“Trabalhe enquanto eles dormem”. Quem nunca se deparou com frases do tipo nas redes sociais, não é mesmo? Por mais populares que sejam, elas têm perdido força, sobretudo entre as gerações mais jovens que adentram o mercado de trabalho. Os novos profissionais querem ter uma carreira positiva, mas sem perder a saúde e a qualidade de vida.

Essa preocupação tem mudado a dinâmica dentro das empresas e provocado um fenômeno conhecido como quiet quitting, ou “demissão silenciosa” — uma resposta aos ambientes de trabalho tóxicos ou desestimulantes. Neste artigo, vamos conhecer melhor o que é o quiet quitting, quais são as suas causas, quais são as consequências desse problema e o que podemos fazer para resolvê-lo e preveni-lo. Para saber mais sobre o tema, é só dar continuidade à leitura a seguir!

O que é quiet quitting? Como isso se manifesta?

O quiet quitting é um fenômeno que tem sido registrado com cada vez mais frequência nos ambientes de trabalho. Ele tem aparecido em jornais, revistas e websites do mundo inteiro, trazendo preocupação para empresários em diversos países. É um protesto “pacífico”, que pode ser visto como “corpo mole”, mas que tem propósitos importantes por trás.

Quiet quitting é um termo em inglês que significa “demissão silenciosa” ou “desistência silenciosa”. Esse comportamento se manifesta da seguinte forma: ao identificar que se encontra em um ambiente de trabalho negativo ou sem oportunidades de crescimento, o profissional simplesmente se limita a fazer aquilo que lhe mandarem, sem muita dedicação, sem ir além do que se pede e até mesmo sem muito apreço pela qualidade do seu trabalho.

Esse colaborador não necessariamente é incompetente. Ele apenas se resume a fazer estritamente as funções para as quais foi designado. “Vestir a camisa da empresa”, fazer horas extras e envolver-se em atividades fora do seu escopo para demonstrar motivação estão absolutamente fora de questão. Esse colaborador quer ter mais qualidade de vida e não abre mão disso em nome da vida profissional, sobretudo se a empresa não reconhecer adequadamente quem faz mais do que está descrito na sua vaga de emprego.

Quais são as principais causas do problema?

O quiet quitting tem se mostrado especialmente mais forte entre as gerações Y (millennials) e Z, ou seja, os mais novos no mercado de trabalho, nascidos a partir dos anos 1980. Essa geração, ao contrário de outras, tem despertado para a noção de que ser viciado em trabalho, fazer horas extras e sacrificar a vida pessoal são fatores que comprometem a saúde e a qualidade de vida.

As estatísticas apontam que não para de crescer o índice de síndrome de burnout, o esgotamento associado ao trabalho. Os profissionais têm lidado com uma competitividade nunca antes vista, com uma demanda altíssima por formações e competências diversas, com jornadas de trabalho exaustivas, com líderes abusivos e com ambientes de trabalho de péssimo clima. Tudo isso contribui para o adoecimento dessa jovem geração de profissionais.

O quiet quitting surge como uma resposta revolucionária a esses ambientes de trabalho tóxicos, que obrigam o funcionário a fazer sacrifícios, sem ao menos obter bons reconhecimentos por isso. Associado a baixos salários e poucas oportunidades de crescimento nas empresas, o cenário provoca o desejo por uma demissão. Não é uma demonstração de preguiça, mas sim de desejo de melhores condições de trabalho e remuneração.

Quais são as consequências desse comportamento?

O quiet quitting pode provocar uma série de demissões dentro das empresas. O que se vê nos ambientes de trabalho que não priorizam a qualidade de vida dos colaboradores é justamente uma elevada taxa de rotatividade profissional — o popular turnover.

Para as empresas, ter que demitir e contratar novos funcionários com frequência representa uma perda significativa de tempo, de dinheiro e de produtividade. Além disso, a imagem dessas organizações enquanto empregadoras, conhecida como employer branding, pode ficar manchada no mercado. “Por que ninguém para nessa empresa?” — esse é o tipo de questionamento que leva as pessoas a desconfiarem de que aquele local de trabalho não é positivo.

As expectativas dos adeptos do movimento quiet quitting são de que, diante desse cenário negativo, as empresas passem a se preocupar mais com a qualidade de vida dos seus colaboradores. É uma tentativa radical de mudar as relações de trabalho e alterar dinâmicas disfuncionais existentes nas organizações, que, muitas vezes, têm provocado o adoecimento dos seus funcionários.

Como é possível solucionar e/ou prevenir o quiet quitting?

Há uma série de medidas que podem evitar que os colaboradores demonstrem esse tipo de comportamento. Confira o que pode ser feito nas empresas:

  • Conceder aos colaboradores remunerações justas pelo seu trabalho;
  • Pagar adequadamente as horas-extras;
  • Reconhecer os méritos de cada colaborador quando tiver um desempenho acima da média ou ideias inovadoras e eficazes;
  • Proporcionar benefícios valiosos, como plano de saúde e odontológico, vale-transporte, vale-alimentação, participação nos lucros, horários flexíveis, refeições na empresa, espaços de descompressão etc.;
  • Respeitar necessidades humanas básicas, como: descanso, férias, pausas etc.;
  • Investir em qualidade de vida no trabalho, criando um ambiente marcado por uma cultura organizacional positiva, com mais colaboração e menos competição;
  • Fazer avaliações de desempenho justas, com feedbacks empáticos;
  • Oferecer treinamentos de capacitação profissional e planos de carreira para motivar os colaboradores a permanecerem na empresa, vendo que podem crescer e prosperar ali;
  • Investir também na capacitação dos gestores da empresa, de modo que sejam líderes mais humanos e competentes, que saibam: delegar funções, reconhecer os méritos dos liderados, prestar auxílio e explicar com clareza as suas solicitações;
  • Desenvolver lideranças mais inclusivas e democráticas, em que o colaborador é consultado antes de as decisões serem tomadas;
  • Adotar um sistema de comunicação interna eficaz e transparente.

Essas medidas podem ser promovidas nas empresas, a fim de melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, a sua motivação para o trabalho e as condições gerais de saúde física e mental. Tudo isso auxilia na construção de um clima organizacional positivo, diminuindo drasticamente a ocorrência do quiet quitting.

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