Você já ouvir falar no termo em inglês outlier? Ele é traduzido para a língua portuguesa como um “ponto fora da curva”, o que pode ser tanto positivo quanto negativo. Contudo, no âmbito do desenvolvimento pessoal, esse termo é comumente compreendido de forma positiva, a fim de referir-se às pessoas que encontraram um sucesso muito grande nas suas respectivas áreas de atuação.
Dessa forma, podemos compreender que Beyoncé, Steve Jobs e Pelé sejam outliers nos seus segmentos. Mas o que essas pessoas têm em comum? Seria um talento inato? Ou uma dedicação aos treinamentos e à prática? O psicólogo sueco Anders Ericsson conduziu um estudo a esse respeito, de modo a compreender melhor as origens do desempenho de excelência dos outliers.
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Os estudos de Anders Ericsson sobre os outliers
Nos anos 1990, o psicólogo sueco Anders Ericsson conduziu um estudo na Academia de Música Berlim, ao lado de alguns colegas. O objetivo dos pesquisadores era identificar se havia relações expressivas entre as horas de prática e o alcance da excelência em um grupo de violinistas.
Aos 5 anos de idade, a prática dos jovens violinistas era de 2 a 3 horas por semana. Aos 8 anos, até 6 horas. Aos 12 anos, aproximadamente 16 horas. Aos 20 anos, aproximadamente 30 horas semanais. Assim, Ericsson chegou a um numero aproximado de 10 mil horas de prática, ou seja, uma vida dedicada ao desenvolvimento de uma habilidade.
Em nenhum momento Ericsson deixou de lado a ideia de que a genética e o talento inato têm o seu peso no caso dos outliers. No entanto, ele nitidamente constatou que a performance era melhor na medida em que havia mais tempo sendo dedicado à prática. Contudo, por mais que o número de 10 mil horas tenha se tornado um “fenômeno” divulgado em muitos meios de comunicação, o autor ressalta que mais importante do que as horas em si é a seriedade com que a prática é conduzida.
Além disso, o autor pontua também que nenhum ser humano seria capaz de completar uma jornada de 10 mil horas de dedicação a uma atividade sem o apoio de familiares e de pessoas emocionalmente maduras. Até mesmo Mozart, com toda a sua genialidade, precisava do suporte emocional, financeiro e motivacional dos seus familiares.
Principais aprendizados da pesquisa de Ericsson
Ericsson conduziu os seus estudos por mais de 30 anos, concluindo que toda habilidade pode ser aprendida e desenvolvida. Os seus aprendizados estão condensados no seu livro “Direto ao ponto: os segredos da nova ciência da expertise”.Na obra, o autor ressalta que as pessoas “fora da curva” são resultado do que chama de “prática deliberada”.
Os seus estudos foram predominantemente realizados com base em indivíduos que alcançaram a excelência nas artes, na ciência e nos esportes. Todavia, a prática deliberada pode levar qualquer pessoa a ser bem-sucedida na atividade que desejar: tocar um instrumento musical, aprender um novo idioma, alcançar um bom desempenho em algum esporte ou simplesmente ser um profissional de sucesso.
Confira alguns dos principais aprendizados que podemos extrair da pesquisa de Ericsson sobre os outliers.
1. A prática deve ser deliberada
O conceito-chave dos estudos de Ericsson é a “prática deliberada”. Isso significa que o sucesso não depende apenas da prática em si, ou seja, da quantidade de horas que as pessoas dedicam aos treinos. O que faz a diferença é ter um método nessa prática, compreendendo as suas partes e entendendo conscientemente o progresso que pode ser feito por meio dela. A prática deliberada consiste em analisar continuamente os comportamentos que geram resultados positivos e os que nos prejudicam, trabalhando até alcançar o estado desejado.
2. É preciso definir objetivos específicos
A prática deliberada depende de objetivos específicos, ou seja, de uma meta determinada, a ser alcançada por meio de pequenos passos. O indivíduo não pode ter objetivos múltiplos ou muito generalistas. Ele precisa esmiuçar e selecionar o aspecto em que realmente pretende alcançar a excelência. Assim, ele conseguirá dedicar-se com prioridade e intensidade, desenvolvendo uma perspectiva realista de aperfeiçoamento. Não adianta querer ser o melhor no vôlei e no futebol ao mesmo tempo, por exemplo.
3. O foco é essencial
Ser um outlier é muito gratificante, mas talvez nem todos se deem conta dos sacrifícios que são feitos diariamente para tornar-se um ponto fora da curva. Para perseguir esse objetivo, é preciso renunciar a muitas coisas. Essas pessoas dedicam dias e horários importantes das suas vidas à atividade em questão, e nada mais. Precisam, muitas vezes, abdicar de hobbies, de lazer e de vida social para que consigam aperfeiçoar continuamente o seu desempenho. Priorizam e focam naquilo.
4. O feedback faz parte do processo
Não há como progredir sem mensurar o seu desempenho. Por isso, todo outlier recebe feedbacks periódicos de si mesmo ou dos seus treinadores, mentores, professores etc. Esse retorno é importante para que a pessoa obtenha reconhecimento acerca dos seus acertos, o que fortalece a sua motivação. É importante também para que o indivíduo entenda onde está falhando e o que deve fazer para corrigir o erro. Só assim é possível progredir de modo contínuo.
5. O indivíduo precisa sair da sua zona de conforto
Ser um outlier demanda um esforço para alcançar resultados muito elevados, que não passam nem perto da zona de conforto. Por isso, é preciso tentar fazer algo que você nunca fez antes, superar os próprios limites e motivar-se a alcançar resultados extraordinários. Isso envolve competências comportamentais e emocionais, superando medos, inseguranças e crenças limitantes sobre si mesmo. É por isso que a psicologia e o coaching são também grandes aliados desses indivíduos de sucesso.
Portanto, o número de 10 mil horas para alcançar a excelência em algo pode até ser uma referência, mas não basta praticar todo esse tempo sem saber o jeito ideal de executar essa prática. É esse o alerta feito por Ericsson para que as pessoas prosperem naquilo que quiserem, alcançando o sucesso e a excelência que tanto buscam!
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