A infância é um período muito importante na vida de qualquer ser humano. É nessa fase que mais há desenvolvimento no corpo e no cérebro. Além disso, é enquanto crianças que todos nós aprendemos como o mundo funciona e como devemos nos relacionar com o outro.

Infelizmente, porém, nem sempre essa fase de descobertas é simples e positiva. Problemas podem ocorrer durante os anos iniciais da vida e produzir consequências que nos acompanham ao longo da vida adulta. É por isso que os traumas desenvolvidos na infância impactam a forma como um adulto age, caso não tenham sido superados.

Neste artigo, você vai compreender como esse processo ocorre, isto é, como os traumas de infância se formam e prejudicam a dinâmica do indivíduo já adulto. Será que você tem alguma questão do tipo na sua história? Acompanhe-nos na reflexão a seguir e saiba mais sobre o tema!

O poder da inteligência emocional

Os traumas nada mais são do que momentos que despertaram emoções negativas de grande impacto, que podem se estender por muitos anos, sobretudo quando situações semelhantes parecem se formar. Por isso, a melhor maneira de compreender esse processo e de superá-lo se dá por meio da inteligência emocional.

A inteligência emocional, conforme já citamos aqui no blog em alguns artigos, é a capacidade que uma pessoa tem de identificar e nomear aquilo que sente, apurar as causas do sentimento e administrar a sua intensidade, tomando ações que amenizem o sofrimento e que gerem um estado mais positivo. Da mesma maneira, a inteligência emocional inclui também a capacidade de perceber e lidar com as emoções do outro.

Por isso, é importante que você desenvolva essa característica, que avalie as suas emoções e que se lembre também de memórias emocionais marcantes da infância. Alguma delas ainda tem um impacto na sua vida hoje?

Uma viagem no tempo

PSC

Muitos sentimentos negativos que desenvolvemos hoje em dia são, na verdade, resultados de questões mal-resolvidas no passado, talvez até mesmo na infância. Crianças que eram muito cobradas nos estudos ou no comportamento, por exemplo, podem crescer como adultos ansiosos, inseguros, perfeccionistas e que nunca se satisfazem consigo mesmos, pois sempre têm a sensação de que deveriam ser melhores.

Essas emoções negativas são o que a escritora canadense Lise Bourbeau chama de feridas emocionais, que incluem o medo do abandono, o medo da rejeição, a humilhação, a traição e a injustiça. Crianças podem vivenciar essas situações na própria família ou também na escola, no convívio com os colegas.

Muitas pessoas na idade adulta manifestam algum tipo de raiva, mágoa, medo ou insegurança cuja causa não está muito clara. No entanto, se elas examinarem a sua história de vida e encontrarem alguma dessas feridas emocionais lá na infância, talvez identifiquem uma relação lógica de causa e efeito que explique a existência desses sentimentos negativos.

A rejeição e as demais feridas emocionais

As feridas emocionais citadas acima podem se manifestar durante a infância de diversas formas: comparação constante com irmãos ou colegas, negligência por parte dos pais, cobranças excessivas, falta de afeto, humilhações provocadas pelos colegas de escola, ofensas em relação a alguma característica física ou comportamental, inferiorização, violência física ou psicológica, injustiça, insegurança financeira, falta de confiança nos adultos e nos colegas, e por aí vai.

Muitas vezes, a manifestação desses eventos na infância gera sentimentos negativos com o qual a criança não sabe lidar. Com isso, aumenta muito a probabilidade de ela levar essas emoções para a vida adulta.

É o caso, por exemplo, da criança que cresce ouvindo dos pais que é burra. Com o tempo, ela pode começar a acreditar de verdade nisso, colocando-se sempre em posição de insegurança e inferioridade nos seus relacionamentos amorosos, nas amizades, no trabalho, entre outros. Assim, um trauma da infância gera medos, raivas e inseguranças por toda a vida, se não for compreendido e superado.

Quando a ferida se torna trauma

Nem toda ferida se torna um trauma para toda a vida. Quem decide se isso vai acontecer ou não são a intensidade e a frequência com a qual essas feridas surgiam na infância. Se eram muito intensas ou frequentes, têm mais chances de prejudicar o desenvolvimento do indivíduo nos estudos, no trabalho, nos relacionamentos, nas amizades, na vida financeira e até mesmo na sua relação com o próprio corpo.

Traumas não superados distorcem a imagem que o indivíduo tem de si mesmo. Isso pode ser a porta de entrada para diversos problemas na idade adulta, como: depressão, perfeccionismo, transtornos ansiosos, insegurança no trabalho e nos estudos, dificuldade de relacionamento, medos excessivos, baixa autoestima, incapacidade de lidar com críticas, impaciência, raiva, transtornos alimentares, necessidade de agradar a todos, vícios, entre outros.

Além disso, há muitos casos em que a criança traumatizada, quando chega à idade adulta, reproduz os mesmos padrões de atitudes que geraram o trauma. Por exemplo, uma criança que cresce em um lar violento pode agir com violência quando for adulto, acreditando que essa é a maneira “oficial” de resolver os conflitos, o que não é verdade. Trata-se de um círculo vicioso que precisa ser interrompido para não criar uma nova geração de traumatizados.

Os caminhos da superação

Agora, talvez você esteja se perguntando: o que é possível fazer para superar esses traumas e viver com mais qualidade? Bem, a resposta é que não há outro meio que não seja mexer na ferida e compreender o que aconteceu lá no passado. Pode ser bem desagradável revirar essas memórias, mas, sem isso, não há como superá-las.

Não podemos apagar essas lembranças, mas podemos ressignificá-las. Por isso, relembre as suas memórias com a família, com os amigos, com os colegas de escola. Quais feridas essas relações abriram? Quais sentimentos negativos elas despertaram? Será que esses sentimentos despertaram em você crenças limitantes que o acompanham até hoje, do tipo “eu não sou bom o bastante”, “eu sou feia”, “eu sou burro” etc.?

Identificar as origens das dores é o primeiro passo do processo de cura. Você pode desabafar com pessoas da sua confiança e ler mais sobre autoconhecimento e superação de emoções negativas. Todavia, nada será tão útil e eficaz quanto a procura por ajuda especializada. Psicólogos e coaches conhecem as técnicas mais precisas na identificação e na ressignificação das experiências negativas do passado.

Por fim, também é importante perdoar as pessoas que provocaram esses traumas. Mesmo que elas não mereçam, você merece paz e um ponto final em tudo isso. Com essas soluções, você será capaz de compreender que muitas das crenças em relação a si mesmo adquiridas durante a infância não são verdadeiras, mas apenas traumas de eventos negativos que podem e que devem ser superados.

E você, querida pessoa, já fez as pazes com o passado? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!