Nunca tivemos tanto acesso à tecnologia médica, exames de alta precisão e protocolos baseados em evidências. A ciência avançou a ponto de intervir nos níveis mais profundos da nossa biologia. E, no entanto, convivemos com uma epidemia silenciosa de doenças crônicas e sofrimento emocional.
Esse cenário nos obriga a reconhecer algo desconfortável. A biomedicina é extraordinária para explicar o funcionamento da doença, mas ela não consegue explicar completamente a experiência humana de adoecer.
A doença não acontece apenas em células ou tecidos. Ela acontece em pessoas. Pessoas que carregam histórias, hábitos, emoções crônicas e, muitas vezes, uma profunda desconexão de sentido. É nesse espaço decisivo que surge a necessidade de um novo olhar, o olhar para o Terreno da Vida.
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Emoções não causam doenças, mas moldam o terreno
Existe uma confusão muito comum atualmente que precisamos esclarecer com responsabilidade. Dizer que “emoções causam doenças” de forma direta é uma simplificação perigosa que não se sustenta cientificamente e ainda pode gerar culpa em quem está doente.
A Consciência Marquesiana parte de um princípio inegociável: emoções não causam patologias diretamente. Contudo, seria ingênuo negar a influência do sofrimento emocional persistente sobre a nossa saúde. O que a ciência investiga hoje é como os estados emocionais crônicos modulam o terreno onde a vida acontece. Portanto, não se trata de causalidade direta, mas sim de modulação do contexto.
O contexto global das doenças crônicas
As doenças que mais afetam a humanidade hoje, como problemas cardiovasculares, diabetes e transtornos mentais, compartilham algo em comum. Elas são profundamente influenciadas por fatores de estilo de vida, como alimentação, sono, sedentarismo e estresse.
Porém, precisamos ir além do óbvio. A maioria das pessoas não mantém hábitos nocivos por ignorância. Elas vivem assim por uma desorganização interna e por estados emocionais não elaborados. O sofrimento emocional crônico e a falta de sentido muitas vezes precedem anos de descuido consigo mesmo.
O limite do modelo biomédico
A medicina convencional é perfeita para identificar mecanismos biológicos e genéticos. Mas ela não foi desenhada para responder a perguntas comportamentais complexas. Por que alguém abandona o próprio tratamento? Por que continuamos nos autossabotando mesmo tendo acesso à informação?.
A ciência nos mostra que apenas uma pequena parcela dos cânceres é puramente hereditária. O elo mais forte para a maioria das doenças crônicas não é celular, é comportamental. E esse comportamento é regido pelo que chamamos de Terreno da Vida.
O que é, de fato, o Terreno da Vida?
Definimos o Terreno da Vida como o conjunto de fatores emocionais, comportamentais, relacionais e existenciais que determinam como o indivíduo vive e enfrenta os processos de saúde e doença.
Esse terreno não cria o vírus ou a mutação, mas define como a vida se organiza diante deles. Ele influencia nossas escolhas diárias, nossa adesão aos tratamentos e a relação com o nosso próprio corpo. Enquanto a medicina trata a doença, o terreno diz respeito à pessoa.
A Emoção Dominante: o clima interno
Não são as emoções passageiras que moldam a nossa vida, mas sim a Emoção Dominante. Refiro-me àquele estado emocional crônico que se repete silenciosamente ao longo dos anos.
Não é a tristeza de um dia difícil, mas uma vida inteira vivida no medo ou no ressentimento. Esse “clima interno” influencia todas as nossas decisões e o nosso autocuidado. Ele cria o contexto onde o abandono de si mesmo se torna um padrão.
Integração e Responsabilidade
Para mudar esse cenário, precisamos buscar a Integração dos Eus: o racional, o emocional e o nosso guardião instintivo. Quando essas partes operam em conflito, o corpo vive em estado de alerta e tensão permanente.
Nesse sentido, dores antigas como rejeição ou abandono deixam de ser vistas apenas como causas de sofrimento e passam a ser entendidas como mapas que explicam nossa fragmentação. O futuro da saúde não está em negar a medicina, mas em integrar biologia, emoção e sentido.
A Consciência Marquesiana não promete cura física, pois isso é papel da medicina. Ela promove a integração humana. E, quando a vida se reorganiza e a alma se acalma, o tratamento médico encontra um terreno muito mais fértil para prosperar.

