Entendendo a anatomia do corpo e sabendo que nele está o cérebro com todos os nossos pensamentos, sentimentos, onde tudo o que ocorre é produção do próprio corpo através do sistema nervoso; vamos então dizer que somos um corpo. Se dissermos que temos um corpo, estamos entendendo que ele é uma espécie de caixa que serve para “guardar” o pensamento (a mente), como se a mente e o corpo fossem duas coisas diferentes.

O professor José Augusto Rodrigues dos Santos, da Universidade de Porto, Portugal, resume essa questão explicando que, para os espiritualistas, o corpo é um mero invólucro da alma, sujeito à corrupção do tempo e finito como realidade biológica. Já os filósofos espiritualistas acreditam
que a alma é a dimensão importante do ser, a expressão imortal do ser e, por isso, escapa da inexorabilidade das leis biológicas. Só não é possível dizer que essas duas dimensões atuem em separado. Vamos voltar às perguntas feitas logo no primeiro capítulo, na parte
sobre conexão e algumas a mais, para engatilharmos o entendimento sobre a visão 4D:

• Eu tenho um corpo ou eu sou um corpo?
• Eu tenho uma alma ou eu sou uma alma?
• Eu tenho um espírito ou sou espírito?
• Eu tenho uma carreira ou eu sou a minha carreira?
• Eu tenho uma identidade ou eu sou uma identidade?

Não é fácil se posicionar a respeito dessas perguntas. Acredito que haverá sempre pessoas tendendo a um lado e outro. Mas, aqui, com a proposta deste livro, vamos trabalhar com a tese de que temos um corpo, e não que somos um corpo. Para facilitar este entendimento, entremos na quarta dimensão da mente. Isto é, na visão 4D.

Antes, quais são as três primeiras dimensões?

Já fizemos algumas abordagens nos capítulos anteriores a respeito delas:

1ª) o cérebro corporal (reptiliano, dimensão dos instintos);

PSC

2ª) o cérebro emocional (límbico, dimensão dos sentimentos); e

3ª) o cérebro racional (neocórtex, dimensão dos pensamentos). Essas três partes,
juntas, formam o corpo humano.

A quarta dimensão da mente é a alma, dimensão espiritual ou transcendental.

Numa visão científica, a alma é a capacidade que o ser humano tem de dar sentido à própria existência, sua capacidade de reconhecer, honrar a própria vida, de se lançar a uma instância transcendental. Nesta dimensão, transcedental, e a partir de sua perspectiva, respondemos
tranquilamente que temos um corpo, e não que somos um corpo. Honramos e respeitamos o nosso corpo, embora ele seja é passageiro pelo mundo. As três primeiras dimensões da mente são limitadas a uma faixa de existência espaçotemporal, já a quarta dimensão é eterna e permanece viva, independentemente do corpo.

Pela quarta dimensão, eu não somente tenho instintos, penso e racionalizo, mas dou significado para toda a minha existência como ser de memórias (passado), ser de sonhos (futuro) e ser agentivo (presente). Posso propor, inclusive, uma comparação entre o pensamento filosófico
de René Descartes, “Penso, logo existo”, e o pensamento teológico de quando Deus diz a Moisés: “Eu sou”. Descartes, filósofo e matemático francês, conclui, após várias perguntas duvidosas sobre a sua existência, que o fato de pensar dá a ele a certeza de que existe. Assim, “Eu duvido,
logo penso” e, se “Penso, logo existo”. Algo que existe teve uma origem e, se teve uma origem, teve um genitor ou um criador. Deus não existe, ele é. Isso quer dizer que não tem origem nem genitor, tampouco um criador.

Moisés estava apascentando o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Madiã e se depara com uma sarça ardente que não se consumia e de dentro dela uma voz que dizia: “Moisés! Moisés!” E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos teus pés; porque o
lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó (Êxodo 3,3-6). Na quarta dimensão, olhamos não mais para o passado ou para o futuro, o presente é que se releva, na sua pesperctiva infinita. Na quarta dimensão, tudo é. Por isso, a quarta dimensão de nossa mente é a mais etérea e, portanto, mais espiritualizada. Não seria exagero dizer que essa dimensão nos proporciona a abertura de consciência para aquilo que
é transcendental. A isso, eu chamo de Deus.

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