É comum ouvirmos por aí que ter autoestima é importante, mas que nem todas as pessoas conseguem fazê-lo. De fato, esse processo pode ser mais tranquilo para alguns e mais desafiador para outros, mas trata-se de condição essencial à felicidade.

Gostar de si mesmo quando tudo vai muito bem, obrigado, é tarefa simples. Mas e quando cometemos erros? Quando nos olhamos no espelho e vemos coisas que não queríamos — não apenas na aparência, mas também em atitudes, crenças, valores etc.? O desafio fica muito mais amplo quando detectamos que cometemos falhas, não é mesmo?

O que é autoestima e o que ela tem a ver com os nossos erros?

A autoestima é a avaliação que um indivíduo faz de si mesmo e o grau de aceitação que obtém como resultado dessa avaliação. Em palavras mais simples, trata-se da qualidade de gostar de si mesmo, o que é ingrediente fundamental a uma vida de autoconfiança, satisfação, coragem e felicidade.

Ter autoestima é muito importante para que possamos dizer “sim” aos desafios da vida. Sem ela, nenhuma pessoa jamais prestaria vestibular, se candidataria a vagas de emprego ou mesmo se declararia para a pessoa amada. Alguém com autoestima é alguém que não apenas conhece a si mesmo, mas que ama a si do jeito que é.

É importante ressaltar que essa expressão “do jeito que é” naturalmente inclui os erros que cometemos. Não é possível desenvolver autoestima apenas com base naqueles momentos em que tudo dá certo e em que as nossas qualidades brilham. É nas situações que dão errado e em que questionamos as nossas capacidades que mais precisamos confiar em nós mesmos para dar uma resposta à altura.

Assim, entenda que desenvolver essa característica nada tem a ver com cometer erros ou não — até porque não temos escolha: todos nós erramos. Isso tem muito mais a ver com a maneira como lidamos com essas imperfeições!

Como lidar melhor com as próprias falhas?

Portanto, para desenvolver a autoestima, não devemos simplesmente “parar de errar”, mas sim ressignificar o erro e dar a ele contornos mais positivos e produtivos. Confira como isso é possível por meio dos 13 passos a seguir.

1. Aceite a realidade da imperfeição

Em primeiro lugar, aceite que o erro faz parte da vida de todo e qualquer ser humano. Nem mesmo a pessoa que você mais admira e que você acha que nunca erra é perfeita. Todos nós cometemos falhas, pelo simples fato de que a vida é uma grande performance sem direito a ensaio. Assim, o erro acontece, e está tudo bem.

Na verdade, sob uma ótica mais otimista, errar pode até ser visto com bons olhos, pois é sinal de que a pessoa está fazendo algo que nunca fez, tentando algo que nunca tentou, enfim, expandindo os seus horizontes de conhecimentos e de atitudes. Portanto, é indício de humanidade ser imperfeito — e até mesmo de coragem!

2. Extraia aprendizados dos erros

Errar faz parte da vida, mas isso não acontece à toa. É preciso que fiquemos atentos aos erros para entender como eles aconteceram, por que se originaram e o que nós poderíamos ter feito de diferente. A análise, com calma e sem culpa, é primordial para que cada indivíduo examine o que pode e deve melhorar, de modo que as falhas não se repitam.

Errar é humano, mas nem por isso devemos gostar do erro. As falhas são incômodas justamente para que não nos acostumemos a elas. É desse incômodo que surge a vontade de fazer diferente, de recomeçar e de mudar algo para que o próximo resultado seja melhor. É esse o processo de aprendizado e evolução.

3. Aproveite para ampliar o autoconhecimento

Não existe autoestima sem autoconhecimento, uma vez que, para que alguém ame a si mesmo, é preciso primeiro conhecer bem a si mesmo. É por isso que, ao longo de toda a jornada, nós devemos nos conhecer mais. Mas o que um erro revela sobre alguém? Muita coisa, na verdade!

O erro mostra a qualidade que ainda não desenvolvemos, o conhecimento que ainda não adquirimos, a prática que ainda nos falta e até mesmo a humildade que dignifica qualquer ser humano. Por isso, entenda que os seus erros não definem quem você é, mas eles o ajudam a reconhecer as suas limitações, o que é o primeiro passo para um crescimento verdadeiro e expressivo.

4. Desenvolva a autorresponsabilidade

Outro fato em que o erro pode ampliar a nossa dignidade consiste no ato de assumir a própria responsabilidade. Se você cometer um erro, assuma. Não invente desculpas ou atribua a falha a terceiros. Admita que você errou — ao menos em parte. Isso não o torna menos humano, muito pelo contrário.

A autorresponsabilidade consiste justamente em assumir os próprios resultados em todas as áreas da vida, sejam eles bons, sejam ruins. Em contrapartida, se você sempre “empurrar” esses resultados para outras pessoas ou circunstâncias da vida, como espera aprender e crescer? Evite esse comportamento. Seja responsável por si mesmo, pois isso apenas engrandecerá o seu caráter e amenizará a sua intolerância ao erro.

5. Compreenda a (auto)crítica construtiva

A crítica construtiva é aquela que é feita com o real propósito de ajudar alguém a compreender as origens dos seus erros, a corrigi-los e a melhorar continuamente, no sentido de não mais cometê-los. Se alguém fizer a você uma crítica nesse sentido, aceite-a de bom grado, pois essa pode ser uma boa oportunidade de crescimento.

Muitas vezes, porém, essa crítica não vem do outro, mas de nós mesmos. Por isso, questione-se: como você tem conversado consigo mesmo? Que palavras tem usado? Como tem tolerado os seus erros? Se alguém falasse em voz alta o que você pensa a respeito de si mesmo, você seria amigo desse alguém? Critique a si mesmo de forma construtiva, sem depreciar-se e desconfiar das próprias capacidades. Erros não são tragédias.

6. Foque nas soluções

Conforme você já percebeu, é importante naturalizar o erro e estar disposto a aceitá-lo. No entanto, reconhecer as próprias falhas é apenas a primeira etapa da jornada de construção da autoestima. Tendo reconhecido que algo deu errado, não se desespere. Administre as suas emoções e lembre-se de que nenhum estado é definitivo, tudo é temporário.

Analisando o erro, você poderá ponderar sobre as soluções que se apresentam. Por exemplo: se você investiu o seu dinheiro de forma precipitada, pode utilizar o mau resultado obtido como lição para que, nas próximas oportunidades, possa investir com mais pesquisas, análises embasadas e tranquilidade. Concentre os seus pensamentos no que você pode fazer para corrigir a falha, ou ao menos para não mais cometê-la.

7. Reduza o valor da aceitação externa

É com muita frequência que as pessoas constroem a sua autoestima com base na aceitação externa. De fato, desde os primórdios da existência da nossa espécie, é característica de qualquer ser humano buscar a aceitação do outro ou de determinados grupos sociais onde possa encontrar afeto e forças.

Entretanto, creditar toda a sua autoconfiança às opiniões de outras pessoas pode ser muito prejudicial. Nesse sentido, lembre-se de que, assim como você, o outro também comete erros. Portanto, seja tolerante com a falha alheia, mas também não se sinta mal por ter falhado na frente de terceiros. A autoestima depende de saber errar, aprender e seguir em frente, sem dar tanta importância ao que dizem por aí.

8. Pare de se comparar com os outros

Isso nos leva naturalmente ao oitavo item da nossa lista, que é exatamente parar de se comparar com os outros. As pessoas no mundo são completamente diferentes entre si. Apresentam diferentes origens, idades, personalidades, conhecimentos, habilidades, valores, desejos, sonhos, pontos a desenvolver, e por aí vai. Bem, se somos assim tão distintos, por que estabelecer o outro como base de comparação?

Se o seu amigo é casado e com filhos, mas você não tem essa condição de vida, isso por acaso quer dizer que você esteja “vivendo errado”? É claro que não! Há muitas formas de viver, e quem é alguém para dizer o que é certo e o que é errado? Viva de acordo com as suas convicções, procurando melhorar a cada dia.

9. Tenha compaixão consigo mesmo

Compaixão não significa pena ou dó. Significa apenas acolher os seus próprios sentimentos, afinal de contas, você é um ser humano, e não uma máquina. Conforme já citamos, ninguém deve gostar de errar, mas podemos perfeitamente aceitar que os erros acontecem. Por isso, seja flexível consigo mesmo, sem autopunição.

Assim como você deseja o perdão dos outros, também perde a si mesmo. As coisas parecem óbvias depois que você já sabe o resultado, mas isso só é possível porque você se arriscou. Não se julgue por não ter sabido ontem o que você sabe hoje. A vida é assim mesmo: uma sucessão de aprendizagens, sendo que muitas delas só vêm das falhas que cometemos.

10. Defina metas realistas

Se você quiser lidar melhor com o erro, precisa compreender que errar gera frustrações, o que demanda muita humildade e paciência. Diante disso, procure ser mais realista ao definir as metas que você pretende alcançar na vida. Essa simples decisão permite que você cometa menos erros, ou ao menos que erre sem tanta gravidade.

Por exemplo, se você nunca fez investimentos financeiros, não comece direto pela Bolsa de Valores. Inicie esse caminho pela renda fixa, em que a incerteza é menor. Utilize esse exemplo para basicamente tudo o que fizer na sua vida: você não deve ter medo de errar, mas nem por isso deve deixar a prudência e o planejamento estratégico de lado.

11. Construa um ambiente de apoio

É “mais fácil” lidar com o erro quando temos com quem contar nessas horas difíceis. Por esse motivo, tenha sempre ao seu redor uma rede de pessoas com quem possa contar. Amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos, entre outras pessoas podem dar um suporte muito edificante quando percebemos que erramos.

Não se trata de buscar aceitação nesses indivíduos, mas apenas apoio. Não sentir-se sozinho nos ajuda consideravelmente na hora de restabelecer a autoestima, recuperar-se emocionalmente e tentar novamente. Isso não quer dizer que você não possa dar a volta por cima sozinho, mas apenas que esse processo tende a ser mais fácil quando estamos acompanhados.

12. Pratique a gratidão diária

As pessoas que focam nos erros, mais do que nas soluções, podem ser mais pessimistas e “ver o copo sempre meio vazio”. Assim, se você deseja edificar a sua autoestima e lidar melhor com as próprias falhas, pode ser necessário modificar algumas crenças ou ao menos olhar para a vida sob diferentes pontos de vista.

Nesse sentido, a gratidão pode despertar um mindset mais otimista e menos focado em erros. A prática diária do simples ato de agradecer permite que o indivíduo perceba aspectos positivos da vida, mesmo quando ocorrerem erros. Isso pode ajudar a manter uma perspectiva equilibrada, em que a falha não é vista como o fim do mundo.

13. Exercite a resiliência

Por fim, devemos ressaltar que a resiliência é uma característica que nos ajuda a desenvolver a autoestima. Há uma música bastante conhecida no Brasil que diz: “Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima”.

Essa é a essência da resiliência, pois significa entender que nenhum resultado na vida é eterno. Tudo é passageiro, tudo muda, e nenhum erro permanece na eternidade. Sempre é tempo de recomeçar, de tentar de novo, de recalcular a rota, enfim, de se recuperar intelectual e emocionalmente das falhas cometidas. Use os aprendizados extraídos de cada circunstância como um meio de fortalecer-se.

As 13 orientações acima são essenciais para que cada pessoa possa fortalecer a própria autoestima e lidar adequadamente com as falhas que comete. Não há uma “receita ideal” ou uma “fórmula pronta” para isso. Basicamente, a ideia é normalizar o erro como parte da experiência humana, aprender com as falhas cometidas e reunir esses novos conhecimentos para tentar de novo. No mais, desenvolva o seu autoconhecimento e o seu equilíbrio emocional para “saber errar”.

“Quanto mais eu me conheço, mais eu me curo e me potencializo” — José Roberto Marques.