As emoções fazem parte da vida de qualquer pessoa. As emoções positivas nos motivam e reforçam os comportamentos que geram bem-estar. Já as emoções negativas são sinais de que há algo que precisa ser modificado. No entanto, nem sempre conseguimos compreender com clareza a lógica das emoções. Algumas delas, sobretudo as negativas, podem ser sentidas de forma tão intensa que se tornam verdadeiras dores emocionais.

As dores emocionais, também conhecidas como feridas emocionais, são emoções negativas, geralmente vivenciadas na infância, mas cujas consequências são sentidas ainda na vida adulta. Elas demoram a cicatrizar, e, com alguma frequência, quem as sente precisa de ajuda para superá-las.

A seguir, você vai conferir uma das dores emocionais mais comumente sentidas: as injustiças. O que é considerado injusto? Como isso ocorre ainda na infância? Quais são os desdobramentos da injustiça na vida adulta? Como lidar com as injustiças da vida? As respostas, você confere neste artigo. Boa leitura!

O que é injustiça?

O conceito de justiça é definido como “a qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo”. Dessa forma, podemos compreender que algo é considerado justo quando está em conformidade com aquilo que uma determinada sociedade considera direito, equilibrado, que não agride os direitos de ninguém.

Infelizmente, porém, a vida em sociedade e a própria natureza humana não são assim tão simples. Os sensos de justiça variam de cultura para cultura e até mesmo de indivíduo para indivíduo. O que é justo para um pode não ser para outro.

Diante disso, surge o conceito de injustiça, que é o oposto da justiça, isto é, o estado em que a justiça está ausente, que viola os direitos das pessoas e que privilegia alguns em detrimento de outros (sem uma justificativa plausível para isso). Levando em consideração que a própria definição desses termos é complexa e subjetiva, é natural que todo mundo, em algum momento da vida, tenha se sentido injustiçado por algum motivo. Muitas vezes, essa dor pode surgir ainda durante o período da infância.

Como as injustiças se revelam na infância?

PSC

É triste pensar que as injustiças da vida se façam sentir ainda em tão tenra idade. Há diversos mecanismos que revelam isso. Há crianças que jamais precisaram trabalhar, que tiveram a oportunidade de estudar em escolas de qualidade, que cresceram em bairros seguros, que foram criadas por famílias amorosas, que ganharam brinquedos nos aniversários, que tiveram uma boa alimentação, que foram atendidas por médicos de qualidade quando necessário, enfim, que puderam crescer com saúde e alegria.

Por outro lado, há muitas crianças em situação praticamente oposta. Crianças que, desde cedo, precisam trabalhar para ajudar na renda da família, que abandonam os estudos ou que têm acesso a uma educação de baixa qualidade, que convivem com a violência dentro e fora de casa, que têm pais ausentes, que nunca ganham brinquedos nos aniversários, que sofrem de carências nutricionais, que não têm bons atendimentos médicos, enfim, que lidam com várias adversidades.

Além dessas questões típicas que refletem a desigualdade social do Brasil e do mundo, as situações de injustiça também podem se revelar dentro de contextos mais específicos. É o caso de famílias que dedicam mais atenção e amor a um filho do que a outro ou de professores que privilegiam alguns alunos em detrimento de outros, sem motivos claros e razoáveis para esses comportamentos. Aos poucos, a criança percebe que vive em um mundo injusto, o que afeta as suas crenças e atitudes.

Quais são as consequências dessa dor na vida adulta?

A percepção de injustiças ainda na infância pode produzir consequências que se manifestam de diferentes formas, o que pode ocorrer também na vida adulta, como ocorre com as dores emocionais que não foram adequadamente tratadas.

Em primeiro lugar, se uma criança sofre injustiças com alguma frequência, ela pode desenvolver a crença de que, não importa o quanto ela se esforce, ela jamais conseguirá obter aquilo que deseja. Ela acredita que os seus objetivos serão sempre alcançados por outras pessoas, que foram beneficiadas e que tiveram mais oportunidades do que ela teve. Também pode acreditar que os outros são sempre superiores a ela, o que pode fazer com que ela desenvolva problemas de autoestima.

Sem acreditar que haja um mínimo de justiça no mundo, a criança cresce tornando-se um adulto perdido e sem referências. Acostuma-se a não esperar nada de ninguém e a acreditar que o pior sempre vai acontecer. Com o passar dos anos, esse indivíduo pessimista e desanimado pode até mesmo desistir dos seus sonhos, pois acha que nunca será recompensado de forma justa pelos seus esforços e pelos seus méritos.

Além disso, há casos em que a criança se torna um adolescente rebelde e um adulto rebelde. Como ela acredita que o mundo é um lugar injusto e que, mesmo agindo da maneira certa, ninguém reconhece, ela decide, então, agir do jeito que quiser. Passa a ignorar ordens e regras, tornando-se um adulto com dificuldade de viver em sociedade. “Se o mundo é injusto, eu devo lutar por mim mesmo” é uma ideia comum a essas pessoas, que podem se tornar egoístas, perpetuando a injustiça no mundo.

Como lidar com as injustiças da vida?

As injustiças aparecem em alguns momentos da vida de qualquer pessoa. São situações dolorosas, que despertam emoções negativas, como a raiva e a tristeza. Todavia, podemos lidar com essas emoções de maneira mais eficaz. Para isso, confira os 3 passos a seguir.

1. Aceite que a injustiça existe, mas não que tudo é injusto

Existe uma diferença muito grande entre entender que existem situações injustas e acreditar que a vida inteira é uma grande injustiça. Não é porque você foi injustiçado pelos seus pais que toda pessoa que você conhecer ao longo da vida vai agir da mesma maneira em relação a você. Da mesma forma, não é porque um chefe foi injusto com você em uma empresa que todos os chefes que você terá ao longo da carreira serão injustos com a sua conduta profissional.

Isso revela que, por mais que essas situações tenham sido recorrentes, nós não podemos tomá-las como regra definitiva. Existem muitas pessoas injustas no mundo, mas nós não devemos presumir que todas as pessoas sejam. É importante dar um voto de confiança aos novos indivíduos que chegam às nossas vidas. Muitos deles têm um senso de justiça apurado e certamente vão reconhecer os seus méritos. Não perca a fé nas pessoas. Você pode se surpreender positivamente com elas.

2. Ressignifique a sua dor

Quando sofremos uma injustiça, a primeira coisa que fazemos é nos questionar: “Por que aquela pessoa agiu dessa maneira comigo?”. Revirando a mente, dificilmente encontraremos respostas que façam sentido, o que só aumenta a raiva que sentimos. Por isso, procure ressignificar a sua dor e substituir essa pergunta por: “O que eu posso fazer diante dessa atitude injusta?”.

A melhor resposta que podemos dar a alguém que foi injusto conosco é provar, por meio de atitudes positivas, que ela estava errada. Em vez de enraivecer-se cada vez mais, acredite que você está no controle da sua vida e que, mesmo que algumas pessoas não reconheçam o seu valor, há outras que certamente o reconhecerão. Para isso, adquira conhecimento e dê o melhor de si em tudo aquilo que fizer. Utilize as situações injustas como uma motivação extra para lutar pelos seus objetivos.

3. Não queira se vingar

Provar que uma pessoa injusta estava errada, contudo, jamais deve ser confundido com querer vingança. Algumas pessoas são tão machucadas pela injustiça que desenvolvem a crença de que só conseguirão ser felizes se “entrarem nesse jogo” e serem igualmente injustas. Isso não é verdade. Se toda pessoa que sofre uma injustiça decidir ser injusta também, dificilmente colocaremos um fim a esse ciclo de dor e sofrimento.

Lembre-se de que a vida é uma experiência incrível para que possamos desenvolver virtudes. Isso é mais difícil quando vivemos em um meio tão cheio de falhas, mas, por outro lado, é o que deve nos motivar para fazer a diferença. Não se corrompa pelo meio e pelas falhas dos outros. Mostre a eles que você é diferenciado e que você não corrige as injustiças recebidas com mais injustiça. Que a sua moral e a sua ética sempre prevaleçam, mesmo quando tudo conspirar contra.

Como você pode perceber, as injustiças podem aparecer desde a infância, sendo a criança a vítima dessas situações ou uma testemunha das injustiças que ocorrem ao seu redor. As consequências desse fato se perpetuam pela vida adulta, já que essa dor emocional pode ser particularmente difícil de ser superada. Difícil, porém, não quer dizer impossível. Seguindo as recomendações acima, certamente seremos capazes de superar esse ciclo negativo e de desenvolver uma sociedade mais justa e feliz.

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