O cérebro de uma criança ainda está em constante desenvolvimento. Dessa forma, ela ainda não tem estruturas sólidas para lidar com determinados acontecimentos da vida, tanto no aspecto emocional como no aspecto racional. Dessa forma, muitos dos eventos ocorridos durante a infância não são adequadamente processados pelo indivíduo. No caso dos eventos negativos, eles se tornam dores emocionais.

As dores emocionais, também chamadas de feridas emocionais, são dificuldades que a criança enfrenta para lidar com determinadas situações da vida que despertam emoções negativas. Com alguma frequência, essas dores se perpetuam pelas diferentes fases da vida, gerando consequências que podem ser sentidas na idade adulta.

Há diversas dores emocionais que podem ser vivenciadas por uma pessoa. Uma dessas dores é o medo do desconhecido. Neste artigo, vamos compreender por que o desconhecido é fonte de tanto sofrimento, sobretudo para as crianças. Vamos compreender também quais são as consequências desses medos na idade adulta e o que é possível fazer para lidar adequadamente com eles. Para saber mais sobre o assunto, é só continuar a leitura a seguir!

O que é o medo do desconhecido?

O que você sentiu na primeira vez em que dirigiu um carro? Possivelmente, sentiu a adrenalina e o peso da responsabilidade de conduzir aquele veículo. Também pode ter se empolgado com a sensação de liberdade e independência. Contudo, por outro lado, provavelmente também sentiu medo: de bater o carro, de machucar alguém, de machucar a si mesmo, enfim de provocar algum acidente.

Tudo aquilo que fazemos pelas primeiras vezes desperta algum nível de medo. O corpo e a mente reconhecem que aquela atividade é nova, desencadeando uma série de mecanismos na mente para redobrar o foco e a atenção, o que naturalmente nos deixa mais tensos e ansiosos. Trata-se de um mecanismo que nos impulsiona a uma preparação mais cuidadosa, diante do desafio que está por vir, diferentemente daquelas atividades com as quais já estamos mais acostumados.

Se hoje lhe propusessem que você fizesse algo que nunca fez antes, como pilotar um avião ou dar uma aula de matemática para 40 crianças de 10 anos, provavelmente você sentiria emoções parecidas, não é mesmo? Dessa forma, podemos notar que o medo do desconhecido é algo natural e normal, mas que, quando vivenciado de forma traumática na infância, pode prejudicar consideravelmente a qualidade de vida de uma pessoa na idade adulta.

Como se dá o medo do desconhecido na infância?

Na idade adulta, o medo do desconhecido é um desafio. Contudo, durante a infância, ele é ainda mais desafiador, pois é uma experiência recorrente. Para quem acabou de chegar ao mundo, tudo é novo e tudo é desconhecido. É por isso que as crianças têm medos que, aos olhos dos adultos não fazem sentido. Há crianças que têm medo de passarinhos, de barulhos de fogos, de ondas que quebram tranquilas no mar, do escuro da noite, e por aí vai. São experiências novas para elas.

Além do mais, é importante compreender que a criança ainda tem dificuldade de separar a ficção da realidade. Ela não compreende que nem tudo o que ela imagina ou vê nos filmes de fato existe. Por isso, é primordial que os adultos que convivem com ela sejam capazes de manter a calma e a paciência para explicar que a realidade é diferente. Além disso, mesmo os riscos que de fato existem podem não ser tão grandes quanto os pequenos possam pensar.

O que acontece em alguns casos, porém, é que os mais velhos ridicularizem os medos das crianças ou as empurrem em direção aos desafios sem qualquer preparo. É por isso que o medo do desconhecido pode se tornar uma experiência traumática durante a infância. Taxá-las de medrosas ou covardes e dizer que o que elas sentem é “frescura” é uma reação que deixa os pequenos ainda mais fragilizados diante desses momentos. Além de sentirem medo, sentem também vergonha derivada do medo.

Como os traumas sobre o desconhecido podem se manifestar na idade adulta?

Se uma criança tem uma experiência traumatizante acerca da sua capacidade de lidar com o que é novo ou desconhecido, ela pode carregar esse trauma por muitos anos, possivelmente chegando à vida adulta com eles. Com isso, a pessoa pode perder incríveis oportunidades na vida pessoal e também na carreira, pelo simples fato de que não sabe administrar os seus medos.

Nesse caso, esse indivíduo pode desenvolver um medo muito grande sobre as novidades que a vida propõe. Ele também pode desenvolver transtornos ansiosos, como a ansiedade generalizada e as fobias específicas, dependendo daquilo que lhe causa medo. Por conta desses receios tão intensos, essa pessoa pode ter um desejo muito grande de permanecer na zona de conforto, evitando ao máximo possível todo e qualquer risco. A última coisa que ela quer é ficar em evidência.

Além de querer ficar na zona de conforto, outro importante desdobramento que essa dor emocional provoca é justamente a dificuldade de expressar o que a pessoa sente. Como a criança foi ridicularizada por seus medos, ela tende a reprimir as suas emoções, inclusive na idade adulta. Isso pode torná-la um adulto frio e insensível, que não deseja demonstrar qualquer sinal de vulnerabilidade ou de fraqueza para fugir de novas humilhações. São indivíduos com baixa inteligência emocional.

7 dicas para superar o medo do desconhecido

Seja na infância, seja na idade adulta, o fato é que todos nós precisamos aprender a enfrentar os nossos medos, pois é esse enfrentamento que nos tira da zona de conforto e nos leva ao alcance das nossas metas. Para isso, confira as 7 dicas que separamos a seguir.

1. Administre as suas expectativas

O medo e a ansiedade fazem com que a mente crie uma série de cenários catastróficos, em que tudo dá errado. Ao perceber que isso está ocorrendo, traga a sua mente de volta para o momento presente. Viva um momento de cada vez e não queira queimar etapas. Os erros e os medos servem como avisos para que você se prepare melhor, mas não para que você fique paralisado e desista.

2. Seja racional

Os seus medos realmente fazem sentido? Pare por um momento e pergunte-se: todas as vezes em que você teve pensamentos catastróficos acera do futuro, eles realmente se concretizaram? Certamente, você perceberá que a realidade dificilmente será tão drástica quanto a sua mente ansiosa o leva a crer. Além disso, mesmo que algo ruim aconteça, confie na sua capacidade de consertar o erro e de lidar com o ocorrido.

3. Relembre os bons resultados obtidos

Por falar em resgatar memórias, procure lembrar-se também dos momentos em que as coisas deram certo. Diante dos medos, ficamos tão focados naquilo que desejamos superar que acabamos nos esquecendo das coisas que já superamos e das qualidades que já desenvolvemos. Faça essa retrospectiva dos seus pontos positivos, pois ela pode fortalecer muito o seu aspecto motivacional para os desafios.

4. Perdoe a si mesmo

Às vezes, é normal que uma pessoa se decepcione consigo mesma. Isso geralmente ocorre quando ela comete um erro ou quando não tem coragem o suficiente para tomar uma atitude. Em um caso ou no outro, acolha a si mesmo e perdoe-se. Se você errou, aprenda com o erro e tente novamente, mas de uma maneira diferente, a fim de alcançar melhores resultados. Já se o caso foi a falta de coragem, seja paciente e inspire-se naqueles que já enfrentaram o desafio que você precisa enfrentar.

5. Desenvolva o autoconhecimento e a autoconfiança

Por que há contextos em que somos cheios de confiança, mas há outros em que parece que acabamos de nascer, de tão inseguros que ficamos? Por meio do autoconhecimento, você conseguirá identificar não apenas quais são os seus medos, como também o que todos eles têm em comum, identificando a raiz da sua questão pessoal. Adquirir esse tipo de conhecimento, bem como os seus pontos fortes e pontos de desenvolvimento, é fundamental para progredir!

6. Enfrente o seu medo

Depois de ter passado por todos os processos acima, de ter estudado, de ter acumulado informações e de encontrar-se em um estado de espírito mais proativo, enfrente o seu medo. Se desejar, peça ajuda para alguém da sua confiança, mas não deixe de enfrentar esse receio. Comece devagar e aumente a intensidade aos poucos. Você perceberá que as coisas não são tão difíceis quanto parecem.

7. Explore o que é novo

A coragem não é a ausência do medo, mas a capacidade de agir, mesmo sentindo o medo. Quando as pessoas compreendem esse princípio e começam a colocá-lo em prática, percebem que encarar novas atividades pode tornar-se até mesmo um hábito. Por isso, exponha-se ao que é novo, conheça novas pessoas e lugares, faça algo que você nunca fez, enfim, enfrente o desconhecido. Quanto mais você experimenta coisas novas, mais o mundo fica confortável para você.

As dicas acima certamente permitirão que você encare o medo do desconhecido e supere essa dor emocional, que pode ter surgido ainda na infância. Que você encontre dentro de si um espírito de sabedoria e coragem para superar os seus medos e ser imensamente feliz!

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