“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.” 

Eclesiastes, 3:1-8.

Mas se Deus é todo poderoso, por que ele não nos deixa sempre no tempo de colher, de abraçar, de ter paz? Por que permite que a nossa vida seja sempre essa sucessão de altos e baixos? Enfim, por que ninguém é feliz todo dia? Acompanhe-nos na reflexão a seguir!

Luz e sombra

A luz é a claridade que procede do sol, de outras estrelas, do fogo ou de objetos artificiais. A sombra, por sua vez, é a ausência de luz, referindo-se às partes não iluminadas por algo.

Você já parou para pensar que nós não compreenderíamos o conceito de luz, se não houvesse a sombra? Que não compreenderíamos o conceito de dia, se não houvesse a noite? Que não compreenderíamos o conceito de felicidade, se não houvesse a tristeza?

Se tudo o que existisse no mundo fosse felicidade, nós não daríamos a esse sentimento o devido valor, pois não conheceríamos outra realidade. Aliás, as coisas só adquirem valor quando tomamos consciência do quanto elas são raras ou do quão fácil pode ser perdê-las. Infelizmente, faz parte da natureza humana valorizar as coisas mais quando as perdemos do que quando as possuímos.

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É por isso que Deus, em sua infinidade sabedoria, permite que os problemas e as adversidades existam. Sem eles, nós não daríamos valor aos momentos de paz, alegria, amor e saúde. Saber que essas coisas não são eternas é o que nos torna mais humildes e cuidadosos uns com os outros. Assim, somos feitos de luz e sombra, pois é essa dualidade que dá sentido à vida.

O questionável conceito de felicidade

É por esse motivo que não podemos entender que uma vida feliz é uma vida sem problemas. Na verdade, isso sequer existe no nosso universo. No mundo como o conhecemos, todas as pessoas enfrentam dificuldades. Todas mesmo, sem qualquer exceção.

Por esse motivo, os psicólogos têm alertado sobre a importância de desassociar a palavra felicidade de uma utopia, ou seja, da perfeição, que não existe. Aliás, existem psicólogos que nem mesmo gostam da palavra “felicidade”. Preferem utilizar expressões como “estado de bem-estar relativo”, ou seja, uma sensação geral positiva, mas sem perder a consciência de que a vida tem esses altos e baixos.

Dessa forma, ser feliz não significa não ter problemas, mas manter um estado geral de bem-estar, mesmo compreendendo que nem tudo vai sair do jeito que o indivíduo queria. Quem compreende essa dinâmica e consegue colocá-la em prática pode se considerar feliz, ainda que tenha momentos de tristeza, raiva, ciúme, inveja, ansiedade, enfim, aquelas sensações que, por mais desagradáveis que sejam, todos nós temos.

No entanto, se você sente que as emoções negativas são predominantes no seu dia a dia e geram um sofrimento que já dura algum tempo, aí sim é importante investigar as causas dessas questões. Para isso, um acompanhamento psicológico — e médico, em alguns casos — é recomendado.

Modernidade, tecnologia e redes sociais

Podemos entender, portanto, que as pessoas mais felizes não são necessariamente as que têm as vidas mais fáceis, mas as que administram melhor as suas emoções, inclusive nos momentos difíceis. O problema é que nós vivemos em uma era marcada pela facilidade. Com os avanços tecnológicos, nós nos tornamos impacientes e queremos que todos os problemas da vida seja resolvidos com um clique ou um toque em um botão — e não é assim que a vida funciona.

Então, se estamos vivendo um dos momentos mais confortáveis na história da humanidade, por que será que tem tanta gente sofrendo e se entristecendo? Talvez seja justamente pelo excesso de prazeres e facilidades do dia a dia. Estamos bombardeando o nosso cérebro com festas, bebidas, viagens, comidas hipercalóricas e drogas, de modo que qualquer caminhada ao ar livre perde a graça. Em outras palavras, estamos sendo bombardeados com tantas “luzes”, que esquecemos como lidar com as sombras.

Por falar em tecnologia, as redes sociais impulsionam muito essa fragilidade mental. Nesses portais, as pessoas postam exclusivamente as suas melhores fotos dos seus melhores momentos. Ao acessar essas redes, portanto, acabamos caindo na falsa ilusão de que todo mundo é mais bonito, rico, saudável e feliz do que nós.

Entretanto, todo mundo tem problemas e dias ruins. A questão é que ninguém fica postando fotos nessas ocasiões — quando está doente, endividado, brigando com o namorado, discutindo com o chefe, entre outros. Por isso, você só tem acesso à “luz” das outras pessoas, mas isso não quer dizer que não haja sombra no lado deles. Assim, as redes sociais geram uma série de comparações injustas, pois nos levam à falsa crença de que só nós sofremos, o que não é verdade. 

Pare de comparar os seus bastidores com o palco dos outros; a sua sombra com a luz dos outros. Ninguém é feliz todo dia!

Prioridades trocadas

Ainda falando nas redes sociais, elas também funcionam como uma vitrine para uma verdadeira troca de valores e prioridades. Cada vez mais, esses sites potencializam as associações que fazemos entre a felicidade e os carros do ano, os corpos esculturais, as famílias de comercial de margarina, as viagens internacionais, as roupas de grife, as festas mais badaladas, e por aí vai.

Todavia, quem procura a felicidade apenas nesses momentos nunca a encontra verdadeiramente. É claro que esses momentos são prazerosos, mas nós não podemos depositar sobre eles toda a nossa noção de felicidade.

Ser feliz depende de outros fatores que não necessariamente estão associados ao dinheiro: ter um bom relacionamento com os seus familiares, ter amigos com quem contar, viver em paz com a própria consciência, encontrar uma atividade profissional que seja minimamente prazerosa, ter saúde física e mental, respeitar os direitos e o espaço alheio, ter liberdade de escolha, e por aí vai.

Mas acima de tudo, lembre-se de que ser feliz depende de entender que a perfeição não existe, que o mundo ideal não existe e que nós não podemos viver em festas todo dia. Se vivermos apenas na “luz”, não daremos a ela o devido valor e não saberemos lidar com as sombras quando elas surgirem. E é exatamente por isso que a vida é uma sucessão de luz e sombras, altos e baixos, tempo de semear e tempo de colher, como diz o livro bíblico Eclesiastes, com o qual abrimos este artigo.

E você, ser de luz, como entende o conceito de felicidade? Concorda que ninguém é feliz todo dia — e que isso é saudável e necessário? Contribua deixando o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!