Se você tivesse que responder à pergunta “Quem é você?”, de que forma responderia?
Cada indivíduo é um mar de informações. Somos seres biológicos, psicológicos, sociais, profissionais, enfim, há uma vasta gama de possibilidades de resposta. No entanto, quando alguém quer saber mais sobre nós, nós já sabemos mais ou menos o que responder.
Falamos de nossa profissão, de nossos hobbies, de nossas preferências musicais ou gastronômicas, de nossos amigos, de nossos familiares, de nossas crenças.
E por que selecionamos esses itens para dar como resposta? Por que queremos saber exatamente essas coisas quando conhecemos alguém?
Quem nós somos?
A verdade é que essas respostas dizem quem nós somos porque elas revelam as nossas escolhas. O João, arquiteto, ateu, que ama rock e joga futebol com os amigos. A Maria, psicóloga, espírita, fã de sertanejo que gosta de caminhar no parque com as amigas.
Todos nós somos resultado de todas essas escolhas, que são infinitas e duram até o último dia de nossas vidas. É isso o que nos torna tão únicos. É isso que mostra o que nós tomamos como prioridade e o que não nos é tão importante assim.
A partir de todas essas respostas, deixamos transparecer os nossos valores, ou seja, todos os princípios que norteiam as nossas vidas. Ética, romantismo, apego à família, conservadorismo, inovação, extroversão, discrição, direita, esquerda, ciência, religião, razão, emoção, e por aí vai.
É claro que não devemos ser tão maniqueístas a ponto de querer encaixar cada pessoa que conhecemos nessas categorias. A experiência humana é muito mais complexa do que isso. No entanto, esse conjunto de valores e princípios resulta num somatório de características que compõem um indivíduo único.
É muito importante que todos nós sejamos capazes de ser quem somos, com todas essas características. É assim que, expondo nossa identidade, seremos capazes de atrair amizades sinceras e amores correspondidos, por meio de compatibilidades e afinidades com as outras pessoas.
O preço de não ser fiel aos valores
Existem pessoas que aparentam não ter valores, ou que simplesmente preferem mudá-los conforme as circunstâncias se apresentem. Mudam suas preferências de acordo com o namorado, mudam seu estilo de acordo com os amigos, mudam suas opiniões de acordo com o chefe.
Existe um lado bom nessa flexibilidade toda que é não entrar em conflito com o outro. Aliás, a vida de uma pessoa que não segue princípios ou regras é muito mais fácil, já que não haverá peso na consciência, não é mesmo? Para quem não é fiel aos princípios, não há oportunidade perdida.
A questão é: será que vale a pena viver dessa forma?
As pessoas que não têm ou não são fiéis aos seus valores frequentemente alteram suas crenças e opiniões conforme a vida caminhe. E de tanto mudar, ao chegar ao fim do dia, voltam para casa incapazes de responder àquela pergunta do início do texto: “Quem é você?”.
Além do mais, essa mudança constante de valores é insustentável em longo prazo. Você até pode manifestar-se de um jeito para uma pessoa e de outro jeito para outra. Mas será que conseguirá manter essa pluralidade de pensamentos por muito tempo?
É claro que você não pode e nem deve passar pela vida 100% inflexível, sem evoluir e sem modificar pensamentos. Suas opiniões de cinco anos atrás provavelmente não são as mesmas de hoje em alguns assuntos. O que não se deve fazer é abrir mão de sua essência; de sua identidade. Esses valores sim são menos transitórios e mais sólidos.
Autenticidade para ser feliz
Psicólogos afirmam que muitos dos problemas de saúde emocional, como é o caso da depressão, surgem como resultado de uma vida inautêntica. Quando abrimos mão de nossos valores, abrimos mão de tudo aquilo que nos diferencia; que nos torna verdadeiramente únicos.
Abrir mão de quem somos tem um preço, e isso nos afasta da felicidade. Como ser felizes, se não sabemos quem somos ou o que queremos?
A felicidade depende da liberdade de sermos quem somos, sem que a gente se importe com o local em que estamos ou com as outras pessoas que estão lá conosco.
A felicidade pode ser medida nos momentos que desejamos que jamais acabassem, ou que se repetissem inúmeras vezes, como uma reunião entre amigos, um beijo na namorada, um abraço nos pais.
No entanto, quem não vive uma vida autêntica, isto é, quem vive longe de seus princípios e de sua identidade, vive desejando o fim do dia, o fim da semana, o fim do mês e o fim do ano. Será que desejar tanto o fim das coisas é sinal de que estamos sendo verdadeiramente felizes?
Se você, em contrapartida, não abre mão de quem é e sente que a vida deveria durar cada vez mais, provavelmente está seguindo um caminho mais autêntico e feliz.