Meu objetivo é tentar ser o mais claro e direto possível para que você possa exercitar o autoconhecimento, mesmo estando ciente das dificuldades dessa tarefa. Por isso, considero importante delimitar aqui alguns processos e teorias psicológicas para auxiliar você em sua caminhada. Primeiramente, gostaria de apresentar essas cinco fontes. Logo em seguida, iremos explorar juntos cada uma delas.

As fontes de autoconhecimento são as seguintes: Resumidamente, essas são as cinco fontes de autoconhecimento, de como conhecer melhor a si mesmo. As pessoas podem:

(1) consultar o mundo físico, concreto;

(2) comparar-se com outros — comparação social;

(3) incorporar as opiniões dos outros — avaliação refletida;

(4) olhar para dentro de si mesmas — introspecção; e

(5) examinar seus próprios comportamentos e o contexto em que acontecem — percepção de si e de suas atribuições.

1 – O mundo físico

O mundo físico é uma das fontes mais imediatas de que dispomos parar obter informações. Por exemplo, quando você quer saber qual o seu peso, basta subir em uma balança e mensurar o resultado em quilogramas; se você quiser saber qual sua altura, é possível medi-la em centímetros. Esses são alguns exemplos de informações que adquirimos sobre nós mesmos e que provêm do mundo físico.

Entretanto, embora seja útil em diversos aspectos, o mundo físico apresenta limitações quanto ao autoconhecimento. Existem dois importantes aspectos que limitam as informações adquiridas pelo mundo físico. O primeiro deles é: alguns de nossos atributos não estão ancorados em parâmetros físicos. Por exemplo, não podemos mensurar fisicamente o quão cruel ou generosa uma pessoa é.

Quando queremos saber o quanto gostamos de alguém, ou o quão motivado estamos, não é possível obter esse conhecimento no mundo físico, na realidade concreta, pois não existem unidades mensuráveis de medida desses aspectos da mesma forma que existem centímetros, quilogramas, quilômetros, etc. O segundo aspecto que limita os conhecimentos obtidos pelo mundo físico é: nem sempre o resultado que encontramos é aquele buscávamos. Por exemplo: podemos subir em uma balança e medir nosso peso corporal.

Porém isso não serve para indicar se estamos acima ou abaixo do peso. Para tanto, é necessário saber quanto pesam outras pessoas de mesma altura, se existe uma média de peso, e se você está acima ou abaixo dessa média. Esse conhecimento é adquirido através da comparação social.

2 – Comparação social

Como vimos, parar adquirir certos conhecimentos acerca de nós mesmos, não basta o que aprendemos com o mundo físico. Precisamos muitas vezes consultar o mundo social. Essa descoberta não é nova. Leon Festinger, um psicólogo social americano, propôs em 1954 a Social Comparison Theory (Teoria da Comparação Social). O núcleo central desta teoria é justamente que aprendemos sobre nós mesmos ao nos comparar com outros. Por exemplo, suponha que você seja capaz de percorrer 10 quilômetros em 30 minutos.

Como saber se você é rápido ou lento a partir dessa informação? Para tanto, seria necessário saber quanto tempo outras pessoas levam para percorrer essa distância. A Teoria de Festinger aponta que, quando buscamos verdades sobre nós mesmos, costumamos nos comparar com outras pessoas que estejam em uma situação semelhante a nossa. Ainda no exemplo anteriormente citado, seria necessário comparar minha velocidade com a de outros homens de minha idade, visto que a comparação com crianças ou idosos seria muito menos informativa, devido às diferenças físicas naturais que existiriam.

O autoconhecimento não é o único motivo que leva as pessoas a se compararem socialmente. Podemos nos comparar com pessoas que acreditam estar em uma situação melhor (processo de comparação dirigida para cima) e também com pessoas que acreditam estar em uma situação pior (processo de comparação dirigida para baixo). É comum que haja comparações dirigidas para cima quando alguém busca inspiração e motivação, por exemplo: “se ele consegue fazer isto, eu também consigo”; e comparações dirigidas para baixo como forma de consolo ou de se sentir melhor, por exemplo: “posso não ser rico, mas pelo menos tenho uma casa onde posso morar, ao contrário de muitas pessoas que moram na rua”.

3 – Avaliações refletidas

Além das comparações que fazemos de nós mesmos com outras pessoas, existem algumas em especial, como nossos parentes, amigos, professores, entre outros, que nos afetam com suas avaliações sobre nós. Além das comparações que fazemos de nós mesmos com outras pessoas, existem algumas em especial, como nossos parentes, amigos, professores, entre outros, que nos afetam com suas avaliações sobre nós. Imaginamos como é que parecemos aos olhos de uma outra pessoa, imaginamos o que essa pessoa avalia de nós e então nos sentimos bem ou mal, de acordo com o julgamento que imaginamos que a outra pessoa faz de nós.

Repare que, nessa etapa, não é o julgamento da outra pessoa que nos afeta, mas, sim, aquilo que nós imaginamos e acreditamos que ela está pensando. Existem situações, no entanto, em que outra pessoa, de fato, manifesta um pensamento ou uma avaliação sobre nós. Isso pode ocorrer de variadas formas, como feedbacks, discussões de relacionamento, etc.

Nesses casos, a avaliação, quando percebida e aceita, se torna parte de nós. Incorporamos as avaliações que aceitamos e construímos uma noção de quem somos através delas. Por isso é sempre importante estar de ouvidos abertos e saber escutar críticas tanto positivas como negativas, para podermos incorporar as melhores delas em nossas vidas.

4 – Introspecção

Esta é talvez a primeira forma que nos salta à mente quando pensamos em autoconhecimento. Através da introspecção tentamos conhecer mais sobre nós mesmos, consultando diretamente nossos pensamentos, sentimentos, motivos e desejos. Não só sentimentos e pensamentos são fontes de autoconhecimento, através da introspecção nós também podemos aprender a examinar nossos próprios comportamentos. E isso envolve outro processo, chamado de autopercepção.

5 – Autopercepção

Embora possam parecer similares, a introspecção e a autopercepção possuem algumas diferenças. Outras pessoas podem observar e analisar o seu comportamento, mas somente você é capaz de fazer isso introspectivamente, conhecendo seus motivos e analisando seus comportamentos para chegar a conclusões lógicas sobre o porquê de você ter agido de determinada forma, e não de outra. Autopercepção é, portanto, perceber a si mesmo. Saber observar seus próprios comportamentos, tanto internos quanto externos. Isso, num primeiro momento. O objetivo é perceber e pensar sobre.

O mais importante nesse caso é a explicação causal que atribuímos aos nossos comportamentos. Muitas vezes isso não está claro porque fazemos muitas coisas de forma inconsciente, mas através da introspecção e da autopercepção podemos formular ou atribuir perguntas, indagações e explicações sobre nossas próprias ações e responder os porquês de nossos comportamentos de maneira consciente.

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