Todas as pessoas procuram encontrar uma coerência entre as suas crenças e comportamentos. Por exemplo, se uma pessoa pratica atividade física, essa atitude é coerente com a sua crença de que a saúde é um fator de extrema importância. No entanto, há situações em que as nossas crenças podem entrar em conflito umas com as outras.

Nesse caso, estamos diante de um processo que a psicologia chama de dissonância cognitiva. A contradição entre duas ou mais crenças gera algum desconforto nas pessoas, que procuram meios de amenizá-lo ou de eliminar essa dissonância. Neste artigo, vamos compreender exatamente o que é a dissonância cognitiva, qual é a sua importância e o que as pessoas fazem para reduzi-la. Continue a leitura e saiba mais!

O que é dissonância cognitiva?

Conforme citamos, dissonância cognitiva é o efeito que ocorre quando as crenças e/ou comportamentos de um indivíduo entram em conflito uns com os outros, provocando uma sensação de desconforto.

O psicólogo estadunidense Leon Festinger desenvolveu a chamada “Teoria da Dissonância Cognitiva”, descrevendo que as pessoas sempre buscam coerência entre as suas ideias. Quando alguma crença demonstra estar em incompatibilidade com outra, surge o desconforto, que leva o indivíduo a desenvolver mecanismos de redução dessa dissonância.

Ainda segundo esse autor, a dissonância e o desconforto que ela provoca são maiores quando a importância das crenças em questão também for grande para o indivíduo. Em outras palavras, quanto maior for a importância concedida às crenças que estão em conflito entre si, maiores serão a dissonância e a angústia provocada.

Exemplos

Se uma pessoa pratica atividades físicas porque acredita que a sua saúde é importante, o seu comportamento é coerente com a sua ideia. No entanto, se essa mesma pessoa consome muitos carboidratos, como sobremesas após as refeições, esse comportamento específico é incompatível com a importância atribuída à saúde, gerando a dissonância cognitiva.

O mesmo vale para uma pessoa que afirma amar os animais, mas que procura matar os insetos que entram na sua casa. Nesse caso, pelo fato de os insetos também serem animais, surge a dissonância cognitiva, pois foram abertas exceções à crença inicial de que a pessoa ama os animais.

Outro exemplo clássico de dissonância cognitiva diz respeito ao comportamento do consumidor. Quando compramos algo, a nossa decisão de compra nos leva a crer que aquele é o melhor produto para as nossas necessidades. Contudo, se identificamos que o item comprado não satisfez as nossas necessidades como esperávamos, entramos em dissonância cognitiva, pois a realidade se mostrou diferente da nossa crença (de que aquele produto seria bom), gerando o desconforto.

Por que a dissonância cognitiva é importante?

Por mais que a dissonância cognitiva seja um fator psicológico desconfortável, ela é inquestionavelmente importante para as nossas avaliações, decisões e julgamentos de valor. A experiência que adquirimos com esses momentos de dissonância nos torna mais conscientes de que as crenças conflitantes impactam as decisões que tomamos.

Isso nos leva a 2 aprendizados importantes. O primeiro deles é que o ser humano é naturalmente contraditório em alguns momentos, e que sentir emoções mistas é mais comum do que pensamos. O segundo é que devemos analisar melhor as possibilidades e tomar decisões com mais precisão, mas sabendo que o risco da dissonância sempre existirá.

Como reduzir esse efeito?

Segundo Festinger, há basicamente 3 alternativas para que as pessoas amenizem o desconforto provocado pela dissonância cognitiva. Confira-as na sequência.

1. Desenvolver crenças mais positivas, superando a crença dissonante

Voltando ao exemplo que citamos, da pessoa que se preocupa com a saúde, mas que ama comer doces, ela pode pesquisar estudos que afirmem que o consumo de açúcar não é assim tão prejudicial à saúde. Nesse caso, o encontro dessa informação serviria para amenizar o desconforto, pois ela consegue lançar sobre a sua crença um olhar mais positivo, amenizando a dissonância dela com a outra crença.

Assim, se essa pessoa encontra um nutricionista que afirma que “doces não são tão prejudiciais à saúde quanto se pensa”, ela vai se sentir melhor consigo mesma, pois amenizará a incoerência desse comportamento com a sua preocupação com a saúde.

2. Amenizar a importância da crença dissonante

Outra opção para reduzir a dissonância é encontrar meios de amenizar a importância concedida à crença dissonante. Nesse caso, o indivíduo que ama doces admitiria que o consumo deles faz mal, mas tentaria não se importar tanto com isso.

Ele provavelmente pensaria: “OK, eu como muitos doces e sei que isso faz mal, mas eu pratico atividades físicas e também como salada diariamente, o que ameniza os impactos dos doces sobre o meu corpo”. Nesse caso, ele não está modificando a crença, mas apenas reduzindo a importância que dá a ela, apesar de admiti-la.

3. Modificar a crença conflitante para que fique mais coerente com as demais

Nesse caso, o indivíduo substitui as crenças dissonantes. Por exemplo, em vez de acreditar que os doces fazem mal à saúde, ele desenvolve a crença de que apenas doces em excesso são prejudiciais. Dessa forma, desde que ele coma só um pouquinho por dia, ele entenderá que esse comportamento não entra em conflito com a outra crença de que é preciso cuidar da saúde.

O problema é que essas tentativas de amenizar a dissonância cognitiva podem conduzir as pessoas a outra tendência psicológica negativa, que é o viés de confirmação. Nesse caso, o indivíduo vai sempre procurar pessoas que validem as suas ideias já existentes. Por exemplo: o indivíduo que ama doces provavelmente sairia em busca de um nutricionista mais flexível para confirmar a sua crença, em vez de questioná-la.

Concluindo, a dissonância cognitiva é o efeito psicológico de desconforto que ocorre quando uma pessoa identifica que algumas das suas ideias apresentam contradições entre si. Devido à necessidade humana de ser coerente, as pessoas recorrem aos mecanismos acima para desfazer ou amenizar esse desconforto ao máximo possível.

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