Em algumas organizações, os colaboradores têm medo de expor as suas ideias e serem rejeitados. Podem também simplesmente não se sentir à vontade para falar. Quando isso acontece, o colaborador se sente inseguro, assume poucas responsabilidades, reduz o seu desempenho, aumenta as queixas e os conflitos e pode vivenciar impactos na saúde física e emocional.
Quanto à empresa, ela pode ver um aumento no absenteísmo, uma queda de produtividade, a perda de oportunidades de inovação, um aumento nos custos e uma elevação da rotatividade de profissionais. Isso ocorre porque é exaustivo para qualquer pessoa reprimir emoções, censurar ideias, guardar dúvidas, fingir ser quem não é e “pisar em ovos” para se expressar em um ambiente de trabalho.
Para evitar que isso aconteça, as empresas devem investir em um fator muito importante: segurança psicológica!
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O que é segurança psicológica?
O Google conduziu um estudo com um enorme volume de dados, intitulado “Projeto Aristóteles”. Esse projeto teve o objetivo de identificar os diferenciais das equipes de alto desempenho em relação às demais. O item segurança psicológica ficou em primeiro lugar, à frente de outros fatores, como confiança, estrutura, significado e impacto.
Nesse contexto, a segurança psicológica é um estado mental positivo, em que os membros de uma equipe se sentem seguros para falarem e serem ouvidos, para assumirem riscos e para mostrarem-se vulneráveis diante dos colegas. Assim, as pessoas podem ser quem são, questionar normas, assumir desafios, correr riscos, fazer perguntas, falar em reuniões, tomar decisões, enfim, agir de forma autêntica, explorando todo o seu potencial.
Quais são as bases neurocientíficas da segurança psicológica?
De acordo com a neurociência, quando um indivíduo sente-se inseguro em um ambiente, ele tende a produzir mais cortisol (conhecido como “hormônio do estresse”), o que pode afetar a sua atenção, o seu raciocínio e a sua produtividade. Há também um bloqueio no nosso córtex pré-frontal, pois as emoções e a ansiedade “desligam” essa área mais racional. Com isso, são afetadas a criatividade, a memória, a atenção e a capacidade de tomar decisões.
Por outro lado, um ambiente que proporciona segurança estimula a produção de dopamina, um neurotransmissor associado ao foco, memória, motivação e disposição para assumir alguns riscos. Quem também aumenta é o hormônio ocitocina, que eleva a criatividade, a colaboração e a sensação de pertencimento ao grupo.
Qual é a relação entre a segurança psicológica e a inteligência emocional?
A essa altura, você provavelmente já percebeu que as empresas que oferecem um ambiente de segurança psicológica aos seus colaboradores naturalmente obtêm melhores resultados. Isso se deve ao fato de que essa segurança está diretamente relacionada à inteligência emocional, permitindo que haja mais criatividade, autoconfiança, autoestima, harmonia e bom relacionamento interpessoal dentro das equipes.
A inteligência emocional é a capacidade que um indivíduo tem de identificar as suas emoções, apurar as suas causas, administrar a sua intensidade e agir de acordo com elas, equilibrando os sentimentos com o lado racional. Envolve também a capacidade de compreender e lidar com a emocionalidade do outro.
Nesse sentido, podemos compreender que há uma dinâmica muito interessante entre a segurança psicológica e a inteligência emocional. Na verdade, esses dois conceitos se retroalimentam. Os ambientes de trabalho que geram segurança psicológica permitem que haja um compartilhamento de emoções e uma vulnerabilidade entre os membros da equipe. Por outro lado, equipes emocionalmente inteligentes trazem mais segurança psicológica para os ambientes de trabalho.
Quais são os 4 pilares da inteligência emocional e como eles interferem na segurança psicológica?
Na sequência, você vai conferir e compreender melhor os 4 elementos que constituem a inteligência emocional, entendendo também os meios pelos quais eles aumentam a segurança psicológica das pessoas nos ambientes, inclusive nas organizações.
1. Autogestão
A autogestão é um processo de independência e autonomia, em que um indivíduo é capaz de gerir a própria vida, com base nos seus princípios e escolhas. Quando um indivíduo sente que tem nas mãos as rédeas da sua trajetória, ele se sente mais autoconfiante e capaz de experimentar e arriscar. As organizações que alimentam esse traço nos colaboradores constroem equipes mais proativas, que não enxergam o erro como uma ameaça, mas como uma fonte de aprendizados contínuos.
2. Autoconsciência
A autoconsciência, ou autoconhecimento, refere-se a quanto um indivíduo conhece a si mesmo. Isso inclui a identificação dos seus pontos fortes e também dos seus pontos de desenvolvimento. Esse processo torna as pessoas mais preparadas para lidar com ações, comentários ou comportamentos contrários aos seus. Também as estimula a pedir ajuda, quando necessário, sem medo de julgamentos alheios. A autoconsciência as auxilia a definir até onde podem ir e em que momento precisam de ajuda alheia.
3. Consciência social
Se a autoconsciência é o quanto uma pessoa sabe sobre si mesma, a consciência social se refere ao conhecimento que ela tem acerca do contexto em que está inserida, ou seja, do grupo do qual faz parte. Esse tipo de consciência estimula o altruísmo e a empatia, combatendo os impulsos egoístas. Dessa forma, a consciência social amplia a capacidade de trabalhar em equipe, por meio de uma comunicação mais clara e de comportamentos mais colaborativos e solidários.
4. Gestão de relacionamentos
O último pilar da inteligência emocional é a gestão de relacionamentos. Nas organizações, a harmonia de uma equipe depende da qualidade das relações criadas. Indivíduos com essa habilidade são melhores em perceber o desconforto dos colegas e incentivam os que estão em silêncio a se expressarem. São também mais eficazes nas resoluções de conflitos, pois lidam bem com as emoções do outro e são capazes de inspirar e mobilizar. Assim, esse pilar auxilia na geração de segurança psicológica.
É possível notar, portanto, que a segurança psicológica e a inteligência emocional caminham de mãos dadas nas organizações. Especialmente por meio dos 4 pilares acima, a gestão de pessoas pode e deve gerar esse tipo de segurança aos membros das empresas, pois quem se sente seguro consegue trabalhar com mais motivação, inteligência, bem-estar e produtividade!
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