Contudo, sabemos que vivemos em uma sociedade em que o racismo, o sexismo, a homofobia e a rejeição a pessoas com deficiência e até mesmo pessoas de classes sociais mais pobres é um obstáculo a ser vencido.
Quero que ao ler este capítulo possamos, em conjunto, fazer algumas reflexões importantes sobre a presença das chamadas minorias no mercado de trabalho. Neste sentido, você já parou para analisar se em sua empresa existem negros, gays ou pessoas com deficiência? Caso existam, você já reparou quais são as funções que ocupam na organização? Você as tem por questões legais, trabalhistas, ou porque entende que sua empresa é parte de uma sociedade e precisa contribuir com ela, construindo a dignidade dessas pessoas?
Esta é uma discussão importante e nem de longe se trata de levantar a bandeira do chamado vitimismo como algumas pessoas erroneamente podem crer. A realidade, que todos podem ver ao se permitirem observar com mais atenção e humanidade o mundo ao seu redor, é que nem todo profissional tem condições de competir de igual para igual por uma vaga de emprego, caso seja negro, deficiente, tenha tatuagens e piercings, seja homossexual ou transgênero.
Assim como as mulheres, isso também é reflexo de uma questão cultural, que evidencia como o Brasil ainda está engatinhando em muitas questões. Nos assuntos que tangem a inclusão social, por exemplo, temos muito que avançar ainda. Diversas pesquisas e a própria realidade apontam uma falta de evolução neste sentido, evidenciando que embora haja algumas conquistas e uma luta mais organizada para mudar o cenário atual, a participação de alguns grupos sociais nas empresas ainda é bastante escassa.
Enquanto o preconceito e a discriminação afastam os profissionais de terem oportunidades reais no mercado de trabalho, o reconhecimento da potencialidade de cada um é o que faz com que possam ter a chance de ir além e de conquistar, por suas próprias competências, habilidades e talentos, seu espaço e reconhecimento no mercado de trabalho – caso esse mercado lhe ofereça essa oportunidade.
Se o Coaching se propõe como o campo da percepção humana, onde todos os julgamentos são suspensos e queremos enxergar as pessoas em sua essência, como podemos não valorizar a diversidade?
Somente quando a nossa sociedade vencer seus preconceitos e for natural e, não a exceção, vermos todos os tipos de pessoas:
homens e mulheres, negros e brancos, gays e héteros, portadores ou não de necessidades especiais, ateus ou religiosos, tendo a chance de lutar em pé de igualdade por seu espaço no mercado de trabalho, é que teremos avançado e diminuído as desigualdades.
Isso significa chegar a uma seleção de emprego e poder competir pela vaga de igual para igual com todos os participantes; ter a chance de ser visto, ouvido e respeitado, bem como oportunidades iguais de mostrar seus conhecimentos, talentos e potencial à empresa. Representa ainda ter a possibilidade de liderar uma equipe independente de ser mulher, negro ou gay e de construir a sua própria história profissional sem ser barrado e impedido pela descriminação.
Por certo nós já avançamos muito, porém é incontestável que ainda temos um longo caminho pela frente. Portanto, falar em diversidade é mais do que levantar uma bandeira. Em essência, estamos falando em humanidade, inclusão e respeito, que significa reconhecer que todos nós somos seres únicos, especiais e importantes e, que juntas, as nossas diferenças podem ajudar a construir algo infinitamente maior.
Assim, quando o melhor de cada um se une, as empresas conseguem verdadeiramente formar equipes de alto desempenho, que são capazes de unificar suas ideias, experiências e conhecimentos em prol do crescimento individual e coletivo do grupo. Também é isso que permite a justa inclusão dos indivíduos excluídos e o alcance efetivo de resultados extraordinários.
O assunto é tão urgente, que pesquisa realizada em uma empresa maranhense mostra que apenas 55% dos gestores conheciam e sabiam conceituar o termo “Diversidade”.
Quando nem a liderança de uma empresa está preparada para os novos desafios, a possibilidade de dialogar com a contemporaneidade é quase nula. O Coach deve ter condições de identificar essa lacuna nas políticas internas e propor um programa que aproxime mais a empresa da sociedade atual.
Assumir a diversidade é assumir o papel social mais relevante de uma empresa: o engajamento na construção de uma sociedade mais justa. Quando sua cultura interna e suas políticas organizacionais defendem a diversidade, elas contribuem para o avanço do seu negócio ao mesmo tempo que faz a diferença no mundo.