Teoria de Harv Eker, adaptada por José Roberto Marques


Muita gente pensa que a expressão “liberdade financeira” significa simplesmente pagar as próprias contas, ser rico ou coisa parecida. Não é a isso que me refiro quando falo de liberdade financeira. Estou falando da possibilidade de ter dinheiro suficiente, todo mês, para suprir todas as suas necessidades, de maneira que você possa ter uma visão a respeito do seu trabalho diferente de “trocar tempo por dinheiro”.

Trata-se de ter um rendimento passivo, que renda independentemente do seu trabalho, um investimento mensal que não impacte no pagamento das suas contas. Conquistar a liberdade financeira quer dizer não trabalhar apenas para sobreviver, mas criar oportunidades profissionais mais significativas para você, o que te proporcionará uma carreira mais sólida, motivadora e frutuosa; consequentemente, melhor remunerada também.

A sugestão que trago aqui para fazer com que você chegue a esse ponto de liberdade financeira é que desenvolva o hábito de gerenciar o seu dinheiro. Você já sentiu receio ou medo de olhar o seu saldo no banco e ficou muitos dias, muito mais do que seria saudável, sem saber quanto tinha lá? É um fenômeno estranho [não querer ver o saldo bancário], mas acontece em várias áreas da vida e com muitas pessoas. De maneira muito parecida com aquele canto atrás do sofá que está acumulando poeira há uns 2 anos e você não quer saber nem de olhar, você sabe muito bem que a poeira não sumirá sozinha, pelo contrário, da mesma forma suas contas nunca vão se sanear sozinhas – a comparação seja válida, mas um acúmulo de dívidas é muito pior do que um acúmulo de poeira. É preciso ter coragem de enfrentar os resultados da nossa displicência
acumulada, arrastar os móveis, olhar para a sujeira e encará-la de frente para poder fazer a faxina, caso contrário os resultados jamais aparecerão. Pensando em como fazer com que aquilo que entra mensalmente em nossa conta – não contando bens móveis e imóveis – seja suficientemente bem empregado alcançando todas as áreas da nossa vida, adaptei a teoria de Harv Eker e apresentarei a você os Sete Potes da liberdade financeira. Quero dizer que há uma divisão percentual média de quanto deveria ser destinado a cada “pote”, considerando que cada pote representa uma área em que seu dinheiro será aplicado. Contudo, essa divisão percentual é subjetiva e deve ser encontrada em cada realidade.

Há muitos elementos que impactam nossas finanças, desde o fato de morarmos ou não sozinhos [solteiros gastam de forma diferente de casais] até a faixa etária [pessoas mais novas tem gastos diferentes de pessoas mais maduras]. Mas quanto mais você se aproximar do que apresentaremos a seguir, mais equilibrado financeiramente você estará, e mais, não deixará descoberta nenhuma área que seja importante.

Necessidades primárias (50%)

Aqui entram as despesas necessárias (repita-se, necessárias) do cotidiano: aluguel, comida, materiais de limpeza, escola dos filhos, ração do cachorro, transporte etc.

Despesas planejadas (10%)

PSC

Essa parte se destina a despesas maiores que precisam ser planejadas em um prazo mais longo, para eventualmente trocar um móvel, comprar um carro, fazer uma viagem etc. Também podem sair daqui recursos para pagar despesas inesperadas ou emergenciais (com saúde, por exemplo).

Desenvolvimento intelectual contínuo (10%)

É necessário manter-se crescendo constantemente. Necessário. Destinar uma parte dos seus rendimentos a cursos, livros, Coaching, palestras, workshops, enfim, projetos de crescimento próprio que façam sentido para você, te dão ferramentas não apenas para fazer mais dinheiro, mas para lidar com a vida em todos os seus aspectos; para muita gente, inclusive, o conhecimento é um fim em si.

Liberdade financeira (10%)

Separar apenas 10% dos seus rendimentos para aplicar em algo que vá lhe trazer renda passiva todo mês pode mudar sua vida em pouco tempo. Antigamente, chamava-se poupar! Essa parte exige muita responsabilidade e disciplina: o dinheiro destinado à sua liberdade financeira não pode, de maneira alguma, ser desviado. Faça um compromisso sério consigo, com o Universo, com o seu futuro, e tenha responsabilidade em relação a ele.

Mimar-se (10%)

Se alguém pensa que equilíbrio financeiro é sempre guardar e nunca fazer algo para si mesmo está errado! Sabe aquela sensação de “hoje eu trabalhei demais, mereço um presente”? Muito parecida com uma outra assim: “hoje eu corri muito, malhei muito, mereço um cheesecake com sorvete e calda de chocolate”.

O nome disso é autoindulgência,. Na verdade, as pessoas dificilmente se dispõem a controlar esse tipo de coisa ou, quando se dispõem, acabam sendo drásticas demais e cortam os mimos que dão a si mesmas; a proposta aqui é buscar o equilíbrio, saber quanto se vai gastar com essas coisas e, sem culpa, cumprir o planejamento.

Saúde (5%)

Daqui saem o pagamento de um plano médico e/ou odontológico, as despesas com remédios que muitas pessoas utilizam com certa frequência (analgésicos, antigripais, descongestionantes nasais), a compra de compressas e similares para dores musculares etc. É bem verdade que, dependendo do quanto você ganha, de quantos dependentes você tem e quais são as idades, 5% seja muito pouco e sua realidade seja específica nesses gastos. Contudo, o mais importante, é chamar a atenção para quem não gasta nada com sua própria saúde e, sequer, faz exames de rotina e consultas periódicas. É importante ter renda destinada a esse pote.

Responsabilidade com o outro (5%)

Você acredita que fazer o bem para os outros atrai coisas boas para você? Acredita que transmitir boas energias é um ato que encontra reciprocidade por parte do Universo? Se sim, este tópico dispensa explicações. Se não, um ato generoso da sua parte é ainda mais admirável, já que você não acha que receberá algo em troca. Você pode pensar, ainda, da seguinte maneira: por mais que você esteja passando dificuldades, há quem esteja em situação muito pior; se você for capaz de, apesar de não ter dinheiro “sobrando”, se organizar de maneira a conseguir contribuir com quem tem menos que você, você desenvolveu um mindset de alguém que tem o suficiente para compartilhar, uma mentalidade mais expandida e rica.

Sobre esse método, é muito importante ter em mente que:

– Trata-se de um pacto seu consigo mesmo. Por mais que você seja capaz de se perdoar, imagino que concorde comigo que é um caminho melhor não se trair;

– Os percentuais não são rígidos; muitas pessoas precisam gastar mais de 50% de seus rendimentos em necessidades do dia a dia e, caso isso se aplique a você, distribua os percentuais pelas outras áreas mais ou menos nessa proporção sugerida aqui. Mas não tenha medo de olhar para seus rendimentos e suas despesas como realmente são, colocar isso tudo em um papel; talvez você encontre alguma coisa que lhe parece necessidade, mas na verdade não é;

– O objetivo desse método é alcançar a liberdade financeira. Portanto, a conta relacionada a ela é o centro do planejamento. Já existe uma conta que serve como fundo para (verdadeiras, imprevisíveis) emergências. Caso ela não seja suficiente, a última da qual se deve desviar dinheiro é a da liberdade financeira;

– Esse método independe completa, inteira e totalmente de quanto você tem de rendimento. Dizer “não tenho dinheiro suficiente para isso” é o mesmo que dizer que não consegue arrumar a casa por ter poucos móveis. O hábito aqui é inacreditavelmente mais importante que a quantidade. Aliás, a questão é o hábito de gerenciar seu dinheiro. A quantidade é irrelevante. Faça um favor a si mesmo e não tente se enganar com esse argumento.

Existem muitas realidades; cada pessoa tem a sua e, para muita gente, as despesas necessárias ultrapassam os 50%. Mas é necessário que tenhamos foco no ponto mais importante do método, que não é propriamente a quantidade de dinheiro que manejamos, mas o hábito de gerenciar os recursos que temos e o nosso posicionamento diante dos fatos. Já ouvimos falar de pessoas que ganharam na loteria e, poucos meses depois, perderam tudo. Quais seriam os motivos para isso? Não há inconveniente em dizer que é uma questão de mindset, de atitude diante do dinheiro.

O fato de metade dos rendimentos de uma pessoa não serem suficientes para custear todas as suas necessidades não impede que ela gerencie seus gastos. Os percentuais aqui sugeridos compõem um modelo de planejamento para uma vida financeira saudável. Se ele não é aplicável para você neste momento, lembre-se que a tendência do salário das pessoas é aumentar conforme o tempo passa; que existe a possibilidade de aumentar seus rendimentos, de ser promovido, de encontrar fontes alternativas de renda. Muitos, infelizmente, se esquecem disso. Nesse ponto, vai ser especialmente útil a dedicação de uma parte de seus rendimentos — e de sua atenção, de seu tempo e de suas energias — a seu aperfeiçoamento pessoal, sua educação, que, aliás, é o foco do método apresentado.

Principalmente no caso de ser necessário dedicar 80 ou 90% dos rendimentos às necessidades básicas, é uma atitude muito saudável olhar para os fatos e lidar com eles de frente, fazendo a divisão dos 20 ou 10% restantes para as outras áreas, mas tendo em mente que a situação atual não é a situação futura. Existem muitas maneiras de melhorar a própria saúde financeira. Ouso dizer que a mais estável delas é desenvolvendo o hábito de gerenciar com seriedade o que se tem.

Créditos da Imagem: Por PHOTOCREO Michal Bednarek – ID da foto stock livre de direitos: 311664299