Em qualquer relacionamento, as pessoas cometem erros. Isso é natural, afinal de contas, somos todos humanos. No entanto, a forma como as pessoas lidam com os próprios erros nas relações é o que faz a diferença entre um relacionamento saudável e longevo e um relacionamento problemático — ou mesmo tóxico.

Neste artigo, você vai conhecer um fenômeno chamado “transferência de culpa” e conferir algumas recomendações para evitar esse processo e agir de forma ética e responsável nos momentos de conflito. Continue a leitura e saiba mais!

O que é a transferência de culpa?

A transferência de culpa é um fenômeno que pode ocorrer em alguns relacionamentos humanos quando uma pessoa projeta em outra a responsabilidade pelos seus próprios sentimentos, ações e problemas. Em vez de reconhecer e lidar com as suas

e atitudes, a pessoa transfere a culpa sobre o parceiro ou alguma pessoa próxima.

Nesse caso, falamos evidentemente de emoções e atitudes negativas, aquelas sobre as quais é mais difícil assumir a responsabilidade. Quando isso ocorre, conflitos surgem com mais frequência e torna-se mais difícil solucioná-los, prejudicando os relacionamentos.

Confira algumas maneiras pelas quais a transferência de culpa pode ocorrer:

  • Culpar o parceiro pelos próprios sentimentos: a pessoa não diz “eu fico triste”, mas “você me deixa triste”, por exemplo. Ela não reconhece que as próprias inseguranças e emoções negativas podem ter origens em si mesma.
  • Culpar o parceiro por problemas pessoais: a pessoa não diz “estou com problemas com bebidas alcoólicas”, mas “você me obriga a beber para esquecer os problemas”. A pessoa não assume a responsabilidade pelas suas atitudes inadequadas, sempre atribuindo as suas escolhas ao outro.
  • Projetar as suas falhas no parceiro: esse é o processo em que a pessoa reconhece facilmente as falhas do outro e as aponta, mas não reconhece ou não admite que também comete erros.

Quais são as consequências desse ciclo tóxico de transferência de culpa?

PSC

A transferência de culpa pode ser prejudicial para um relacionamento, pois cria um ambiente de desconfiança, ressentimento e falta de comunicação honesta. Por isso, é importante reconhecer e assumir a responsabilidade pelos nossos próprios sentimentos, ações e decisões em um relacionamento de modo que possamos construir relacionamentos saudáveis e resolver conflitos de maneira construtiva.

Transferir culpas que são nossas a terceiros é uma demonstração de falta de autoconhecimento e/ou de falta de maturidade. Há uma crise ética e até um comportamento egoísta, em que o que há de errado na relação é sempre culpa do outro, mas nunca do próprio indivíduo. Seguindo essa linha de pensamento, as brigas se tornarão constantes, e o relacionamento se tornará tóxico e potencialmente mais breve.

Como quebrar esse padrão e construir uma conexão mais saudável?

Agora que você já compreende o conceito de transferência de culpa e conhece o terrível potencial de consequências para os seus relacionamentos, confira algumas orientações fundamentais para quebrar esse ciclo e construir relações mais saudáveis.

1. Autoconhecimento e compreensão das origens

Reflita sobre as suas próprias emoções, inseguranças e comportamentos e peça para que o parceiro faça o mesmo. Apenas o autoconhecimento nos permite identificar os momentos em que há alguma transferência de culpa no relacionamento e investigar as prováveis causas dessa atitude. Por isso, explore as razões por trás dessa tendência. Nesse sentido, pode ser útil examinar experiências passadas que moldaram o seu comportamento e que podem trazer consequências ao seu relacionamento atual.

2. Comunicação aberta e empática

No seu relacionamento, construa um ambiente em que ambos se sintam à vontade para expressar os seus pensamentos e sentimentos. Não tenha medo de tocar no assunto da transferência de culpa e seus prováveis impactos sobre a qualidade da relação. Lembre-se de que essa comunicação deve ser uma via de mão dupla, ou seja, é preciso saber falar e saber ouvir. Assim, seja empático e tente ouvir o que o outro diz compreendendo os sentimentos e perspectivas dele para gerar entendimento.

3. Readequação verbal

Aina no tópico da comunicação, lembre-se dos exemplos que citamos acima e de como a forma como construímos as nossas frases indica a transferência de culpa. Por isso, evite o tom acusatório e prefira comunicar-se em primeira pessoa. Troque o “você é XPTO” pelo “eu me sinto XPTO quando você age assim”. Parece algo de pouca importância, mas essa readequação de palavras faz muita diferença na forma como o diálogo se desenrola. Fique atento!

4. Aceitação da responsabilidade

A melhor maneira de “ensinar” a responsabilidade ao seu parceiro é por meio de um bom exemplo. Portanto, antes de longos discursos sobre a transferência de culpa, dê o exemplo ao assumir a responsabilidade sobre todos os seus pensamentos, sentimentos e atitudes. Reconheça quando você cometer erros ou tiver um papel em um problema. Não culpe o parceiro pelas suas ações e decisões. Com essa atitude, você pode dar o exemplo ao seu parceiro.

5. Comprometimento e maturidade

A aceitação da responsabilidade, o item anterior, é uma prova de comprometimento e maturidade. Se você não agir dessa forma, dificilmente o relacionamento vai progredir. Se o seu parceiro não agir assim, talvez seja melhor repensar se vale a pena continuar essa relação.  A esse respeito, esteja disposto a fazer mudanças no seu comportamento e a apoiar o seu parceiro na jornada para lidar com a transferência de culpa. O comprometimento com o crescimento pessoal é fundamental.

 

6. Auxílio profissional

Se a transferência de culpa estiver causando problemas sérios no relacionamento, considere buscar a ajuda de um terapeuta de casal ou de um coach de relacionamento. Um terapeuta, com a sua visão externa e especializada, pode ajudar a identificar os padrões de comportamento e a trabalhar com vocês para desenvolver estratégias para lidar com o erro e com a culpa de forma mais saudável.

Lidar com a transferência de culpa pode ser um processo desafiador, mas com esforço e compreensão mútuos, é possível superar esse problema e construir um relacionamento mais saudável e harmonioso. Que você seja capaz de identificar quando esse problema ocorrer e de solucioná-lo da forma mais eficaz possível!

E você, querida pessoa, já passou por esse ciclo tóxico de transferência de culpa em relacionamentos? Como lidou ou lida com esse fator? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!