O sentimento de culpa, como qualquer emoção humana, não existe à toa. Ele surge para que examinemos melhor as atitudes tomadas, sobretudo identificando aquelas que geraram resultados negativos, de modo que as evitemos daqui para frente. É uma desagradável, mas necessária, fonte de aprendizado. No entanto, será que faz sentido vivenciar esse sentimento após uma atitude tão básica e essencial à vida como comer?

Bem, quase todo mundo está tentando perder alguns quilos atualmente, e comer sem culpa pode ser o segredo para alcançar os resultados esperados. O peso na consciência após escorregar na dieta, além de prejudicar o psicológico, pode atrapalhar a manutenção do processo de emagrecimento.

Nesse sentido, um estudo realizado na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, observou que pessoas suscetíveis a ter peso na consciência depois de comer tinham, paradoxalmente, mais chances de apresentar sobrepeso.

Neste artigo, vamos compreender melhor por que a culpa surge após a alimentação, quais são as consequências desse fato e o que podemos fazer para termos uma relação mais positiva com os alimentos. Continue a leitura e saiba mais sobre o tema!

A culpa após a alimentação

A culpa após uma má alimentação geralmente surge quando o indivíduo percebe que está ganhando peso, o que compromete a sua estética, ou quando sente algum desconforto (dor de estômago, cansaço, inchaço etc.), o que compromete a sua saúde. Nesse caso, se houver uma reflexão racional, a pessoa pode de fato fazer escolhas alimentares mais saudáveis para sentir-se mais feliz com a sua saúde e com a sua estética.

Todavia, se esse sentimento de culpa surge de forma muito intensa, ele pode levar o indivíduo a ter atitudes extremas, o que, na verdade, o afasta de uma vida mais saudável. Lembre-se de que mudanças abruptas no estilo de vida são muito mais difíceis de sustentar.

O que se observa em pessoas que se sentem culpadas após comer doces ou outros alimentos que deveriam estar restritos na sua dieta é que elas não conseguem ter uma atitude mais positiva no seu dia a dia. Dessa forma, elas adicionam às suas rotinas comportamentos que não são saudáveis e se mostram mais inclinadas a viver episódios de compulsão alimentar.

De acordo com especialistas, a culpa depois de comer é semelhante ao sentimento de pessoas que sofrem de transtornos alimentares. Nessas circunstâncias, ela não contribui em nada para ter comportamentos mais saudáveis. Ao contrário, apenas reforça o desejo pelos alimentos mais calóricos. As pessoas que recaem nesse sentimento têm mais necessidade de viver o prazer de ingerir os alimentos tidos como proibidos, aumentando a culpa que surge em seguida, em um círculo vicioso.

Os cuidados com as dietas muito restritivas

Além de essas dietas terem grande potencial para causar uma série de problemas para o organismo do indivíduo pela falta de nutrientes, podem ser o desencadeador para episódios graves de compulsão. Uma pessoa que se mantém algum tempo seguindo uma rotina alimentar repleta de restrições fica mais suscetível a escorregar no regime em um dado momento e exagerar. Sendo assim, a restrição funciona, na verdade, como um reforço do desejo por alimentos extremamente calóricos.

A melhor atitude, quando sentir vontade de comer algo, é permitir-se viver o momento e aproveitar cada pedacinho do que está sendo comido com consciência. Isso quer dizer não exagerar nas quantidades e, em especial, não fazer do alimento a sua válvula de escape ou bengala emocional.

Deixe o peso na consciência para trás e concentre-se apenas em aproveitar ao máximo o sabor daquele alimento que você gosta, lembrando-se de que o mundo não vai acabar, portanto, você não precisa comer tudo de uma vez só.

Com isso, o seu desejo será sanado, e a sua dieta mantida no eixo, sem o sentimento constante de culpa e arrependimento.  Tudo é questão de disciplina e mudança de mindset. Por isso, busque melhorar a sua relação com a comida, e a sua vida melhorará também.

As consequências de uma mentalidade inadequada em relação à alimentação

A culpa após alimentar-se pode gerar uma relação nada positiva com a comida, gerando diferentes tipos de transtornos alimentares. Na sequência, você vai conferir os mais comuns.

  • Ortorexia: trata-se de um transtorno em que o indivíduo simplesmente se recusa a consumir qualquer alimento industrializado ou que não tenha sido preparado por ele. Ele se torna obcecado pela ideia de alimentação saudável, eliminando da dieta qualquer ingrediente que não seja “puro” ou natural. Ainda não é oficialmente reconhecido como transtorno na comunidade científica, mas tem sido cada vez mais estudado, especialmente em pessoas perfeccionistas. Pode gerar isolamento social, evitando festas e confraternizações.
  • Vigorexia: trata-se da obsessão pelo corpo “saudável” e esteticamente “perfeito”, com pouquíssima gordura corporal e músculos fortes. Isso leva os indivíduos a uma rotina exagerada de exercícios físicos e, em alguns casos, à utilização de anabolizantes e outras substâncias proibidas para alcançar o corpo desejado. Esse transtorno pode ou não vir acompanhado da ortorexia.
  • Anorexia: é talvez o mais conhecido dos transtornos alimentares. Nesse caso, o indivíduo, mesmo emagrecendo, continua enxergando a própria imagem no espelho e nas fotografias de maneira distorcida, vendo-se mais gordo do que de fato é. Sentindo-se culpado e infeliz, corta alimentos que considera calóricos ou gordurosos cada vez mais, desencadeando uma perda de peso muito rápida que pode gerar graves problemas de saúde e levar à morte.
  • Bulimia: esse transtorno é composto por duas fases: a primeira consiste em um consumo exagerado de alimentos, especialmente os mais gordurosos e calóricos. Depois, surge o sentimento de culpa que leva à segunda fase: as tentativas desesperadas de eliminar as calorias consumidas — por meio da indução do vômito, do consumo de laxantes/diuréticos e do exagero na atividade física. Esse transtorno gera oscilações constantes de peso e diversos problemas de saúde.

A alimentação verdadeiramente saudável

Para quem está cansado de viver no ciclo de iniciar uma dieta, passar muito tempo com restrições, sair da linha e se frustrar pela falta de resultados concretos, é importante estabelecer um caminho mais preciso. O ideal não é viver em regimes muito restritivos, mas sim mudar o seu estilo de vida para melhor.

Alimentar-se melhor é essencial para eliminar os quilinhos extras, manter os bons resultados e especialmente para ter mais saúde e qualidade de vida, evitando problemas graves, como a obesidade.

Combine a alimentação saudável com a prática regular de atividades físicas, mas sem exagerar. Lembre-se que o sentimento de culpa que gera peso na consciência só atrapalha o processo de emagrecimento e de ter uma vida mais saudável. Assim, se desejar consumir um chocolate ou uma pizza no sábado à noite, faça isso sem culpa — apenas não faça dessa alimentação mais calórica uma rotina.

Por fim, se você acredita que está tendo uma relação muito complicada com a comida que pode estar conduzindo-o a algum transtorno alimentar, não hesite em procurar ajuda médica e psicológica o quanto antes!

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