Quando falamos em dores emocionais, falamos em emoções negativas que, por mais que façam parte da vida, nem sempre são processadas de maneira adequada. De acordo com a psicologia e diversas outras ciências do comportamento humano, muitas dessas dores são sentidas na vida adulta, mas têm as suas origens muito mais cedo.

A infância é uma fase de descobertas, mas também de muita vulnerabilidade. Tudo aquilo que é visto, ouvido ou sentido adquire uma importância enorme naqueles cérebros que ainda estão sendo moldados. Por isso, eventos negativos podem se tornar traumas, afinal de contas, a criança ainda não tem bases intelectuais e emocionais para lidar adequadamente com eles.

Um desses traumas é a rejeição. Uma criança que é rejeitada, o que pode ocorrer em diferentes contextos, pode desenvolver uma série de consequências negativas, muitas das quais são levadas para a vida adulta, em que continuam a comprometer a qualidade de vida das pessoas. Compreenda como esse processo ocorre e como podemos colocar um fim nele, na sequência. Boa leitura!

A rejeição na infância

A rejeição é o nome dado ao processo em que um indivíduo não é aceito por outra pessoa ou por um grupo de pessoas, devido a alguma das suas características. Na infância, isso pode ocorrer dos pais para os filhos, entre irmãos, entre vizinhos, entre colegas de escola, e por aí vai.

O processo é extremamente doloroso e, infelizmente, ocorre também na infância e na adolescência, que são períodos de maior vulnerabilidade. Nessas fases, tudo o que a pessoa quer é encontrar o seu lugar no mundo e pertencer a um grupo ou sociedade, onde se sinta confortável.

A rejeição pode ocorrer por diferentes motivos: características físicas, características emocionais/intelectuais, condições sociais, religião, orientação sexual, cultura, raça, entre outros. O individuo percebe que é diferente e que, por isso, não é aceito naquele meio. Aos poucos, compreende que a sua característica é vista como “errada” no ambiente — o que não é verdade.

Os impactos dessa dor emocional

PSC

Viver uma rejeição é algo extremamente doloroso em qualquer idade, mas, sobretudo, durante a infância e a adolescência. A pior parte é que, de tanto sofrer rejeições, o indivíduo começa a acreditar que realmente é inferior aos outros em algum aspecto — físico, emocional, intelectual, social etc.

Mesmo que ele seja capaz de reconhecer as suas qualidades, ele acredita que elas não são boas o bastante para viver em grupo. Isso gera um isolamento doloroso, em que a pessoa começa a cobrar de si um desempenho cada vez melhor, beirando o perfeccionismo, para ser socialmente aceita.

Na idade adulta, a pessoa percebe que a rejeição faz parte da vida, mas que nem por isso é menos cruel. Aos poucos, a pessoa sofre com a baixa autoestima, com as comparações constantes, com o desânimo e com a dificuldade de alegrar-se pelas próprias conquistas. Isso se converte em medo de sair da zona de conforto, em desistências, em comodismo e em uma dificuldade enorme em ser quem a pessoa de fato é, anulando a sua identidade e a sua felicidade.

Como lidar com a rejeição na idade adulta?

A rejeição pode aparecer tanto na vida pessoal como na vida profissional, fazendo parte da trajetória de toda e qualquer pessoa. O processo é particularmente mais complexo nos casos de quem carrega consigo esse trauma desde a infância, mas não é impossível lidar com ele. Confira algumas recomendações sobre isso na sequência!

1. Separe a rejeição do rejeitado

Ouvir um “não” como resposta não necessariamente tem a ver com você. Pode ser que a expectativa do outro não tenha sido atendida, embora tudo esteja bem com você. Se uma empresa rejeitou o seu currículo, por exemplo, isso não significa que a sua experiência profissional seja ruim, mas apenas que ela não estava adequada às necessidades daquela empresa naquele momento. O mesmo vale para a vida pessoal: ser rejeitado por alguém não significa que há algo de errado com você.

2. Desenvolva a sua autoestima

A autoestima é a capacidade que uma pessoa tem de gostar de si mesma. Isso inclui reconhecer os pontos que precisam ser melhorados, bem como aqueles que já podem ser considerados qualidades. De tempos em tempos, é importante olhar para trás e verificar todos os seus pontos positivos. No dia a dia, acabamos nos dedicando tanto à conquista daquilo que nos falta, que nos esquecemos de valorizar quem já somos e o que já conquistamos. Faça esse exercício para valorizar a sua autoestima e amar-se!

3. Respeite a ausência de reciprocidade

Infelizmente, nem todos os nossos sentimentos são recíprocos. Às vezes, nutrimos estima e admiração por pessoas que não nos admiram da mesma forma ou na mesma intensidade. Isso não é um ataque pessoal, mas apenas a vida como ela é. Mesmo em relações duradouras, as circunstâncias e os sentimentos mudam, e é comum que isso aconteça, inclusive em amizades. Portanto, não cobre a reciprocidade do outro e não dependa dela para ser feliz. Aceite e dedique-se a quem gosta de você de verdade.

4. Aprenda a lidar com a tristeza

A tristeza e a frustração são sintomas e consequências da dor emocional da rejeição. Elas surgem quando as expectativas que criamos são muito altas e não se concretizam. Por isso, aprenda a administrar as expectativas que você cria diante de certos acontecimentos e em relação a determinadas pessoas. Se as suas expectativas não se concretizarem, entenda que há um tempo necessário para que a tristeza diminua e para que você recupere as forças. Porém, não fuja da dor. Aprenda com ela!

5. Continue a sua vida

A melhor maneira de superar uma rejeição é dando continuidade à vida. É sempre difícil saber que alguém não nos aceita, mas devemos entender que há bilhões de pessoas no mundo. Certamente, há alguém que deseja o nosso bem. Portanto, siga em frente e continue dando o melhor de si em todas as áreas da sua vida. Segundo os especialistas no tema, é importante redirecionar o desejo para outras pessoas queridas. No mais, não tenha pressa para ser aceito. Cuide de si mesmo!

6. Mantenha-se ativo

Diante de uma rejeição, o primeiro impulso é o de querer ficar quietinho, isolado, sem fazer nada, devido à tristeza e à desmotivação. No início, é natural que assim seja, mas não permita que essa fase dure mais do que o necessário. Pratique atividades físicas, estude, trabalhe, invista nos seus hobbies, enfim, mantenha-se ativo. Isso fará com que você perceba que, com ou sem a aceitação dos outros, a sua vida continua, e você se mantém no controle dela. Essa é uma importante fase da superação!

7. Extraia lições dos seus erros

Muitas vezes, a rejeição não depende de nós. No entanto, há algumas situações em que nós também cometemos erros que contribuem com ela. É o que ocorre quando criamos expectativas muito altas, quando investimos em pessoas inacessíveis demais ou quando mandamos um currículo para uma vaga que não tem muito a ver com as nossas habilidades. Utilize os erros para ser mais seletivo e mais estratégico, tanto na vida pessoal como na profissional. Isso ajuda a amenizar as rejeições sofridas.

8. Lembre-se de que você também rejeita

Outra dica importante para lidar com a rejeição é lembrar que, assim como todo mundo um dia é rejeitado, todo mundo um dia rejeita alguém. Você também já teve que dizer “não” para alguém na balada ou recusar um currículo incompatível com a vaga da sua empresa. Por isso, entenda que a rejeição pode ser positiva no sentido de livrar as pessoas de experiências para as quais não estão prontas ou que não são adequadas. Lembre-se desses momentos para compreender que as rejeições acontecem.

O que não fazer?

Ninguém gosta de passar por uma rejeição. No entanto, é possível extrair dela determinados aprendizados que nos ajudam a evoluir. Recompor-se pode demorar algum tempo, e está tudo bem. Contudo, não adote determinadas atitudes autodestrutivas, como as que listamos a seguir:

  • Remoer o que já passou, tentando atribuir culpas a si e aos outros;
  • Isolar-se das pessoas ao seu redor, acreditando que não pode mais confiar em ninguém;
  • Desejar e planejar vinganças sobre quem o rejeitou;
  • Criticar-se ou desenvolver uma imagem negativa sobre si mesmo por causa de uma rejeição;
  • Procurar precocemente envolver-se com outras pessoas ou experiências, no desejo de substituir a pessoa que o rejeitou, antes mesmo de superar o que houve.

Lidar com a rejeição e superá-la é algo extremamente difícil, sobretudo quando estamos diante de um problema cujas raízes estão lá na infância, desdobrando-se em diversas crenças limitantes. Todavia, com autoestima e amor-próprio, certamente seremos capazes de superar essas questões e de lidar com a rejeição de formas cada vez mais eficazes.

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