“Você está louco”, “Você está exagerando”, “Não fale do que você não sabe”. Essas são algumas frases clássicas de um problema conhecido como gaslighting, um tipo sutil de manipulação psicológica, para o qual ainda não há tradução em português. Nesse caso, o manipulador mente, distorce a realidade ou omite informações do outro, levando-o a duvidar da sua memória e até mesmo da sua sanidade mental.
Neste artigo, você vai compreender melhor como o gaslighting ocorre, em quais situações é mais comum, como pode ser identificado no ambiente de trabalho, quais são as consequências que ele provoca e o que podemos fazer nesses casos. Para saber mais sobre o assunto, é só dar continuidade à leitura a seguir!
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Gaslighting: o que é?
O gaslighting é um tipo sutil de abuso psicológico em que um indivíduo manipula a vítima por meio de mentiras, distorções, exageros, omissões ou invenção de fatos e situações que nunca ocorreram. Isso leva a pessoa abusada a duvidar da sua memória, das suas capacidades, da sua percepção e até mesmo da sua sanidade mental. O problema pode ocorrer entre diferentes pessoas e em diversos contextos da vida pessoal e também da vida profissional.
Geralmente, o gaslighting é praticado por pessoas narcisistas, que promovem essas distorções para prejudicar o outro e ganhar algum benefício com isso. Nesse caso, o indivíduo propositalmente passa informações inverídicas, incompletas ou exageradas ao outro, confundindo e descredibilizando a vítima. Assim, ela é comumente taxada de confusa, atrapalhada, esquecida, incapaz, histérica, descontrolada, burra e incompetente, sem que nada disso seja verdade.
Em quais situações isso pode ocorrer?
Os estudos sobre o gaslighting são relativamente novos, já que o fenômeno, embora muito nocivo, é considerado um meio sutil de manipulação, difícil de identificar. A maioria dos estudos existentes se refere ao gaslighting nas relações pessoais, sobretudo entre casais. Segundo os especialistas na área, é mais comum que a vítima do problema seja mulher, contribuindo com estigmas de que elas sejam sempre “loucas”, “exageradas” e “histéricas”.
Todavia, o fato é que qualquer ser humano pode ser vítima de gaslighting em qualquer contexto. Basta que alguém distorça alguma informação em benefício próprio, deixando o outro desorientado e desconfiado das próprias capacidades mentais. É justamente por essa desorientação que a vítima tem dificuldade de compreender o que está acontecendo e de colocar um fim ao problema.
Comum na vida pessoal, o gaslighting também pode ocorrer na vida profissional. Nesse caso, o que se vê são chefes ou colegas que agem dessa forma para prejudicar a imagem dos outros, culpá-los pelos próprios erros e, com isso, obter destaque e vantagens.
Como o gaslighting pode ser identificado no ambiente de trabalho?
O gaslighting pode ocorrer nos ambientes profissionais, sobretudo aqueles em que há uma competição inflamada entre os colegas. Nesse caso, a ética é deixada de lado, e os indivíduos prejudicam-se uns aos outros, em busca de destaque, aumentos salariais, promoções, reconhecimentos, ou simplesmente para se livrarem da culpa por determinados erros. É algo difícil de identificar, mas não impossível.
Quando isso ocorre no trabalho, o chefe ou o colega de trabalho faz distorções de fatos, omite informações de propósito, mente, exagera e joga no outro culpas que não são dele. Faz tudo isso para desestabilizar o profissional, levando-o a duvidar das suas capacidades. A vítima, então, começa a duvidar de si mesma, assume culpas que não são suas, acredita ser mesmo incompetente ou emocionalmente instável e pode perder grandes oportunidades profissionais devido a essas falsas crenças.
Quais são as consequências?
Uma pessoa que sofre gaslighting sofre com problemas de autoestima e uma série de dúvidas sobre si mesma. Esse comportamento tóxico leva o abusador a convencer a vítima de que faz isso “para o seu próprio bem”, o que não é verdade. Isso deixa a pessoa confusa e com problemas para confiar em si mesma.
As principais consequências desse comportamento para a vítima são: dependência excessiva de outras pessoas, falta de confiança no próprio julgamento e uma instabilidade emocional que pode levar a transtornos ansiosos e/ou depressivos. Há um estado de tensão constante, já que a pessoa não sabe o que esperar do parceiro. Isso também pode levar o indivíduo ao isolamento social.
Falando especificamente dos casos de gaslighting no trabalho, a vítima começa a questionar as suas capacidades profissionais, considerando-se inapta ao lugar que ocupa ou às promoções a que almejava.
Em casos extremos, essa insegurança elevada pode levar o profissional a pedir demissão, muitas vezes já afetado pelos transtornos da mente acima citados. Contudo, o problema pode persistir, pois, até que a pessoa recupere a confiança em si mesma, pode levar essa insegurança para todos os seus empregos seguintes.
O que fazer nesses casos?
Em primeiro lugar, identifique se você está sendo vítima de gaslighting no trabalho. Para isso, verifique se o seu chefe ou colega está tendo comportamentos típicos dessa situação, como: jogar toda a culpa por erros em você, chamá-lo de louco, distorcer fatos, omitir informações de propósito, solicitar prazos absurdos, desqualificar a sua formação, fazer piadas desagradáveis, não reconhecer ou desmerecer as suas conquistas, expô-lo de forma vexatória etc.
Se você começar a questionar e a duvidar de si mesmo, pare e reflita: você está mesmo errado? Ou alguém está querendo que você chegue a essa conclusão? Se você se sentir confuso, converse com alguém da sua confiança para checar o que realmente está acontecendo. A sua mente pode estar sendo manipulada.
Se estiver, converse com pessoas da área de recursos humanos da sua empresa sobre essas posturas inadequadas do seu colega. Trata-se de um tipo de assédio moral que precisa ser apurado e punido. Se necessário, procure ajuda especializada, junto de um psicólogo (para cuidar do seu estado mental) e de um advogado (para orientar-lhe sobre como proceder com a empresa dentro da lei).
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