As emoções são reações bioquímicas que fazem parte da vida de qualquer ser humano. Elas nos ajudam a compreender os acontecimentos e a reagir de forma adequada a eles. No entanto, há algumas circunstâncias que desencadeiam um processo conhecido como “bloqueio emocional”.

Neste artigo, vamos compreender melhor como ocorre esse bloqueio, quais são as suas causas, quais são os sintomas dessa condição e quais são as potenciais consequências que o bloqueio emocional pode provocar nas diferentes áreas da vida. Além disso, você vai descobrir como lidar adequadamente com esses casos. Continue a leitura e saiba mais!

O que é bloqueio emocional?

O bloqueio emocional é uma ocorrência psicológica inconsciente em que o indivíduo restringe ou suprime as suas emoções. Isso geralmente ocorre em uma tentativa de se proteger de momentos difíceis ou de tentar lidar com o sofrimento. Esse bloqueio pode ocorrer devido a uma série de fatores, como traumas passados, medo de expressar o que sente, dificuldade de lidar com sentimentos, entre outros.

As pessoas que vivenciam um bloqueio emocional têm dificuldade em reconhecer, expressar e lidar com as próprias emoções. Isso pode levar o indivíduo a transtornos mentais, como depressão, ansiedade e dificuldades nas relações interpessoais. A boa notícia é que é possível reverter esse quadro, por meio do autoconhecimento, da psicoterapia e do desenvolvimento emocional. A duração do problema é variável, podendo ser de horas, dias, semanas, meses e até anos.

É importante ressaltar que o bloqueio emocional é uma reação mental automática, que pode ocorrer com qualquer pessoa. Com a melhor das intenções, a mente bloqueia o nosso processamento dos momentos difíceis, em uma tentativa desesperada de nos proteger da dor. O problema é que essa estratégia é, na verdade, uma fuga, e não uma maneira eficaz de lidar com as adversidades. São barreiras que nos dão a falsa impressão de lidarmos bem com os problemas, o que não ocorre de verdade.

O que gera um bloqueio emocional?

Um bloqueio emocional pode ser desencadeado por diversos motivos, afinal de contas, cada pessoa passa por diferentes dificuldades ao longo da vida. No entanto, há alguns pontos comuns aos indivíduos que apresentam essa condição.

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É relativamente comum que os bloqueios emocionais se instalem em pessoas que apresentam vivências anteriores traumáticas. Inconscientemente, os cérebros desses indivíduos lutam para evitar o sofrimento, sobretudo quando alguma situação semelhante parece estar prestes a acontecer. O medo da rejeição, por exemplo, pode provocar esse bloqueio. Nesse caso, a pessoa bloqueia inconscientemente as próprias emoções com medo de viver uma nova experiência.

Frequentemente, o bloqueio emocional também está associado a problemas de autoestima. Complexos, inseguranças e comparações podem desencadear essa barreira emocional porque a pessoa tem medo de colocar-se em uma posição de insegurança e/ou inferioridade.

Outras causas possíveis são: medo de situações novas e mudanças, conflitos interpessoais, frustrações profissionais e pessoais, decepções amorosas e de amizades, transtornos específicos (como esquizofrenia e transtorno de estresse pós-traumático), uso frequente de bebidas alcoólicas e uso de determinadas medicações que provocam uma redução na capacidade de sentir emoções.

Quais são os sintomas do bloqueio emocional?

Confira na sequência os principais sinais de que você ou alguém que você conhece esteja vivenciando um bloqueio emocional.

  • Dificuldade nas tomadas de decisão

O bloqueio emocional, como o próprio nome sugere, pode deixar a pessoa com a sensação de estar “paralisada”. É como se ela estivesse “anestesiada” e incapaz de refletir sobre os fatos. Essa incapacidade a impede de avaliar as possibilidades que se apresentam e de pesar os prós e contras de cada alternativa, o que torna as tomadas de decisão algo extremamente dificultoso. O indivíduo se mostra confuso, inseguro e indeterminado, com medo de fazer uma escolha inadequada, o que o leva a procrastinar.

  • Sentimentos negativos a todo momento

Tristeza, raiva, frustração e vazio: as pessoas com bloqueio emocional constantemente vivenciam esses sentimentos, muitas vezes de forma muito intensa e desproporcional aos fatos. Com o passar do tempo, esses sentimentos se acumulam e deixam de cumprir a sua função original. Tornam-se, então, eventos traumáticos, que fazem com que a pessoa queira fugir deles, em um círculo vicioso que só fortalece o bloqueio emocional. Isso afeta a saúde mental e física.

  • Aumento do estresse e da ansiedade

Pode parecer um paradoxo, mas o bloqueio emocional, em longo prazo, pode aumentar a vivência do estresse e da ansiedade. A pessoa que suprime as suas emoções não lida adequadamente com elas, de modo que elas podem tornar-se cada vez mais intensas com o passar do tempo. É como varrer a sujeira para debaixo do tapete: não resolvemos os problemas, de modo que eles se tornam crônicos. Assim, o indivíduo sente que não está no controle da própria vida, o que aumenta a ansiedade.

  • Evitação do contato social

Em consequência de todos os itens já citados, quem apresenta um bloqueio emocional se sente inseguro para interagir com as pessoas, ou mesmo sem vontade de conhecer gente nova. Relacionar-se com as pessoas envolve lidar com as próprias emoções e com as emoções do outro — o que é um desafio imenso para quem apresenta esse quadro. Por isso, esses indivíduos podem ficar mais retraídos e assumir uma postura evitativa, com medo de viver os seus próprios sentimentos.

  • Falta de interesse em fazer algumas atividades

O bloqueio emocional pode levar à perda de interesse nas atividades que antes eram consideradas gratificantes ou importantes. Isso se deve ao fato de que a supressão das emoções tende a diminuir a capacidade de experimentar também as boas sensações, como prazer e satisfação. Assim, tudo começa a parecer vazio e sem sentido, mesmo aquilo que antes era muito significativo e/ou divertido. Nesse caso, as pessoas demonstram falta de motivação, o que pode desencadear transtornos mentais sérios.

Além dos sintomas mentais e comportamentais, também existem sintomas físicos envolvidos, como: dores musculares, insônia, falta ou excesso de apetite, sudorese intensa, batimentos cardíacos acelerados, entre outros.

Quais são os tipos de bloqueio emocional que existem?

Na sequência, você vai entender melhor os tipos de bloqueio emocional que existem, compreendendo como ele traz consequências para as diferentes áreas da vida.

  • Bloqueio emocional na amizade

O surgimento de uma amizade passa obrigatoriamente pelo desenvolvimento de sentimentos de admiração, de diversão, de empatia, de sentir-se bem ao lado daquela pessoa. Isso demanda uma capacidade de se expor e de se abrir ao outro, o que a pessoa em bloqueio emocional tem dificuldade de fazer. Por isso, fazer novas amizades e manter as antigas torna-se um desafio, sobretudo pelo comportamento evitativo citado. O medo de ser vulnerável torna as relações mais superficiais.

  • Bloqueio emocional nos relacionamentos amorosos

Seguindo a mesma lógica, o bloqueio emocional impacta também os relacionamentos amorosos, talvez de forma ainda mais intensa. A pessoa que bloqueia os seus sentimentos priva-se de viver o amor, talvez por medo de mostrar-se vulnerável após uma experiência de relacionamento negativa. As barreiras criadas impedem a construção da intimidade e a comunicação dos sentimentos — carinho, amor, afeto, admiração etc. Essa resistência gera um distanciamento que prejudica as relações.

  • Bloqueio emocional no trabalho

Um assunto menos falado, mas também muito importante, é o impacto do bloqueio emocional no trabalho. Quem apresenta esse problema tem dificuldade em comunicar-se com colegas, chefes e clientes. Também pode mostrar dificuldade em administrar o estresse e engajar-se com o trabalho. São profissionais em “piloto automático”, que fazem o que é pedido sem questionar, sem propor ideias, sem se envolver e sem sentir prazer. Isso pode levar o indivíduo ao esgotamento mental profissional (burnout).

Como lidar com o bloqueio emocional?

Se você percebe que apresenta os sintomas acima descritos, ou conhece alguém cujo comportamento se enquadra no bloqueio emocional, saiba que é importante procurar ajuda. Não se trata de uma condição que vai passar sozinha.

A superação do bloqueio emocional depende, em primeiro lugar, da psicoterapia. O psicólogo ajuda o indivíduo a conhecer mais a si mesmo, a identificar as origens desse bloqueio e a desenvolver novos pensamentos e atitudes para derrubar essa barreira mental. Nos casos de maior complexidade, em que um transtorno mental for diagnosticado, pode ser necessário o uso de medicação — sempre prescrita por um médico.

Se você estiver passando por esse momento, admita o problema, sem medo ou vergonha, afinal de contas, ele pode acontecer com qualquer pessoa. Acolha a sua condição, fale sobre ela com quem sentir-se à vontade e investigue as causas desse problema. Permita-se voltar a sentir. Já se você convive com alguém que está vivenciando o bloqueio emocional, seja respeitoso, ouça o que a pessoa tem a dizer, não julgue as atitudes dela e conduza-a a uma ajuda especializada.

O bloqueio emocional, portanto, é uma máscara que o cérebro desenvolve a fim de “anestesiar” o indivíduo, impedindo-o que viva emoções intensas. Isso o protege momentaneamente do sofrimento, mas não resolve os problemas da sua vida. Portanto, se estiver nessa situação, procure ajuda o quanto antes!

E você, querida pessoa, como tem administrado as suas emoções? Como tem procurado crescer emocionalmente? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!