Segundo o IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,4% no terceiro semestre de 2024 (referente aos meses de julho, agosto e setembro). O valor foi considerado mais baixo do que o esperado pelo mercado. Os dados foram obtidos a partir da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Essa é a menor taxa já registrada desde o início da série histórica, em 2012.
O registro dessa taxa dá continuidade à queda no desemprego no país, que vem sendo registrada nos últimos anos. É uma notícia positiva, no sentido de que a população brasileira consegue se manter ocupada e obter algum tipo de renda, amenizando a pobreza. Entretanto, há que se considerar que uma parcela significativa dessa população ativa se sustenta em empregos informais.
Boas notícias
De acordo com o registro estatístico histórico, a taxa obtida neste trimestre (6,4%) é a menor nos últimos 12 anos, ficando abaixo dos 6,9% registrados em 2014 — a taxa mais baixa até então. Para fins de comparação, o desemprego no Brasil em setembro do ano passado estava em 7,7%.
Com esses dados, a taxa chega muito perto do nível mais baixo de desemprego já registrado no país. No registro trimestral, o índice mais baixo de desocupação já registrado no Brasil foi de 6,3%, aferido entre outubro e dezembro de 2013.
Em números absolutos, os dados apontam que há 103 milhões de brasileiros exercendo algum tipo de atividade profissional. Esse é o valor mais alto já obtido na série histórica, segundo o IBGE. Isso significa que a população economicamente ativa cresceu 1,2% no último trimestre e 3,2% no avanço anual.
Crescimento da indústria e do comércio
A pesquisa ainda apura em quais setores houve esse crescimento expressivo na população ocupada. No trimestre, a indústria teve um crescimento de 3,2% (416 mil empregos), enquanto o comércio registrou um avanço de 1,5% (291 mil empregos). Somados, os dois setores criaram 709 mil postos de trabalho entre junho e setembro de 2024.
Segundo os coordenadores da Pnad, o aumento dos empregos na indústria foi com carteira assinada, mas, no comércio, a maior parte desse avanço veio de empregos sem carteira.
Ainda segundo o IBGE, outros setores, além da indústria e do comércio, também apresentaram crescimento na taxa de ocupação: construção, transporte, informação e comunicação, administração e outros serviços. O setor de alojamento e alimentação, bem como o de serviços domésticos, registrou estabilidade. Apenas a agropecuária apresentou regressão, com uma queda expressiva de 4,7%.
Público e privado
A queda no desemprego foi registrada tanto no setor privado quando no setor público. No primeiro, foi alcançado o maior número da série histórica, com 53,3 milhões de empregados (aumento de 2,2% no trimestre e 5,3% no ano).
Já no setor público, o crescimento foi um pouco mais modesto, mantendo estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas com alta de 4,6 % na comparação anual. Ainda assim, o setor também registrou recorde na série histórica em números absolutos, com 12,8 milhões de trabalhadores.
Comemorar com cautela
As notícias são boas, mas ainda há muito com que se preocupar no cenário de trabalho atual. Há que se considerar que o Brasil tem dimensões continentais e uma população muito grande e marcada pelas desigualdades sociais. Dessa forma, mesmo que a porcentagem geral de desempregados seja baixa, ainda assim estamos falando de 7 milhões de brasileiros que seguem à procura de um lugar no mercado profissional. Tudo isso sem considerar os dependentes dessas pessoas.
Além disso, boa parte do crescimento na população ocupada é derivada de empregos informais. Só no setor privado, a pesquisa indicou que há 14,3 milhões de pessoas atuando na informalidade. O total de profissionais nessa categoria é de 40 milhões.
A análise que se pode fazer do momento brasileiro atual não é tão simples. Segundo especialistas em economia, por um lado, a queda no desemprego aumenta a renda e o poder aquisitivo das pessoas, o que significa um aquecimento na economia, especialmente na época do fim de ano. Por outro lado, isso pode impulsionar a taxa de inflação nos próximos meses, o que tende a manter as já elevadas taxas de juros.
A economia é uma ciência complexa, e o governo precisa equilibrar todos esses indicadores. É ótimo que mais pessoas estejam trabalhando, mas é preciso controlar a inflação e regularizar a situação de quem atua na informalidade.
Estabilidade nos rendimentos
Os trabalhadores receberam, em média, R$ 3.227 por mês no trimestre encerrado em setembro, considerando todos os empregos existentes na semana de referência do estudo. Esse valor é o que o IBGE define como rendimento médio habitual.
Em relação ao trimestre anterior, quando a média era de R$ 3.239, o rendimento permaneceu estável. Comparado ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 3,7%.
A massa de rendimentos — o total dos valores recebidos por esses trabalhadores — foi calculada em R$ 327,7 bilhões. Assim como o rendimento, a massa também se manteve estável no trimestre, mas registrou um crescimento anual de 7,2%.
Entendendo a Pnad
A Pnad é um estudo divulgado pelo IBGE desde 2012. Ela abrange todo o território nacional, considerando a força de trabalho das pessoas com 14 anos ou mais — grupo que integra a PEA (População Economicamente Ativa). Os dados não se referem ao quadro de emprego a cada mês, mas sim a cada trimestre móvel do ano. Dessa forma, os números deste artigo foram obtidos no mercado de trabalho entre julho e setembro de 2024.
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego, ou de desocupação, é formada por indivíduos que buscam emprego, mas que não conseguem. O método exclui do cálculo os que estão fora da força de trabalho, ou seja, os indivíduos que não procuram emprego — como estudantes em tempo integral e donas de casa que não trabalham fora.
A Pnad ainda estima que o Brasil tenha 18,2 milhões de pessoas subutilizadas, isto é, que poderiam estar no mercado de trabalho, mas que estão desocupadas ou fora da força de trabalho do país.
Fontes:
- https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/10/31/desemprego-setembro-2024.htm
- https://blog.itau.com.br/privateinsights/desemprego-brasil-surpreende-continua-queda?utm_source=social&utm_medium=whatsapp&utm_campaign=radar
- https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/10/31/desemprego-cai-a-64percent-no-trimestre-terminado-em-setembro-diz-ibge.ghtml
Acesso em 31/10/2024