Entre 2006 e 2007, 3 funcionários da montadora francesa Renault cometeram suicídio, devido às fortes pressões dos cargos que ocupavam, às cargas horárias exaustivas e ao estresse. Um deles perdeu 8 kg antes de pôr fim à própria vida. Na justiça, a empresa foi considerada responsável pelo caso.
Esse é um exemplo da chamada “gestão destrutiva”. Ela compromete a qualidade de vida dos colaboradores para elevar a produtividade da empresa, mas, como já era de se esperar, acaba arruinando esses dois fatores. Neste artigo, você vai entender por que esse tipo de gestão, se é que podemos chamá-lo assim, é tão prejudicial. Continue a leitura e saiba mais!
Contents
5 pontos de alerta para uma gestão destrutiva
Se você deseja saber se a gestão da sua empresa está caminhando para esse modelo destrutivo, é fundamental ficar atento a determinados “sintomas”, como os 5 que relacionamos a seguir.
1. Líderes omissos ou autoritários
Há duas posturas de liderança que podem significar uma gestão destrutiva. Uma delas é a liderança omissa. Nesse caso, o líder apenas cobra resultados, mas não organiza a equipe, não delega claramente as tarefas, não presta auxílio e não tira dúvidas. Ele coloca toda a responsabilidade no colo do colaborador.
O outro extremo é igualmente prejudicial, pois o líder autoritário decide tudo sozinho, sem considerar a opinião do funcionário em nenhuma decisão. Tudo deve ser feito do jeito dele, e qualquer manifestação contrária é exemplarmente punida. Assim, o colaborador se sente preso, sem liberdade e sem motivação.
2. Metas irreais
Toda empresa precisa de metas para que funcione adequadamente. Isso se vê nas metas gerais da organização, bem como nas metas específicas de cada departamento, pois elas indicam se e como a empresa está progredindo e se alguma alteração estratégica precisa ser feita.
Contudo, esses objetivos precisam ser realistas. Se eles estiverem acima das capacidades produtivas da equipe e dos recursos tecnológicos disponíveis, haverá estresse e frustração, o que, em longo prazo, leva à desmotivação do colaborador. Assim, os líderes se enraivecem e punem os funcionários, sendo que o problema estava justamente na meta absurda que foi definida.
3. Competição excessiva entre os colaboradores
Se dois vendedores apostam uma pizza para ver quem realiza mais vendas ao fim do mês em uma empresa, temos uma competição saudável e até mesmo divertida, que não prejudica o relacionamento de ninguém.
No entanto, se as metas da empresa forem irreais, conforme citamos acima, a competição se torna uma questão de sobrevivência. Nesses meios de elevada pressão e estresse, o contexto pode favorecer uma competitividade excessiva, que pode levar um funcionário a deliberadamente prejudicar o outro para garantir a sua posição. Péssimo, não acha?
4. Carga horária exaustiva
As leis trabalhistas não surgiram à toa. Muito pelo contrário, elas são resultado de anos de luta depois de trabalhos em jornadas exaustivas, desde a época da revolução industrial, em que as condições laborais eram insalubres. No entanto, ainda há organizações que acreditam que expor o funcionário a expedientes extremamente longos fará com que ele seja mais produtivo.
A verdade é que, em longo prazo, a ausência de descanso físico e mental leva a uma queda de energia, o que provoca justamente o efeito oposto ao esperado: a queda na produtividade. Além disso, funcionários que trabalham nessas condições tendem a adoecer física e mentalmente com muito mais facilidade.
5. Desrespeito à qualidade de vida do funcionário
Algumas empresas enxergam os funcionários como números ou máquinas de produzir, esquecendo-se de que eles são seres humanos. Fora da empresa, essas pessoas têm pais, irmãos, filhos, amigos, namorados, uma casa para cuidar, enfim, outras áreas da vida às quais também precisam se dedicar.
Alguns líderes se esquecem disso. Além das jornadas exaustivas, tratam o colaborador como se não fosse um ser humano digno de respeito. Gritam, humilham, ofendem, ameaçam, chantageiam, exploram e assediam de diferentes maneiras, o que faz a vida profissional dessas pessoas se tornar um verdadeiro inferno.
As consequências de uma gestão destrutiva
Ao ler as descrições acima, certamente não é difícil deduzir as consequências catastróficas desse tipo de gestão, não é mesmo? Confira-as.
- Problemas de relacionamento entre líderes e liderados;
- Problemas de relacionamento entre os próprios colegas, sobretudo por conta do estresse e da competitividade excessiva;
- Queda na produtividade, devido ao péssimo clima organizacional construído;
- Desrespeito às leis trabalhistas, o que pode causar processos judiciais;
- Abusos e assédios ao colaborador, o que também pode parar na justiça;
- Frustração de chefes e funcionários por metas não alcançadas;
- Perda de motivação para o trabalho;
- Aumento na rotatividade de colaboradores, devido às demissões e aos próprios pedidos de desligamento dos funcionários;
- Aumento nos problemas de saúde física e mental — incluindo casos de depressão, síndrome de burnout e suicídio, como citado no exemplo da Renault.
Combatendo a gestão destrutiva
Para evitar que esse tipo de gestão se instale, é necessário adotar uma postura mais humanizada e organizada para administrar as empresas. O coaching empresarial é uma solução corporativa extremamente eficaz nesse sentido, pois identifica todas as falhas de gestão existentes e propõe um novo modelo. Assim, os colaboradores e os gestores conseguem elevar a sua produtividade, sem que isso comprometa a qualidade de vida e o clima organizacional.
Confira algumas dicas para uma gestão mais humanizada:
- Investir na formação de líderes que saibam lidar com os funcionários e tratá-los como seres humanos;
- Delegar tarefas de forma equilibrada, sem que ninguém fique sobrecarregado;
- Respeitar os prazos de expediente, evitando jornadas de trabalho exaustivas;
- Respeitar os períodos de descanso, folgas e férias dos colaboradores;
- Compreender a realidade da empresa e do segmento em que está inserida, de modo que seja possível definir metas realistas;
- Oferecer capacitação continua aos funcionários, a fim de que aperfeiçoem as suas capacidades e motivem-se para crescer profissionalmente;
- Dar feedbacks humanizados, sem qualquer tipo de ofensa ou humilhação ao corrigir as falhas;
- Definir normas internas rigorosas para monitorar e punir quaisquer casos de assédio, desrespeito, humilhação ou preconceito.
Como você pode notar, a gestão destrutiva não recebe esse nome à toa. Ela pode acabar com a vida das pessoas e das empresas, devido ao desrespeito ao próximo, em nome de uma produtividade que jamais aumentará nesses termos. Que a gestão humanizada se perpetue no mercado e coloque um fim a essa triste realidade.
E você, querida pessoa, já trabalhou em algum ambiente com uma gestão destrutiva? Como foi a sua experiência? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!