Quando se fala de entrevista profissional, muitos pensam somente nas que acontecem em processos de seleção. Porém, é importante lembrar de que há a entrevista de desligamento, que é uma conversa realizada quando o funcionário está saindo da empresa, não importa qual seja o motivo. Para conferir mais sobre esse bate-papo é só continuar lendo o artigo!
Para que serve a entrevista pós demissão?
Ao contrário do que muitos imaginam, o último diálogo entre a empresa e o colaborador não visa apontar defeitos, problemas ou culpados pela rescisão do contrato. A entrevista de desligamento é mais similar a um feedback do que de uma avaliação ou uma conversa não construtiva. Justamente por ter esse caráter, torna-se uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da empresa.
A ocasião é uma oportunidade de ambos os lados colocarem na mesa quais são as melhorias que poderiam colocar em prática no dia a dia. Ou seja: tanto o representante da organização quanto o ex-funcionário podem falar quais foram os pontos positivos e negativos da experiência e o que poderia evoluir.
As informações que podem ser captadas nessa ocasião variam de acordo com o lado que solicitou a rescisão, o que também deve ser considerado na condução da entrevista. Veja alguns casos:
- No caso da empresa ter demitido o colaborador, esse é o momento de explicar detalhadamente a causa da demissão. Ao contrário de ser uma crítica destrutiva, a conversa serve para deixar os motivos da situação bem claros, além de preparar melhor a pessoa para enfrentar o mercado.
- Se o cenário for o funcionário pedindo demissão, a organização deve aproveitar o bate-papo para entender os motivos que levaram a pessoa a pedir o desligamento. São tantos aprendizados que a empresa pode ter a partir desse momento, tais como falhas no processo de seleção dessa vaga, problemas com a gestão e muito mais.
Uma vez que o funcionário já não tem mais vínculos contratuais, pode expor com mais sinceridade as suas percepções em relação às condições de trabalho em geral, bem como falar a imagem que construiu da organização como um todo.
Considerar a opinião do ex-funcionário proporciona diversos benefícios à companhia. Esse pode ser o retorno que ajuda a construir um plano de retenção de talentos e a aumentar o investimento em uma comunicação interna e externa que contribua para uma boa reputação no mercado. Isso vai ser bom tanto para a corporação, quanto os colaboradores atuais e novo, fornecedores e clientes.
Independentemente de qual seja a causa do desligamento ou o modo como o processo foi conduzido, é fundamental que tanto a corporação quanto o colaborador registrem tudo que foi falado na entrevista. Pode ser apenas um papel em que ambos os lados manterão uma cópia. Dessa forma, tudo fica anotado para não virar um jogo de verdades e mentiras.
Lembrando que para fazer anotações durante a conversa, o entrevistador deve solicitar permissão do profissional. Caso ele aprove, a tarefa deve ser rápida para não prejudicar a observação de movimentos e outros gestos relevantes. O local escolhido para realizar a entrevista deve ser reservado e localizado perto da saída ou entrada da empresa para evitar desconfortos por parte do funcionário.
Como deve ser realizada a entrevista de desligamento
O ex-funcionário que deve decidir se quer ou não participar da entrevista de desligamento. Durante a sua realização, o entrevistador precisa ser discreto e, ao mesmo tempo, saber interpretar adequadamente aquilo que o colaborador desligado relata. As suas atitudes devem ser pautadas na apatia, e no “saber ouvir”, fazendo perguntas e comentários somente quando necessário, sem insistir ou pressionar uma resposta.
Primeiro, o colaborador é convidado a dar sua opinião acerca de diversos temas, como: relacionamento com colegas, chefes, remuneração, conduta da empresa, estrutura de trabalho, motivos da saída e outros pontos considerados relevantes pelo profissional de RH.
Depois, ambos os lados se abrem para discutir os pontos em que a organização falhou ou acertou, as percepções acerca das práticas de recursos humanos, dentre outras questões que forem levantadas pelo ex-colaborador ou pela empresa. Nesse momento, é importante que o entrevistado seja imparcial e evite uma postura defensiva em relação à empresa ou ao gestor do ex-funcionário.
No caso da empresa ter efetuado a demissão, o entrevistador deve sempre se lembrar que o ex-colaborador estará sob forte impacto emocional devido à perda do emprego. Por esse motivo, as respostas e reações negativas, bem como as provocações não devem ser consideradas, principalmente se a decisão partiu da própria empresa. Nesses casos, as pessoas tendem a expressar falsa alegria, ressentimento, irritação tristeza e até esperança de um dia retornar.
Entender o que está por trás dessas frustrações e observar até a linguagem corporal pode ser mais útil o que outras reações efetivas. Se o entrevistado se contradizer em suas expressões verbais e não verbais, então o condutor deve solicitar, com sutileza, um esclarecimento.
O ideal é que esse feedback fosse fornecido e avaliado constantemente, ao longo do tempo que o funcionário passou na organização, e não apenas no momento de sua saída. Assim, a empresa toma conhecimento dos aspectos que desagradam os colaboradores e, assim, reduz o absenteísmo e a necessidade de atrair e treinar novos colaboradores.
Fofocas ou outras informações semelhantes também devem ser descartadas, pois geralmente se tratam de impressões pessoais e não de uma característica daquele sobre o qual se fala.
Por fim, o RH somente pode tirar conclusões sobre alguma situação quando tiver uma amostra representativa de vários relatos de desligados apontando determinada característica e/ou problema. Dessa forma, a área poderá propor soluções corretivas ou preventivas.
O encerramento da entrevista de desligamento é um momento representativo, já que está ligada a finalização definitiva das atividades desempenhadas pelo colaborador. Por esse motivo, exige mais cuidado do entrevistador que deve fazer o profissional desligador compreender e se convencer de que a sua dispensa não o torna inferior. Para conseguir isso, o condutor do diálogo deve passar otimismo e agradecer ao ex-funcionário pela sua contribuição durante o tempo em que passou na organização.
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