“Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer. Devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer”. Os versos dos Titãs traduzem pensamentos frequentes para muitas pessoas: o que eu devo fazer, o que eu devia ter feito, como eu devo ser, como eu devo agir, e por aí vai.
Esse conjunto de ideias compõe a autocobrança excessiva, em que o indivíduo cobra de si mesmo uma série de pensamentos e atitudes que beiram a perfeição. Mas será que faz sentido cobrar de si mesmo algo que não existe? Até que ponto devemos cobrar melhorias de nós mesmos? É o que você vai conferir no artigo a seguir!
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A autocobrança saudável
A autocobrança, como o nome sugere, consiste na postura em que um indivíduo estimula a si mesmo a dar o seu melhor. Até certo ponto, esse processo é saudável, no sentido de que impulsiona as pessoas a alcançarem bons resultados nas diferentes áreas das suas vidas.
É o caso do aluno que tira nota vermelha em uma prova e sabe que precisa estudar mais para obter um desempenho escolar melhor. É o caso também do colaborador que deseja ser promovido na empresa em que trabalha e, por esse motivo, se esforça para alcançar um desempenho cada vez mais expressivo. Nesses casos, há uma atitude benéfica, pois o indivíduo assume as rédeas da própria vida e faz o que estiver ao seu alcance para progredir.
Essa autocobrança é positiva, pois é aquela em que o individuo encontra uma motivação para ser alguém melhor. Isso pode ser visto em todas as áreas da vida: nos relacionamentos, no trabalho, nos estudos, no cuidado com a saúde, nas finanças etc. Desde que ela seja vista como uma motivação para ser melhor, e não como uma pressão angustiante, ela é saudável.
A autocobrança excessiva
Em alguns momentos, a autocobrança se torna excessiva, deixando de ser saudável. Para saber se esse é o seu caso, é importante saber identificar os sinais que indicam que essa autocobrança passou dos limites:
- Quando você impõe a si mesmo padrões inalcançáveis, que beiram a perfeição (lembrando que a perfeição não existe);
- Quando você se compara com outras pessoas, especialmente aquelas que estão em contextos completamente diferentes dos seus;
- Quando você ignora o fato de que é um ser humano, sabendo que tem as suas limitações, como qualquer outro;
- Quando a autocobrança começa a prejudicar a sua autoestima, ou seja, quando você começa a enxergar a si mesmo como alguém com apenas defeitos e que deveria ser completamente diferente;
- Quando você é pouco generoso consigo mesmo e se coloca para baixo com frequência.
As consequências de cruzar esse limite
Quando a autocobrança de uma pessoa ultrapassa os limites do que é saudável, surgem consequências negativas. A primeira delas é a frustração, pois o indivíduo começa a cobrar de si mesmo cada vez mais tarefas e desempenhos cada vez melhores.
Com o passar do tempo, ele percebe que a realidade que ele é capaz de alcançar não é compatível com as metas inatingíveis que ele definiu para si mesmo. Por conta disso, ele passa a acreditar ainda mais nas suas falhas e fraquezas, o que fortalece um círculo vicioso.
Muita gente vive nessa ideia de “abraçar o mundo” e querer ser perfeito em tudo. Dar conta de todas as responsabilidades e querer agradar a todo mundo, sem exceção, porém, é uma tarefa impossível para um ser humano. Todos nós temos as nossas limitações. Ignorar esse fato e agir com perfeccionismo é algo que apenas agrava a frustração, a baixa autoestima, a incapacidade de superar adversidades, a ansiedade e até mesmo o sentimento de culpa.
Se a autocobrança pode provocar a baixa autoestima, a baixa autoestima pode provocar ainda mais autocobrança, tendo em vista que a pessoa que não está feliz consigo mesma começa a agir para obter aprovação externa. Assim, ela começa a cobrar ainda mais de si mesma, a fim de agradar aos outros, reforçando esse comportamento, em busca de satisfação e prazer. Todavia, nessa pressão exacerbada, fica difícil alcançar essas metas, o que gera ainda mais frustração.
Quando esse processo ocorre repetidamente, o indivíduo começa a se cansar da pressão, da frustração e das opiniões negativas que cria a respeito de si mesmo. Ele deixa de enxergar as próprias conquistas, focando apenas nos seus fracassos e no lado negativo da vida. O pessimismo e o desânimo tomam conta, levando-o a desistir dos seus objetivos.
Lidando com a autocobrança para evitar os excessos
Já deu para perceber que a autocobrança excessiva causa impactos bem negativos sobre a saúde mental, não é mesmo? Por isso, confira as dicas a seguir para aprender a lidar com essa questão de maneira saudável.
- Aceite que você é um ser humano e que, como qualquer outro, tem pontos positivos e falhas;
- Deixe o perfeccionismo de lado. Como dizem os universitários, “o fundão que só tira 6 nas provas também se forma”;
- Entenda que as pessoas não estão assim tão preocupadas com o seu desempenho nas suas atividades quanto você;
- Lembre-se dos seus pontos positivos, das suas conquistas e das suas qualidades. Na busca por metas inalcançáveis, acabamos nos esquecendo do lado bom da vida;
- Por falar em metas inalcançáveis, verifique se os seus objetivos são de fato realistas. Você é uma pessoa, e não uma máquina de produzir;
- Deixe as comparações de lado. Você não conhece a vida das pessoas, exceto aquilo que elas permitem que você veja. Portanto, qualquer comparação é sem fundamento. Nesse sentido, diminua também o seu tempo nas redes sociais;
- Seja generoso consigo mesmo. Se não conseguir fazer algo, entenda que está tudo bem. Peça ajuda quando preciso e segure a autocobrança excessiva. Se você ouvisse os seus pensamentos quando comete uma falha da boca do seu melhor amigo, ele continuaria sendo o seu melhor amigo? Trate a si mesmo com mais carinho;
- Aceite o seu jeito de ser, o seu ritmo e a sua trajetória. Busque ser melhor, mas não busque a perfeição. Se for preciso, procure ajuda psicológica para se desenvolver nesse aspecto.
Coloque as dicas acima em prática e deixe a autocobrança excessiva de lado. Seja melhor a cada dia, mas não imponha a si mesmo metas inalcançáveis, que geram frustração e ansiedade. Ame-se!
E você, querida pessoa, como lida com a autocobrança? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!