Texto por – José Roberto Marques e Pe. Jovandir Batista 

Confessionário

Confessionário, no seu campo material, é um estande pequeno e fechado, geralmente entalhado em madeira, utilizado apenas para o sacramento da confissão. É mais usado na Igreja Católica, porém pode ser encontrado também na Igreja Anglicana e Luterana. É muito bom para garantir a tranquilidade do fiel, uma vez que ele está ali para fazer a confissão de seus pecados, sem a necessidade de reconhecer o quem o está atendendo. O atendente, por sua vez, goza de um ambiente mais silencioso e privado, não ficando exposto aos olhares de mais pessoas que não estão ali para a confissão.

É sempre um ambiente para somente duas pessoas; um, o penitente, e o outro, o padre, bispo ou papa. Não se concebe, em hipótese alguma, a presença de mais pessoas no momento da confissão. Porém não há impedimento que se atenda à confissão em outros ambientes como a nave da igreja, presbitério, sacristia, escritório e mesmo em ambientes públicos como praças. Portanto o local em si é de pouca importância, desde que o local escolhido favoreça a manutenção do sigilo da confissão. Assim, o que realmente importa é a atitude do penitente de pedir perdão e se esforçar para buscar cada vez mais retos, segundo a graça de Deus.

O esforço de perdoar, de ser perdoado, de se sentir totalmente leve de um peso do qual nem sempre se dá conta de explicar é o que entendemos por “estado da graça”. Saiba perdoar, libere o outro para trilhar o próprio caminho e siga o seu com a mais absoluta certeza de que você será uma pessoa feliz. Aqui está o sentido de um confessionário, isto é, o encontro com a graça de Deus.

O perdão é o menor caminho que liga o melhor de você à essência de quem você é. Permita-se o perdão, aceite o outro como ele é, estabeleça dentro de você um diálogo de paz e harmonia com os seus sentimentos.  

Descubra-se uma pessoa equilibrada, com energia positiva para novos passos, e viva intensamente tudo de bom que a vida tem para você. 

É compreensível que, por algum tempo, o ato de perdoar ou pedir perdão seja difícil de ser assimilado, mas, com calma, dia após dia, na oração, em acompanhamento espiritual, tudo passa a ser mais fácil, e você se descobrirá uma nova pessoa. Deixe o papel de vítima e invista no papel de pessoa de luz, na graça divina. E, a partir de então, sinta o melhor de si a cada novo passo que der.

PSC

O perdão convive com a justiça. O perdão permite a você fazer coisas justas. É ele que lhe dá uma perspectiva de amor, e nunca mais de rancor, de mágoa. Diga “sinto muito, me perdoe, te amo, sou grato” e, assim, estabeleça um novo modo de se relacionar com você mesmo e com as pessoas à sua volta. Diga sempre “gratidão” e louve a Deus por ser uma pessoa abençoada.

Como dimensão sacramental, isto é, reconciliação em Deus, o perdão supõe o arrependimento da parte do pecador e o seu desejo ou propósito de crescer e amadurecer, não cometendo mais os mesmos erros ou pecados.

O pecado, por sua vez, é uma ação contrária ao amor, a Deus e ao próximo. E assim, o confessionário, em sua dimensão espiritual, é um momento privilegiado de reconciliação: consigo mesmo, com o próximo e com Deus. Assim, o papel do padre não é o de perdoar os pecados, mas o de conduzir a pessoa ao perdão que vem de Deus.

E, no fim desse forte momento de graça espiritual no confessionário, o padre pede uma oração final ao penitente. Eu, na condição de sacerdote, sugiro: “Obrigado, Senhor, por eu estar aqui, colocando toda a minha vida em tuas mãos. Eu te peço perdão pelas coisas que fiz, que desagradaram ao Senhor e a todos os meus semelhantes. Eu peço a tua força, para, cada vez mais, caminhar no teu amor”.  

Setting de Coaching

É um espaço mágico. Precisa ser mágico.

Um ambiente com duas cadeiras iguais. Por que iguais? São iguais por causa do sistema de crenças e significados das pessoas. Caso sejam diferentes, por exemplo uma preta e a outra branca, podem suscitar ideias de desigualdade, discriminação, diferenciação ou crenças e sentimentos negativos. Assim, alguém cujo pensamento esteja muito focado na negatividade e na inferiorização de si mesmo poderá colocar-se em uma situação de resistência e, pior, de reforço da negativação.

A experiência que temos sobre a magia das cadeiras iguais mostra que todos os complexos do mundo deixam de existir quando não há diferença entre as partes. No setting de Coaching a primeira magia se faz na arte de ficar do mesmo tamanho e suspender todo tipo de julgamento. A distância entre uma cadeira e outra é pequena, as cadeiras são iguais, não há nenhum obstáculo entre elas, e ali coach e coachee se fazem frente a frente, olho no olho, ombro a ombro, joelhos nos joelhos.

É natural que o coachee se sinta desconfortável, sobretudo se for o primeiro atendimento. Ao se sentar, ele pode afastar sua cadeira e buscar uma distância em que se sinta mais confortável. Ele não sabe que está fazendo isso, é automático. Mas o coach sabe que, assim, ele se sentiu um pouco invadido, a distância é muito pequena, não está acostumado

com esse tipo de atendimento. Qual deve ser a atitude do coach quando isso acontecer? Simplesmente respeitar; tudo bem para o coachee, tudo bem para o coach. No próximo encontro, ou mesmo no decorrer do primeiro, talvez depois dos próximos cinco minutos, isso não vai mais ser problema para o coachee; e, tranquilamente, as cadeiras vão ficar próximas.

Diante dessa situação, faz-se necessário aqui um adendo, para deixar claro, que o processo de Coaching não é terapia, não é Psicologia, consultoria,   aconselhamento, acompanhamento espiritual. O coach honra e respeita todas essas ciências, se beneficia com o processo de cada uma delas. Tais ciências têm o foco no passado da pessoa. O processo de Coaching tem o foco no futuro da pessoa, embora, muitas vezes, para projetar esse futuro seja preciso, primeiro, revisitar, reconhecer, honrar e curar esse passado.

Pois bem, duas cadeiras iguais, cores iguais, bem próximas uma da outra. E, detalhe, o lado direito será sempre do coachee. Por quê? Como saber qual é o lado direito? É que a anatomia do ser humano, raras exceções, permite locomoção mais hábil pelo seu lado direito. A disposição do espaço é fundamental para que a conexão aconteça, para que os acordos sejam firmes e para que os insights surjam. Quando não estamos em um espaço adequado, o foco nos escapa, a mente vagueia, torna-se quase impossível produzir em ambientes desfavoráveis.

Coaching é a vivência, estudo e transformação do presente com foco no futuro, para trazer o futuro ao presente, e é neste sentido que a disposição do setting de Coaching precisa ser estrategicamente pensada. Não dá simplesmente para chegar a uma sala qualquer, fazer algumas perguntas e achar que o processo estará benfeito. O coach lida com as emoções e as sensações, o chamado self 2. Caso fosse somente com a razão, com o self 1, aí pouco importaria a disposição da sala, se haveria ou não uma mesa, mais pessoas juntas ou não.

Um complemento nesse setting que faz muito sentido para o coach é colocar um tapete embaixo das duas cadeiras. O coach, ao subir nesse tapete, mentalmente estará dizendo para si mesmo que ali ele vai dar o melhor de si em favor do coachee. Esse tapete é o que, no Coaching, chamado de âncora. As pessoas usam muitas coisas como âncora. As alianças no casamento são âncoras. O crucifixo no peito de um cristão é âncora. A imagem de algum santo na sala de um cristão católico é âncora. Um tipo de broche no terno de um executivo é âncora. O pôster contendo a foto de toda a família na mesa de escritório de um profissional é uma âncora — é algo que, imediatamente, aciona em você uma memória,uma sensação, uma emoção com a qual você se sustenta.

É a magia do processo de Coaching. Talvez não faça muito sentido para quem lê, mas faz para quem passa pela experiência. Tal experiência consiste na existência de um bom setting de Coaching, onde o coach se conectará com o coachee, a partir daí duas pessoas partilham de uma mesma energia (empatia), e acontece um maravilhoso processo de Coaching, que é um verdadeiro processo de cura interior e, com isto, de cura das pessoas que convivem com você no dia a dia.

Essa energia, que pode ser entendida também como empatia, é o que no Coaching chamamos de rapport, uma conexão profunda e sincera entre duas pessoas num momento em que o diálogo faz o tempo passar em outro ritmo, quando ficamos vulneráveis ao que o outro diz, pois nos abrimos a ele completamente. E o coach precisa, o quanto antes, gerar rapport no seu setting de Coaching. O processo de Coaching vai se tornando cada vez mais poderoso a partir do rapport gerado a cada encontro. O coachee vai se sentir encantado pelo processo e desejar que ele não termine nunca, por causa do rapport. O tempo, no setting do Coaching, não funciona pelo relógio, mas pelo tempo do rapport.

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