Por que eu me apaixonei por ele? Por que eu escolhi essa área profissional? Por que eu tenho tanto medo de falar em público? Você já percebeu que, muitas vezes, nós não temos uma explicação lógica ou fácil para as escolhas que fazemos ou para os nossos sentimentos e atitudes?
Em alguns casos, as origens das nossas ações estão enraizadas no “porão” do cérebro, ou seja, na mente inconsciente. Neste artigo, vamos entender melhor o que é essa camada mais “escondida” da mente e até que ponto ela influencia as nossas escolhas conscientes. Ficou curioso? Então, continue a leitura a seguir e saiba mais!
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O que é a mente inconsciente?
Você se lembra da roupa que estava usando no seu primeiro dia de trabalho do seu primeiro emprego? A menos que haja algum motivo especial para lembrar-se dela, muito provavelmente você já não tem essa memória, certo? Na verdade, você até a tem, mas ela está no seu inconsciente, que é o “porão” do seu cérebro.
A mente inconsciente registra absolutamente tudo o que se passou na sua vida desde o seu nascimento. Contudo, imagine o gasto de energia que o cérebro teria se você se lembrasse conscientemente de tudo! É por isso que muitas dessas memórias ficam ali no arquivo, e só podem ser acessadas se você tiver um gatilho, ou seja, um fator que desperte essa memória — como um cheiro, uma música, um lugar familiar etc.
Dessa forma, o chamado “inconsciente” é o arquivo morto da sua mente, onde tudo está registrado. Tudo aquilo que você viveu está ali, mas, é claro, não há como lembrar-se dessas coisas. Elas permanecem ali em standby, incluindo os fatos mais corriqueiros, de menor importância, mas também aqueles traumas que você viveu e que reprimiu, sem nunca mais lembrar. A questão é: essas memórias de difícil acesso ainda influenciam as nossas escolhas? Como?
As descobertas da psicologia
O psicólogo americano Benjamin Libet conduziu uma série de experimentos que detectaram que a atividade cerebral consciente, como fazer as nossas escolhas, depende de uma série de mecanismos inconscientes. Assim, ao pensar conscientemente em abrir uma garrafa de água, o seu cérebro já havia tomado essa decisão de forma inconsciente alguns instantes antes.
Com o passar do tempo, porém, as pesquisas passaram a identificar que esse processo não é tão direto como se pensava. A mente consciente é seletiva, de modo que não é tudo o que acontece no nosso inconsciente que determina como vamos agir. Por exemplo: alegava-se que mensagens subliminares em propagandas poderiam disparar o consumo de determinados produtos, o que é muito difícil de provar em experimentos laboratoriais que a técnica de fato apresente alguma eficácia.
Até que ponto somos influenciados pelo inconsciente?
O nosso inconsciente é resultado de todas as nossas vivências. Naturalmente, isso é composto pelas influências do meio em que vivemos. Você, que agora lê este texto, é resultado dos conselhos dos seus pais, das aulas dos seus professores, das amizades que fez ao longo da vida, dos livros que já leu, dos filmes a que assistiu, das viagens que já realizou, das notícias que acompanhou, da religião em que foi criado, da cultura em que nasceu, enfim, de uma série de fatores.
Os processos inconscientes são aqueles em que não pensamos muito para agir. Por exemplo: em um dia de calor, você pode ir a um barzinho com os amigos para tomar cerveja. Esse comportamento pode ser resultado das influencias trazidas até você pelo seu grupo de amigos ou pelo fato de ter nascido no Brasil, onde esse costume é muito comum aos fins de semana.
Assim, todas as decisões que partem do inconsciente são aquelas em que não pensamos muito para agir. Elas já foram culturalmente reforçadas pelo ambiente em que estamos inseridos. Já as decisões conscientes demandam um maior esforço cognitivo, ou seja, uma necessidade maior de pensar nas possibilidades de ação antes de fazer uma escolha.
Além das questões do ambiente, o nosso próprio estado momentâneo pode influenciar as nossas decisões: fome, sono, emoções intensas, estresse e crenças podem determinar as ações que tomaremos. Isso pode influenciar os nossos hábitos de consumo, as escolhas de parceiros amorosos, as decisões de carreira, entre outros aspectos fundamentais da vida.
Isso, porém, não significa que sejamos 100% controlados pelo inconsciente. Na verdade, quanto mais tomamos consciência de que esses fatores citados influenciam as nossas decisões, mais podemos agir com consciência para neutralizá-los. Assim, se você come compulsivamente quando está estressado, adquirir a consciência dessa atitude pode ser determinante para que você evite esse comportamento.
As limitações dos estudos
Diversos estudos têm sido conduzidos para explicar como as pessoas tomam decisões com base no seu inconsciente, muitas vezes preconceituosas. O problema é que há pouca consistência nos resultados desses testes, ou seja, eles variam muito, já que o comportamento humano não é algo muito previsível.
Nesse sentido, quem ganhou muito destaque foi Richard Thaller, vencedor do prêmio Nobel de economia, que argumentou que as decisões precipitadas que tomamos têm origens inconscientes. Por exemplo, se um supermercado deixar os doces menos acessíveis do que as frutas, a tendência é que os consumidores tenham uma alimentação mais saudável.
Como sempre, porém, os testes realizados apresentaram limitações, não servindo como uma regra definitiva do comportamento humano. Em geral, esses estudos apontaram para uma tendência importante: as pessoas tendem a ser mais influenciadas por fatores externos nas questões de menor importância (como hábitos de consumo) do que em fatores mais importantes (como uma decisão de voto ou a escolha de carreira).
Conclusão
Para concluir, podemos entender que as descobertas da psicologia apontam para uma interferência dos padrões inconscientes sobre as nossas escolhas conscientes. Contudo, não há constância suficiente para determinar o tamanho dessa influência. O inconsciente influencia alguns dos nossos comportamentos, mas não todos, especialmente porque parece ser uma necessidade humana querer ter controle da própria mente.
Por isso, o melhor a fazer é admitir que somos influenciados por tudo aquilo que já vivemos ao longo da vida, mas que nem por isso perdemos completamente o discernimento e a capacidade de fazer escolhas sábias. O segredo é sempre analisar os erros e acertos que cometemos para que sejamos cada vez mais precisos ao tomar decisões, com base nas experiências acumuladas. Na psicologia, nem sempre encontramos respostas definitivas. O jeito é encontrar o equilíbrio e dar o melhor de si!
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