Uma palavra que tem aparecido constantemente na televisão, nos livros e na internet é a autocrítica. Esse conceito, tão comum na psicologia e no desenvolvimento pessoal, é frequentemente confundido com o perfeccionismo. Embora esses dois termos apresentem alguma semelhança — a de estimular cada pessoa a dar o melhor de si —, eles também apresentam diferenças fundamentais.
Se você está no caminho do desenvolvimento pessoal e deseja tornar-se alguém melhor a cada dia, é importante saber diferenciar essas duas palavrinhas. Continue a leitura deste artigo e compreenda melhor o significado de cada uma delas.
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Autocrítica: aprender e evoluir
Autocrítica significa desenvolver a capacidade de avaliar a si mesmo, analisando os seus pensamentos, os seus sentimentos, os seus aprendizados, as suas atitudes e os seus resultados. Ela é um componente essencial do autoconhecimento.
Uma pessoa que desenvolve a autocrítica é capaz de identificar internamente todos os seus pontos positivos e todos os seus pontos que ainda precisam de melhoria. Quando uma pessoa entende que é muito inteligente e articulada, mas que precisa aprender a ouvir mais a opinião do outro, por exemplo, ela está demonstrando uma postura autocrítica.
Quanto mais uma pessoa passa por esse processo, mais ela conseguirá evoluir nas diferentes áreas da sua vida, seja nos relacionamentos, na espiritualidade, na família, nas finanças e na carreira. É como um aluno que percebe que está indo bem em português, mas que precisa dedicar-se mais à matemática. Ele deve passar por um processo de autoavaliação de todas as suas capacidades.
A autocrítica é um exercício de inteligência, de humildade e de coragem. Ela pode ser difícil, já que envolve admitir uma parte nossa que não é muito legal, mas, em compensação, é esse diagnóstico dos pontos que precisam de melhorias que permite a nossa evolução.
Perfeccionismo: temer e desistir
O perfeccionismo, por sua vez, é uma palavra que aparece com frequência nas entrevistas de emprego, quase como um clichê. Embora ainda existam líderes que entendam essa característica como uma qualidade, ela é, na verdade, bastante problemática.
Por perfeccionismo entende-se a busca pela perfeição. Não há nada de errado em querer alcançar o melhor resultado possível. O problema é que a perfeição não existe. Dessa forma, as pessoas que determinam para si padrões de trabalho ou de comportamento muito altos podem se frustrar ao perceber que a realidade é diferente das expectativas.
Com medo de não serem excelentes, essas pessoas acabam por desistir. Para elas, não basta ser bom, é preciso ser perfeito. Não adianta investir se não for para ficar rico. Não adianta trabalhar se não for para ser o melhor. Não adianta estudar se não for para passar na melhor universidade do país.
Essa frustração e esse temor de não ser perfeito quase sempre têm alguma relação com o medo da rejeição, ou de decepcionar os pais, os amigos etc. O perfeccionismo frequentemente está associado a essa insegurança, como se o indivíduo só fosse “alguém” se fosse perfeito ou se obtivesse a aprovação do outro.
Alinhar expectativas e evitar a autossabotagem
Se um aluno faz uma prova, é óbvio que ele deve estudar para conseguir a tão sonhada nota dez. Além de ser uma satisfação do ego, essa nota deixa o aluno mais tranquilo em seu ano letivo. No entanto, os alunos que tiraram 6 ou 7 também podem ser aprovados. Isso quer dizer que cada um deve dar o melhor de si, mas o aluno não deve desistir de estudar apenas porque não tirou dez, não é mesmo?
Assim também é na vida: você não precisa ser perfeito para ser alguém de valor. Não precisa que todos o amem para ser alguém feliz. Não precisa ter o melhor salário da empresa para ser um profissional de sucesso. Por isso, precisamos tomar muito cuidado quando criamos expectativas e quando definimos um padrão de “perfeição”.
Quando uma pessoa não tolera os próprios erros, não aprende nada com eles e simplesmente desiste porque sabe que não obterá o melhor desempenho possível, ela deixa de ser autocrítica para ser perfeccionista. Essa postura favorece a autossabotagem, em que o indivíduo deixa de tentar por medo de falhar.
Na vida, ninguém tem certezas. As pessoas de sucesso correm riscos. Às vezes as coisas dão certo, às vezes não. Evoluir individualmente para lidar com as duas circunstâncias faz parte do desenvolvimento pessoal.
Aceitar que somos humanos
Este item pode parecer óbvio ou ingênuo, mas precisa ser pontuado: as pessoas se esquecem de que são seres humanos. A vida não vem com um manual de instruções. Cada pessoa precisa aprender para viver, e boa parte desses aprendizados vem do erro.
É preciso parar de demonizar o erro como se ele fosse imperdoável. Aliás, a confiança só pode ser adquirida quando nos expomos às circunstâncias da vida, ou seja, quando estamos vulneráveis. Para saber se você será um bom professor, é preciso dar aulas. Para saber se você será um bom escritor, é preciso escrever. Para saber se você será um bom marido, é preciso propor uma vida a dois.
Sempre que alguém se arrisca, esse alguém está sujeito ao erro. Projetos podem dar errado, e está tudo bem. A falha não é o oposto do sucesso, mas a etapa que o antecede. Não são poucos os exemplos de nomes de sucesso que tiveram inícios complicados ou que ouviram sonoros “nãos” no decorrer de suas trajetórias.
Essas pessoas, contudo, acolheram a sua natureza humana de errar. Elas não aplicaram punições a si mesmas por não terem sido aprovadas. Ao contrário: elas passaram a analisar o que poderiam fazer de diferente até alcançarem os seus objetivos — e não precisavam ser perfeitas para isso!
Ressignificar experiências ruins
Se alguém não gosta de você, se o seu trabalho foi rejeitado, se fizeram alguma crítica às suas atitudes ou se você simplesmente não foi bem-sucedido em algum projeto, não puna a si mesmo. Avalie o que você poderia ter feito de diferente. Encontre o que deu errado e o porquê de isso ter acontecido.
Se você recebeu críticas de outras pessoas, questione: essa pessoa quer o seu bem de verdade? As críticas que a pessoa pontuou são construtivas ou puramente depreciativas? Essas críticas fazem sentido? Você não é obrigado a concordar com elas. Por isso, é importante conhecer a si mesmo — assim, você saberá se o que os outros dizem a seu respeito procede ou não.
A autocrítica serve para que você extraia aprendizados dos próprios erros e consiga fazer melhor na próxima tentativa, sem dar tanta importância o que os outros pensam. O perfeccionista fica frustrado porque não conseguiu a nota dez, enquanto o autocrítico fica feliz pela nota oito e vai ver onde errou para, na próxima prova, conseguir uma nota mais alta.
Como se diz popularmente, você não precisa ser perfeito, nem melhor do que o outro. Basta que você seja hoje melhor do que quem você foi ontem. Este é o objetivo da autocrítica: permitir que você entre num ciclo constante de aprendizados e de evolução, mesmo sabendo que a perfeição não existe.
Sem medo de ser feliz
Em conclusão: não permita que o medo de não tirar dez o impeça de fazer a prova. Você pode ser muito feliz com um nove! E se quiser mesmo ir atrás do dez, tente outra vez!
Se você sempre esperar pelas circunstâncias ideais ou pelo seu melhor momento para fazer algo, você nunca fará nada. As aptidões não surgem da noite para o dia. Elas se desenvolvem conforme você se permite desenvolvê-las. Portanto, se quiser fazer algo, comece! Prepare-se, mas não procrastine! Se errar, aprenda com os erros.
E você, tem sido autocrítico ou perfeccionista? Aprende com os erros ou desiste por medo de tentar? Quer ser melhor do que ontem ou melhor do que o outro? Deixe as suas respostas nos comentários abaixo. Por fim, não se esqueça de compartilhar este artigo com todos os seus amigos, colegas e familiares, por meio das suas redes sociais!