Aqui no blog, já falamos da chamada “síndrome de burnout”. Ela se refere ao esgotamento mental provocado pelo trabalho — um quadro que tem se tornado cada vez mais comum e que tem preocupado os profissionais da saúde no Brasil e no mundo. Além dessa síndrome, há um novo quadro que também tem sido identificado recentemente e que também é problemático: a “síndrome de boreout”.

A síndrome de boreout tem um processo inverso ao da síndrome de burnout. Nela, o indivíduo se sente subaproveitado pela empresa, tendo muitos momentos de tédio e sem qualquer atividade que estimule o seu crescimento e o exercício das suas habilidades profissionais. Saiba mais sobre esse problema neste artigo. Boa leitura!

Burnout x Boreout

A síndrome de burnout já é um nome mais conhecido em diversos países, por ser um quadro cada vez mais comum. Nesse caso, o trabalho coloca sobre o indivíduo uma demanda muito alta sobre os trabalhos que precisam ser feitos, bem como uma pressão muito grande por bons resultados.

Além disso, há empresas em que o clima organizacional é bastante negativo, sobretudo por comportamentos abusivos dos líderes em direção aos seus funcionários. Com isso, os colaboradores adoecem — fato que tem sido constatado estatisticamente em diversos países, pois as taxas de síndrome de burnout crescem continuamente.

A síndrome de boreout, por sua vez, gera também uma insatisfação profissional, mas pelo motivo oposto: o problema aqui é a falta de demandas. Isso pode acontecer tanto quantitativamente (poucas coisas para fazer) como qualitativamente (atividades que não fazem sentido, de importância muito pequena ou que não têm a ver com a profissão da pessoa).

O termo “boreout” vem do verbo “to bore”, que em inglês significa “entediar”. Em longo prazo, essa síndrome leva ao tédio e à insatisfação geral com a vida profissional. Segundo especialistas, esse processo é ainda mais comum entre as gerações mais jovens.

Esses novos profissionais geralmente têm mais expectativas em relação ao trabalho do que ser uma simples fonte de renda. Eles desejam concretizar os seus propósitos de vida por meio dele e ser felizes na vida profissional, o que gera essa insatisfação quando a distância entre as expectativas e a realidade é muito grande.

Mas o tempo livre não é algo bom?

À primeira vista, alguém pode pensar que ficar sem ter muito que fazer é algo bom, afinal de contas, evita-se o estresse dessa forma. Isso até pode ser verdade, mas, em compensação, ganhamos outro problema: a desmotivação.

Se as lideranças não pedem ao funcionário que faça algo, ele começa a se questionar: será que não sou bom o bastante? Será que as pessoas não confiam em mim? Será que há pouco trabalho porque a empresa está em crise?

O desencadeamento desses questionamentos gera algum tipo de medo, ansiedade ou simplesmente desconforto diante da situação em que o profissional se encontra. Além disso, sem que se sintam úteis ou importantes, esses colaboradores também tendem a faltar mais, a se atrasar com mais frequência e a se dedicar menos às poucas atividades que lhes são solicitadas.

Por fim, a própria rotatividade de funcionários na empresa — o chamado turnover — tende a aumentar. Quando uma pessoa sente que não há futuro ali, ela tende a procurar emprego em outros lugares. Isso é especialmente comum entre as gerações mais jovens, que não hesitam em trocar de emprego diante das insatisfações encontradas. Portanto, a síndrome de boreout é desvantajosa tanto para o indivíduo quanto para a própria empresa em que ele trabalha.

E o que é possível fazer para evitar o problema?

Peter Werdner e Philippe Rothin, dois consultores de negócios suíços, ressaltam em seu livro “Diagnose Boreout” que esse tédio no trabalho é algo a ser evitado, tanto pelos funcionários como pelos empregadores. Por isso, eles definiram alguns métodos para prevenir ou solucionar essa questão. Conheça-os na sequência.

1. Distribuir tarefas desafiadoras

A empresa precisa verificar se está ocupando bem o tempo e a energia do seu quadro de funcionários, caso contrário, ela pode estar perdendo tempo e dinheiro. Por isso, é importante fazer um levantamento de cargos e identificar se eles são realmente necessários, a fim de evitar esse tédio. Assim, equilibra-se a quantidade de tarefas a serem distribuídas e garante-se que sejam minimamente interessantes.

Mesmo as tarefas mais burocráticas podem ser incentivadas por ações de endomarketing, como premiações a quem for mais produtivo, por exemplo.

2. Conversar com os colaboradores

É importante que as lideranças sejam acessíveis e disponíveis para conversar com os colaboradores. É necessário ouvir o que eles têm a dizer, seja em conversas presenciais, seja em pesquisas internas de satisfação. É essencial que as pessoas que ali trabalham se sintam à vontade para falar sobre a falta de demandas ou sobre funções que seriam mais compatíveis com os seus respectivos perfis, sem que se sintam ameaçadas de demissão por tocar nesses assuntos.

3. Procurar um novo emprego

A síndrome de boreout depende em boa parte da empresa, mas o colaborador que sentir-se infeliz ali também pode tomar as suas próprias atitudes. Ele pode tentar lançar um olhar mais positivo sobre as atividades que executa, identificando a importância delas e tentando se divertir enquanto as realiza, de alguma maneira. Outro caminho, contudo, é de fato partir para um novo desafio, em outra organização.

Essa medida mais extrema é frequentemente rejeitada pelos profissionais, que temem a mudança de emprego por questões financeiras. No entanto, desde que haja algum planejamento e que a pessoa só saia do emprego antigo quando já estiver assegurada em um novo, vale a pena. Caso contrário, o indivíduo continuará infeliz, o que pode comprometer a sua saúde física e mental.

Ter momentos de ócio e descanso é bom para a mente, pois nos leva a recuperar as energias. No entanto, a ausência de estímulos também é negativa, pois desmotiva o trabalhador e o leva a questionar a sua importância naquele ambiente. Quando um colaborador se sente subaproveitado, a sua energia cai, desencadeando o problema. Por isso, reconhecer os sinais é o primeiro passo para solucionar essa insatisfação. Em uma palavra, resumimos a questão boreout x burnout em: equilíbrio.

E você, querida pessoa, já enfrentou algum problema semelhante à síndrome de boreout? Como lidou/lida com isso? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!