Jonas é um dos profetas citados na Bíblia. O seu relato é um dos mais impressionantes, por ter passado 3 dias e 3 noites dentro de um grande peixe, de acordo com a vontade de Deus. Essa passagem é entendida como uma metáfora para o recolhimento, o medo e o isolamento.

A história de Jonas deu origem ao chamado “complexo de Jonas”, um efeito psicológico relacionado àqueles que sabotam a si mesmos e que não enfrentam o mundo como ele é. Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais do relato bíblico de Jonas e do complexo ao qual ele deu origem. Preparado? Então, siga em frente e tenha uma ótima leitura!

A história de Jonas na Bíblia

O relato bíblico conta que Jonas era um profeta do Antigo Testamento, portanto antes do nascimento de Jesus Cristo. Ele recebeu de Deus a ordem de comunicar aos habitantes da cidade de Nínive que ela seria destruída, em razão das maldades praticadas naquele lugar.

Com medo da responsabilidade da missão e de não ser ouvido naquela localidade, Jonas foge e entra em um barco que seguia rumo a uma direção oposta a Nínive. Ao ver a desobediência de Jonas, Deus lança sobre o barco uma tempestade. Percebendo que a causa daquele mal enviado por Deus era a desobediência de Jonas, os demais tripulantes da embarcação lançam o profeta ao mar.

Jonas consegue se salvar da tempestade ao ser engolido por um grande peixe, permanecendo no seu interior por 3 dias e 3 noites. Arrependido de fugir da missão dada por Deus, Jonas ora e pede perdão durante esse período. O peixe, então, o vomita em terra seca.

Em seguida, Jonas segue rumo a Nínive e afirma a todos os cidadãos que a cidade será destruída, caso eles não se arrependam das suas maldades. As pessoas da cidade, então, demonstram uma postura de humildade e penitência diante de Deus, que poupa a região da destruição.

A interpretação da história e o Complexo de Jonas

Nenhum ser humano poderia realisticamente viver por 3 dias e 3 noites dentro de um peixe. Por isso, acredita-se que esse livro da Bíblia contenha uma linguagem metafórica para representar a fuga, o isolamento e o arrependimento de Jonas, que tinha medo de assumir a missão que havia sido enviada por Deus a ele.

De acordo com os psicólogos, o termo “complexo de Jonas” é utilizado atualmente para referir-se a pessoas que têm medo ou que não sabem lidar com o próprio sucesso e com a importância das missões que a elas são atribuídas. Nesse caso, o indivíduo demonstra medo, insegurança, baixa autoestima e pouca autoconfiança. Ele não se sente preparado para os desafios que surgem no seu caminho e encontra algum meio de fugir deles, assim como fez o profeta Jonas no relato bíblico.

Explicações psicológicas para o complexo de Jonas

Ainda segundo os psicólogos, esse complexo pode ocorrer com qualquer pessoa, mas parece ser mais forte na geração millennial, dos nascidos nos anos 1980 e 1990 e que, portanto, passaram pelo processo de integração ao universo digital.

Muitas dessas pessoas, que hoje são jovens adultos, manifestam medo da mudança, culpa, insegurança, medo da rejeição, e por aí vai. Até mesmo pessoas de muito sucesso e poder; como jogadores de futebol, influenciadores digitais e empreendedores; podem manifestar esse complexo em algum momento das suas vidas.

Em geral, é comum que essas pessoas se sintam culpadas, em algum nível, por estarem alcançando um sucesso e ganhos financeiros superiores aos seus pais, o que as leva a sentirem-se desconfortáveis e até mesmo a boicotarem o próprio sucesso. Sentem-se inseguras por ganharem destaque, poder e fama e sabotam a si mesmas por acreditarem que tudo aquilo que está acontecendo é “grande demais” para as suas próprias capacidades.

É basicamente o que houve com o profeta Jonas na Bíblia: ele sentia que a missão que Deus lhe havia dado, de comunicar a destruição de uma cidade inteira (caso os seus habitantes não mudassem de atitude), era grande demais para as suas capacidades. Por isso, fugiu e preferiu o isolamento e anonimato.

Principais sintomas do complexo de Jonas

Os principais sinais manifestados por alguém que vivencia esse complexo são:

  • Não aceitação do fluir da vida e das oportunidades que surgem;
  • Medo de assumir o seu propósito de vida;
  • Medo de mostrar-se como alguém brilhante e talentoso, por não saber lidar com o destaque;
  • “Fuga” do sucesso, inventando desculpas para não trabalhar e não progredir;
  • Vontade de permanecer onde está, no anonimato e na chamada “zona de conforto”;
  • Crenças limitantes sobre si mesmo: insegurança, sensação de incapacidade e baixa autoestima;
  • Distorção cognitiva acerca da realidade: acreditar com frequência que a missão assumida será difícil demais para si ou que o julgamento alheio será cruel;
  • Mecanismos de defesa para não alcançar o sucesso e a autorrealização;
  • Medo de dar as suas ideias e sugestões ou de expressar opiniões contrárias às da maioria — tanto na vida pessoal como na vida profissional;
  • Medo de ser diferente, levando a pessoa a “neutralizar” as suas características individuais para ficar mais parecido com os outros, a fim de “passar despercebido” na sociedade.

Lidando com esse complexo de forma saudável

É importante compreender que o complexo de Jonas é resultado de uma série de crenças limitantes e distorcidas sobre a realidade e sobre o próprio indivíduo. A sua raiz está na baixa autoestima, que leva a pessoa a não se julgar capaz de viver as oportunidades que a vida está concedendo.

É comum que essas pessoas tenham um discurso do tipo: “Dinheiro e fama atraem inveja, então é melhor deixar as coisas como estão”, como uma desculpa para a autossabotagem. O medo do destaque e da rejeição leva essas pessoas a considerarem o fracasso mais cômodo do que o sucesso.

Para que as pessoas lidem e superem o complexo de Jonas, é necessário compreender, em primeiro lugar, que ele é resultado de crenças negativamente enviesadas, que nos levam a entender a realidade e a nós mesmos de forma muito negativa. Nesse sentido, precisamos entender que o medo e a ansiedade devem nos proteger dos riscos, mas que, em excesso, são mais nocivos do que benéficos, pois nos levam à desistência (o que não é necessário!).

Por isso, os processos de coaching e de psicoterapia individual ajudam as pessoas a entenderem essas distorções promovidas pela própria mente. Assim, os profissionais conduzem cada indivíduo a uma série de reflexões objetivas, com vistas a derrubar as crenças limitantes e a restabelecer a sua autoestima e a sua capacidade de viver o sucesso — sem culpar-se e sem julgar-se despreparado para ele.

Além dessa mudança de mindset, algumas sugestões mais práticas podem ser dadas ao indivíduo, de modo que ele possa administrar o seu medo e a sua ansiedade:

  • Técnicas de autocontrole;
  • Foco no momento presente;
  • Exercícios de visualização do futuro;
  • Exercícios de respiração diafragmática;
  • Mentorias para alcançar objetivos com mais facilidade e planejamento;
  • Perguntas de coaching, a fim de estimular reflexões mais racionais e objetivas.

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