se ao ritmo de cada pessoa, evitando acelerar áudios e vídeos para não gerar ainda mais impaciência;
  • Amplie o seu contato com a natureza para identificar os ritmos de fora da cidade;
  • Faça da meditação um hábito para desenvolver a tranquilidade e a serenidade;
  • Celebre as suas conquistas e seja feliz no momento que você está vivendo, deixando de colocar a ideia de felicidade sempre no futuro;
  • Aceite que nem tudo ocorrerá no tempo que você deseja, mas que há um propósito para essa espera;
  • Estabeleça uma rotina de autocuidado, lazer e atividades relaxantes;
  • Defina um limite de tempo para o uso de redes sociais e para a leitura de notícias;
  • Pratique atividades físicas com regularidade;
  • Não negligencie o seu tempo de descanso e de sono.

Evitar a cultura do imediatismo é uma prova de maturidade e de cuidado com a sua saúde mental. Respeite os prazos da vida e aceite que nem tudo ocorrerá quando você deseja. Respire fundo, seja paciente e viva um dia de cada vez!

E você, ser de luz, é uma vítima do imediatismo? O que tem feito para evitar os seus efeitos? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!