Não há como negar. Todos nós já somos uma grande geração digital. Contudo, o caso é particularmente mais intenso entre os mais jovens, aqueles que já nasceram na era de uma tecnologia que não para de avançar. O fato é que, entre a tradição e a modernidade, a tecnologia tem trazido vantagens e desvantagens, o que se vê com particular ênfase no universo da educação.

Como podemos educar crianças que não largam os celulares e computadores? Como despertar o gosto pela leitura em quem vê o mundo a partir de telas super dinâmicas? Não tem jeito! Precisamos equilibrar a balança e estabelecer alguns limites. Acompanhe-nos na leitura a seguir!

Os problemas de uma geração digital

Se pensarmos nas gerações Z e Alpha, ou seja, aqueles indivíduos que nasceram a partir de 1995, estamos diante de crianças e jovens extremamente conectados à internet. Para essas pessoas, celulares, computadores e televisores são elementos fundamentais, sem os quais fica difícil pensar em como viver. De fato, não podemos negar o entretenimento, as telecomunicações e o rápido e prático acesso à informação como vantagens da tecnologia.

No entanto, se a criança já nasce assistindo a filmes de super-heróis e jogando videogames, qual será o estímulo que ela terá para brincar de pega-pega? Para abrir um livro e tomar o gosto pela leitura? A tecnologia é benéfica, mas, ao mesmo tempo, pode tornar as pessoas mais apáticas, sedentárias e passivas, desistindo rapidamente quando algo não puder ser resolvido nos primeiros 30 segundos. Algo a se pensar!

Como educar as crianças em meio a tantos estímulos?

A tecnologia é benéfica, mas traz esse alerta, de modo que não devemos permitir que as crianças deixem de aprender a interagir na “vida real”. Não se trata de limitar completamente o acesso às tecnologias, mas de utilizá-las com discernimento. Confira as orientações a seguir!

1. Definir regras e horários

Você não precisa privar a criança ou o adolescente completamente da televisão, do celular e do computador. Basta que você, desde cedo, determine alguns limites, como: não utilizar o celular durante as aulas (exceto se for para uma atividade educativa), não mexer nas redes sociais enquanto conversa com os amigos, não jantar na frente da televisão etc.

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Esses pequenos ajustes na rotina permitem que o jovem compreenda que a vida ocorre também no mundo físico, e que precisamos nos dedicar também a ele, e não apenas às curtidas no Instagram.

2. Estimular a meditação

Algumas escolas têm adotado a meditação antes das aulas. Essa prática, mesmo que por apenas 5 minutos, promove mais calma e relaxamento, auxiliando também na capacidade de concentração. Em um mundo com tantos estímulos externos, meditar diariamente pode ser uma medida eficaz para aquietar a mente e estimular a atenção plena.

Pesquisas indicam que os jovens que assistem a uma aula se distraem a cada 30 segundos. Portanto, desenvolver essa capacidade de manter a atenção em algo não tão dinâmico quanto a internet é importante, e a meditação pode ser uma poderosa aliada nessa missão.

3. Incorporar as novas tecnologias ao ensino

Não adianta “brigar” com a tecnologia, afinal de contas, ela já faz parte da vida de todos nós, e fará cada vez mais. Portanto, o melhor a fazer é absorver o que ela oferece de melhor para que possamos dinamizar o processo de educação.

Assim, é cada vez mais frequente a postura de alguns professores que passam vídeos em sala de aula, que estimulam as pesquisas na internet, que incentivam os estudantes a criar apresentações digitais e até mesmo que promovem a gamificação do aprendizado, como ocorre com aplicativos como o Kahoot. Isso pode atrair a atenção dessas gerações ao aprendizado e despertar a motivação.

4. Mas não abandonar antigos métodos

Por outro lado, também não podemos abraçar exclusivamente o ensino por meio das plataformas tecnológicas e abandonar os antigos métodos. O mundo físico continua existindo, e com ele as antigas técnicas de aprendizagem: a leitura, as aulas expositivas, a lousa, a anotação à mão no caderno, o desenho, a colagem, a maquete, o cartaz, enfim, meios não digitais de ensino e aprendizagem.

É importante que eles não sejam excluídos, pois essas atividades estimulam as crianças ao convívio social, à leitura, à análise crítica da informação, à arte, ao diálogo presencial, à escuta ativa e à capacidade de manter a atenção e até de sentir prazer em algo que não seja super dinâmico e tecnológico. Se permitirmos que os pequenos sejam sempre bombardeados com estímulos digitais, eles acharão qualquer atividade “física”, como a leitura, algo extremamente lento, difícil e entediante.

5. Valorizar o relacionamento interpessoal

Em um desdobramento natural do item anterior, é importante que tanto os pais quanto os professores tenham uma abordagem mais pessoal para educar os pequenos. A conversa presencial e a interatividade se fazem muito importantes. Não podemos permitir que uma geração inteira cresça sabendo se comunicar apenas por mensagens de texto e emojis — que são códigos interessantes, mas não são os únicos!

Por isso, as perspectivas mais humanizadas em educação são aquelas que favorecem o diálogo e a troca de experiências. Elas incluem as novas tecnologias, mas também estimulam a conversa com os colegas, a escuta, a fala e a “presença” no mundo físico.

6. Manter as brincadeiras não digitais

Além das questões educativas, o próprio entretenimento pode se tornar um desafio. A criança que já nasce brincando em um videogame muito realista e cheio de efeitos especiais pode achar surpreendentemente chato chutar uma bola entre duas traves. Por isso, é importante cultivar a cultura das brincadeiras não digitais, pois elas promovem a interação com o outro e com o mundo real, o que é fundamental para o desenvolvimento da criança.

Ela pode brincar no videogame, mas também precisa correr, pular, brincar de boneca, interagir com a massinha de modelar, praticar esportes em equipe, enfim, interagir no mundo físico. Aliás, há pesquisas que apontam que esse tipo de lazer menos passivo gera uma sensação de prazer mais duradoura.

7. Investir na formação de docentes nesse novo cenário

Diante de tudo o que foi exposto acima, é importante, por fim, investir na formação de docentes preparados para esse novo cenário. É necessário, portanto, promover treinamentos que abordem as novas tecnologias e como elas podem ser adequadamente utilizadas nos processos educativos.

Ao mesmo tempo, é fundamental cultivar na mente dos docentes a ideia de que o mundo físico continua existindo e é nele que a maioria das nossas relações se concretiza. Dessa forma, não podemos ignorar ou demonizar a tecnologia, mas também não podemos entendê-la como a única forma de educar. É um delicado jogo que demanda o equilíbrio, em nome de uma formação saudável de seres humanos!

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