Transformação é uma palavra que está muito presente nos discursos da atualidade, principalmente no Coaching. Mas por qual motivo falamos o tempo todo em transformação? Ouvimos falar cada vez mais sobre desenvolvimento humano, transformação e felicidade. Esse “ouvir cada vez mais” pode ser resultante da falta de conhecimento sobre o que realmente significa se transformar, tornar-se uma pessoa feliz, desenvolver-se como ser humano etc.
E é justamente essa falta de conhecimento que gera um grande perigo: muitas coisas são vendidas por aí como transformadoras. Mas, afinal, o que é transformação? Como eu (uma pessoa difícil e questionadora) posso me transformar? Como as pessoas se transformam?
Para responder essas perguntas é importante lembrar que os seres humanos sempre estarão em busca de um estado desejado, seja em qual dimensão da vida for. Porém, transformação é mais que o simples alcance do estado desejado, é o reconhecimento da necessidade de ressignificação pessoal.
A transformação é a passagem de um estado a outro. Nesse caso, outro estado que seja melhor e mais benéfico que o estado anterior. O exemplo mais comum disso é a metamorfose da lagarta que se transforma em borboleta. Logo, a metamorfose passa a ser uma grande metáfora de como podemos ser melhores, mais bonitos, plenos, completos e, principalmente, felizes.
Só que diferentemente da lagarta que se transforma naturalmente por uma força da natureza, a transformação que sofremos parte da nossa tomada de consciência, do insight inicial, do desejo de ser diferente do que somos. Essa tomada de consciência é diferente em cada um, podendo ser brusca e dolorosa ou precoce e mais leve.
Quando uma pessoa procura um profissional coach, o insight já aconteceu, a tomada de consciência já deu seu start, mas é na identificação do estado atual do coachee que a ferida fica exposta e a dor lateja. Às vezes os insights são fortes, mas pouco claros, são movimentos do inconsciente para o consciente, e nesse momento vamos trazendo à razão coisas que estavam dentro de nós.
No caminho da transformação, bem como no processo de Coaching, temos a oportunidade de evidenciarmos nosso estado atual, nosso ponto de partida. Olhamos para nós e realmente nos vemos. Geralmente levamos um susto, pois negligenciamos as nossas dores, nossas dificuldades, nossos problemas, nosso corpo, nossa mente, nosso espírito, nossa família, trabalho e amigos.
Nós nos descuidamos de nós mesmos, mas não tomamos consciência disso. O coach é, também, transformado pelo Coaching quando atua na transformação das outras pessoas porque o movimento transformador é sinérgico. Esse poder é ainda desconhecido por muitos profissionais, especialmente aqueles que acreditam que o Coaching é uma mera ferramenta de alcance de resultados, quando na verdade seu alcance é muito mais profundo. O que é sinergia?
Momento em que duas pessoas agem da mesma forma para atingir determinado objetivo; quando um grupo se torna mais produtivo através do esforço em conjunto dos seus integrantes ao invés de levar em consideração apenas partes de um processo. A natureza da energia é a receptividade. Se uma pessoa escolhe uma postura aberta – ouvindo e respeitando o que os outros dizem –, essa pessoa age de acordo com a característica da energia. Sendo receptiva, uma pessoa está em sincronia com uma vibração mais alta e sente o poder do alinhamento com a natureza da energia.
É esse alinhamento com a natureza que gera o máximo da sinergia e conduz um grupo para a zona de alta frequência.
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SER transformado
Dispor-se a mudar é essencial para se transformar. Nós estamos constantemente mudando, mas será que estamos nos transformando? O seu coachee pode estar mudando de parceiro(a) constantemente sem antes transformar a própria necessidade de autoconhecimento e amor próprio; mudando de faculdade sem antes transformar o comprometimento; mudando de emprego sem transformar a insatisfação pessoal; mudando de equipe sem transformar o egoísmo.
Ou seja, as pessoas estão sempre mudando, mas nem sempre transformam a essência. Todo comprometimento; mudando de emprego sem transformar a insatisfação pessoal; mudando de equipe sem transformar o egoísmo. Ou seja, as pessoas estão sempre mudando, mas nem sempre transformam a essência. Sabe aquele colega de trabalho que saiu da obesidade e se tornou geração saúde fitness? Aquela prima que era vegetariana e hoje abriu uma churrascaria?
Aquele irmão que era extremamente sedentário e hoje participa de corridas exaustivas? Observando-os, sabemos que eles substituíram os seus antigos hábitos e crenças. Mas essas pessoas superaram a dependência emocional, o egoísmo, a intolerância, o ciúme demasiado, ou perdoaram aquela pessoa por quem guardaram mágoa há anos? Não necessariamente. Pois, mudança de hábitos e crenças nada tem a ver com superar elementos que estão hospedados na dimensão cognitiva e emocional do ser humano. Para que uma pessoa vivencie uma superação efetiva é preciso além de mudar, se transformar.
Coaches, perguntem aos seus coachees:
01. Quantas vezes você já mudou?
02. E durante essas mudanças, o que você levou contigo?
03. As suas mudanças se restringiram a buscas por novas experiências?
04. Você aprendeu a lidar com os problemas de uma fase e hoje convive com eles tranquilamente ou deixou esses problemas para trás ao buscar um novo modo de viver a vida?
Se eles responderem que mudaram muitas vezes, que levaram poucas coisas ou nada consigo, que sempre buscaram por novas experiências, que não aprenderam a lidar com problemas antigos, deixando-os de lado, então eles não se transformaram. E é nesse contexto que surge o processo de Coaching, pois ele não trabalha apenas com mudanças isoladas. Coaching alia mudança e transformação.
Um leva ao outro. Como isso acontece? Quem sugere transformação ao outro precisa ensiná-lo a parar para descansar, refletir sobre a sua essência, sobre o lugar em que está, isto é, enxergar com profundidade a sua atual condição. Em outras palavras: se autoconhecer.
Autoconhecimento como auxiliar transformador
Autoconhecimento é um processo demorado que necessita de muita confiança. A espera essencial para conseguir o que buscamos – um processo de consciência sobre realmente quem somos – só será suportada se tivermos confiança de que a semente crescerá. Caso a pessoa não esteja permeada por essa certeza, absolutamente nenhum resultado será obtido e ela desistirá com o aparecimento do primeiro obstáculo.
E os obstáculos são diversos já que a mente nos prega armadilhas a fim de nos persuadir de que viver sob seu domínio é a única forma de existência possível. As pessoas que se conhecem, compreendem conscientemente quais são as suas fortalezas e fraquezas. A partir do próprio mapeamento comportamental, essas pessoas sabem como desfrutar completamente as suas habilidades e competências, despertando a melhor versão de si mesmas. Dessa maneira, a pessoa desenvolve as suas atividades com alto desempenho.
É preciso que ocorra uma abertura para que as mudanças se realizem na vida de uma pessoa que busca o autoconhecimento. Uma das metodologias que possibilita o desenvolvimento de habilidades e competências que estão latentes dentro de cada pessoa é o processo de Coaching.
Os coachees, durante um processo de Coaching, precisam conhecer os próprios valores, fraquezas, forças, princípios e sonhos para saber como realizá-los. É preciso, por exemplo, que ocorra a tomada de consciência dos padrões pessoais de comportamento emocional e mental; e, também, a identificação de bloqueios pessoais para que sejam buscadas práticas de desenvolvimento pessoal de desbloqueio para possíveis mudanças.
É inegável que ótimas mudanças ajudam os coachees a se transformarem, mas elas sozinhas não transformam ninguém. Dia após dia vamos entendendo e propagando a ideia de que para transformar é preciso mudar; dizer isso não é errado, mas é preciso tomar cuidado ao usar essas afirmativas, pois mudança não pode ser confundida com transformação. Se transformar é um processo profundo.
A transformação começa quando determinado coachee se dá conta de que precisa direcionar o seu próprio olhar a fim de perceber que não existe ninguém responsável pela sua cobrança, a não ser ele mesmo.
Quando o coachee identifica que as outras pessoas não são culpadas pela cobrança demasiada que faz, ele deixa de lado as mudanças de comportamentos e de estratagemas usadas para alcançar um objetivo ou resultado específico, começando a focar o seu tempo em encarar e olhar de frente a origem interna dessa cobrança demasiada que faz das outras pessoas. De onde vem essa cobrança? Por que eu cobro tanto do outro?
Quando o coachee identifica que as outras pessoas não são culpadas pela cobrança demasiada que faz, ele deixa de lado as mudanças de comportamentos e de estratagemas usadas para alcançar um objetivo ou resultado específico, começando a focar o seu tempo em encarar e olhar de frente a origem interna dessa cobrança demasiada que faz das outras pessoas. De onde vem essa cobrança? Por que eu cobro tanto do outro?
Ao responsabilizarmos atos externos pela nossa atual condição, nós podemos estar deixando de lado a necessidade de uma transformação interna, ou seja, uma transformação que parta da real essência dos nossos problemas. É por isso que o processo de Coaching considera bastante importante que tanto o coach quanto o coachee desenvolvam o autoconhecimento, estejam cientes de seus propó- sitos, missões, metas e objetivos para se transformarem. E qual é a melhor maneira de conseguir chegar ao autoconhecimento? Com o uso de uma das ferramentas mais poderosas do Coaching: Shazan.
Shazan como experiência transformadora
O Shazan é uma experiência extraordinária que se baseia em um conjunto de perguntas feitas aos coachees para estimular a tomada de atitude, propor opções, reflexões etc.
Durante as várias sessões de Coaching que eu fiz, apliquei boas perguntas poderosas que auxiliaram alguns coachees a solucionarem os seus problemas por conta própria. Quando eu falava de forma indireta e profunda com eles, eu estava, na verdade, convidando-os a buscarem sentimentos de extrema importância. São consideradas perguntas poderosas para o Shazan:
01. Quais foram os três fatos/dias/momentos maravilhosos/ bons da sua vida?
02. Quais foram os três fatos/dias/momentos horríveis/ruins da sua vida?
03. Se você pudesse voltar no tempo e escolher um desses seis fatos/dias/momentos, para qual você voltaria?
04. Tem mais alguma coisa que você acredita ser muito importante compartilhar comigo agora? As perguntas poderosas apresentadas anteriormente fizeram com que vários dos meus coachees mantivessem a mente aberta a novas possibilidades e caminhos, criando um aumento expressivo no nível de consciência de cada um deles.
A partir do momento em que cada coachee que eu atendi foi notando que sozinho era capaz de solucionar os seus problemas e responder as perguntas, eles mesmos traçavam os caminhos que precisavam seguir para o resultado esperado e se tornavam estimulados/motivados.
Portanto, as perguntas poderosas promovem a identificação dos sentimentos dos coachees, das suas próprias necessidades, objetivos, problemas e soluções que muitas vezes não estão claras para eles. Ao identificar esses elementos mencionados, esses coachees estarão dando o primeiro passo rumo ao processo de autoconhecimento e, consequentemente, de transformação.
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