A comunicação organizacional; seja ela interna, seja externa; é determinante ao sucesso de qualquer empresa. Nesse sentido, é importante que ela seja respeitosa e que não discrimine nenhum grupo da sociedade. É necessário ressaltar essa questão, uma vez que há preconceitos tão enraizados na língua que falamos que, sem percebermos, reproduzimos falas bastante excludentes.

Nesse sentido, a linguagem inclusiva surge como um conjunto de pequenas mudanças na forma como falamos e escrevemos, de modo a evitar a reprodução desses discursos excludentes e até mesmo ofensivos. Mas o que seria essa linguagem inclusiva? Qual a sua importância? Como pode ser adotada nas empresas? É o que você vai conferir no artigo a seguir!

Linguagem inclusiva: o que é?

A linguagem inclusiva consiste em um conjunto de pequenas adaptações na comunicação, falada ou escrita, envolvendo o vocabulário e as expressões utilizadas, mas sem alterar as suas regras estruturais. O objetivo dessa linguagem é não excluir ou menosprezar nenhum grupo de pessoas.

Portanto, trata-se de uso mais consciente e responsável da língua, promovendo a inclusão e a representatividade, mas sem alterar as normas gramaticais. Ela pode e deve ser aplicada em todos os lugares da sociedade, incluindo o ambiente organizacional.

Um exemplo que expressa tendências de exclusão na língua é a adoção do gênero masculino para expressar neutralidade no coletivo — por exemplo, “os alunos”, referindo-se tanto a estudantes do sexo masculino quanto do sexo feminino. Esse é apenas um exemplo de gênero, mas há várias outras questões que são refletidas na forma como nos comunicamos. A linguagem inclusiva é um meio de frear essa exclusão linguística.

É o mesmo que linguagem neutra?

A linguagem inclusiva não é o mesmo que a linguagem neutra, embora elas tenham o mesmo objetivo. A linguagem inclusiva consiste em algumas adaptações de vocabulário, mas não altera a estrutura das palavras ou da gramática normativa do idioma.

A linguagem neutra, por sua vez, propõe a modificação e a criação de novas palavras, de modo que tradições linguísticas de tendência excludente sejam completamente quebradas. É o caso da palavra “todes”, que evita o uso de “todos” ou “todas” para referir-se a um conjunto de homens e mulheres, criando um pronome coletivo neutro.

A linguagem inclusiva, todavia, não propõe essas modificações na estrutura das palavras, mas sim no vocabulário utilizado e na construção das frases. São abordagens diferentes para alcançar uma mesma meta: a inclusão plena.

Por que a linguagem inclusiva é importante nas empresas?

As empresas estão adquirindo a consciência da importância de criar ambientes mais inclusivos às pessoas, considerando a diversidade humana: de gênero, de idade, de orientação sexual, de cultura, de religião, de etnia, de presença de deficiências, entre outros aspectos. Diante dessa diversidade, é importante que a linguagem adotada no ambiente organizacional seja respeitosa com todos os indivíduos, sem exceção.

Dessa forma, a linguagem inclusiva com os colaboradores (comunicação interna) e com a sociedade em geral (comunicação externa) desperta uma série de benefícios, como:

  • Eficiência no dia a dia;
  • Redução de conflitos;
  • Sensação de pertencimento e identidade, reduzindo a rotatividade profissional;
  • Construção de um bom employer branding, isto é, a reputação da empresa enquanto empregadora;
  • Criação de uma imagem de empresa socialmente responsável;
  • Edificação de um ambiente organizacional harmônico, oferecendo segurança e bem-estar a todos os colaboradores;
  • Combate ao preconceito de qualquer tipo, dentro e fora da empresa, auxiliando nessa potente transformação social;
  • Valorização, respeito e acolhimento à diversidade.

Como aplicar essa linguagem no ambiente organizacional?

A linguagem inclusiva depende de uma série de modificações que o vasto vocabulário da língua portuguesa nos permite realizar. Assim, podemos adotar:

  • Linguagem não sexista (sem exclusão de gênero);
  • Comunicação não violenta (com respeito e empatia);
  • Linguagem antirracista e anticapacitista (sem expressões de discriminação racial ou que ofendem as pessoas com deficiência);

No alcance desses objetivos, algumas dicas são:

  • Utilize substantivos coletivos genéricos para evitar os plurais sempre masculinos. Ex: “a juventude”, em vez de “os jovens”;
  • Utilize o pronome adequado ao fazer referência a alguém, respeitando a identidade de gênero da pessoa;
  • Utilize expressões neutras, sem sexismo, racismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Exemplos a serem evitados “denegrir”, “judiar”, “virar homem”, “aleijado”, “fingir demência”, entre outras;
  • Evite expressões que reforcem estereótipos: “mulher no volante, perigo constante”, “inveja branca”, e por aí vai.

Quais cuidados precisam ser tomados?

A adoção da linguagem inclusiva é um processo relativamente simples, mas que demanda alguns cuidados para respeitar a identidade das pessoas. Entre esses cuidados, podemos citar:

  • Utilize expressões neutras, mas sem reduzir ou simplificar a identidade das pessoas;
  • Entenda que o início do processo pode ser difícil, mas compreenda que é assim mesmo e que a prática amenizará esse desconforto;
  • Respeite o lugar de fala das pessoas, afinal, você não sabe o que é de fato estar na pele delas;
  • Esteja aberto ao feedback dos colegas e colaboradores.

O que o RH pode fazer para promover essa cultura?

Como a comunicação interna reflete o comportamento dos colaboradores da empresa, é importante que a área de recursos humanos assuma a frente no processo de adoção da linguagem inclusiva. Nesse sentido, confira o que a área pode fazer:

  • Perguntar aos profissionais recém-contratados como eles querem ser tratados (nomes, pronomes, palavras etc.);
  • Explicar a importância da linguagem inclusiva em todos os setores, incluindo a comunicação interna e a comunicação externa (como a comunicação de marketing);
  • Adotar narrativas variadas para os conteúdos da empresa;
  • Promover pesquisas de satisfação interna, compreendendo se as pessoas estão felizes ou não com a forma como se comunicam e como são tratadas;
  • Promover treinamentos e campanhas internas sobre o tema (cartilhas, artigos, vídeos, palestras etc.), começando pelas lideranças;
  • Reforçar o respeito à individualidade como um valor organizacional;
  • Adotar a linguagem inclusiva em todos os canais de comunicação interna (e-mails, comunicados, intranet, eventos etc.).

A linguagem inclusiva, portanto, consiste em uma série de adaptações da linguagem e, acima de tudo, de reflexões acerca de padrões linguísticos preconceituosos que, muitas vezes, reproduzimos sem perceber. Assim, evitamos que preconceitos se perpetuem na linguagem cotidiana, adotando uma comunicação mais inclusiva, que promove aceitação e bem-estar nas organizações.

E você, querida pessoa, identifica a linguagem inclusiva no seu ambiente de trabalho? Como isso pode ser promovido na sua empresa? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!