As dores emocionais, também conhecidas na psicologia como feridas emocionais, são sentimentos negativos que podem acompanhar a vida de uma pessoa por muitos anos, tendo as suas origens em determinados eventos do passado, possivelmente ainda na sua infância.

São diversas as feridas que podem ser abertas nessa fase tão delicada, nem sempre se cicatrizando da maneira ideal. Como consequência disso, há adultos que precisam revisitar o passado e reconstruir as suas crenças para que, enfim, superem essas dores e encontrem mais saúde mental e bem-estar.

Entre essas dores, podemos citar a violência dentro das famílias como um dos aspectos que mais causam consequências negativas para a vida adulta de um indivíduo. Neste artigo, você vai compreender de que maneiras isso pode ocorrer, quais são as consequências desse ambiente violento na infância e o que é possível fazer para superar essa dor tão intensa. Continue a leitura e saiba mais sobre o tema!

Como a violência se manifesta dentro das famílias?

A família, dizem os especialistas, é o primeiro grupo social do qual fazemos parte, logo ao nascer. A função desse grupo e oferecer à criança um espaço seguro para que se desenvolva, sobretudo nos primeiros anos, em que a dependência de um adulto é maior. É no seio desse grupo que as crianças aprendem a se comunicar, a se locomover, a expressar os seus sentimentos, a cumprir as suas obrigações, a respeitar o outro, enfim, a viver dentro de um determinado conjunto de valores.

A ausência desses valores nas famílias é muito problemática. A violência familiar é um tema infelizmente recorrente no noticiário, atingindo todas as camadas da sociedade. No entanto, ela não se resume às agressões físicas que tanto aparecem nos jornais e na televisão. A agressão física de fato é um dos aspectos mais trágicos dessa conduta, mas não é o único.

Além das agressões físicas, os gritos, as ameaças, as restrições de liberdade, os insultos, os ataques de raiva e os castigos podem ser eventos traumatizantes. Em um lar violento, a criança pode ser a vítima desses maus tratos, mas também pode ser testemunha deles — ao ver os irmãos sendo agredidos, ou mesmo os pais brigando um com o outro ou maltratando os avós, por exemplo.

Por mais que as relações humanas sejam complexas, não é saudável expor a criança a esses momentos de emoções intensas e de pouca ou nenhuma racionalidade. Pior ainda é utilizar essas atitudes brutais na tentativa de educá-las. Psicólogos e pedagogos alertam que a violência nunca gera educação ou aprendizado, mas sim medo e traumas.

Quais são as consequências desse comportamento no desenvolvimento do indivíduo?

Alguns estudos na área da psicologia, das ciências sociais e até mesmo da medicina têm sido desenvolvidos para compreender os impactos da violência familiar sobre o desenvolvimento das pessoas. Em geral, esses estudos dividem esses impactos entre as consequências físicas e as consequências emocionais/afetivas.

  • Consequências físicas

As consequências da violência familiar podem ser tardias, mas também podem ser imediatas. Em geral, esse tipo de atitude deixa marcas, como hematomas, escoriações, luxações e até mesmo fraturas. As crianças são agredidas em diferentes graus, desde o leve, passando ao moderado até o grave. São agredidas pelas mãos dos adultos ou por objetos, como cintos, chinelos etc. Alguns casos demandam internação imediata e podem chegar até mesmo ao óbito da criança.

Os casos de abuso sexual são particularmente complexos, pois nem sempre deixam sinais físicos. As situações de negligência também são mais difíceis de diagnosticar, pois o desenvolvimento inadequado de uma criança não se identifica de um dia para o outro. Mantê-las presas, isoladas do convívio, mal nutridas e longe da educação formal é um tipo de violência cujas consequências se notam somente em longo prazo. Além disso, a negligência e a desatenção tornam os pequenos muito mais suscetíveis a acidentes domésticos que podem gerar lesões.

  • Consequências emocionais

As situações de violência que as crianças vivenciam ou que testemunham dentro da própria família trazem consequências catastróficas. A primeira delas é que os pequenos deixam de confiar nos seus próprios familiares e, consequentemente, encontram dificuldade em confiar em basicamente qualquer pessoa. Se aqueles que teoricamente os deveriam amar mais são os que os agridem, como confiar em outros adultos?

Em longo prazo, esse indivíduo pode apresentar uma série de sinais que prejudicam a sua qualidade de vida, como a timidez, a desconfiança excessiva, a incapacidade de expressar os seus sentimentos, o medo constante e até mesmo doenças psiquiátricas — como os transtornos ansiosos e os casos de depressão.

Além disso, o isolamento, o sentimento de culpa, os transtornos do sono, os transtornos alimentares, a baixa performance social e intelectual, além de maiores índices de abuso de álcool e drogas e de tentativas de suicídio são consequências encontradas nas pesquisas sobre o tema.

Por fim, outra grave constatação é que violência familiar é um ciclo que tende a se reproduzir entre as gerações. Se a criança é criada em um lar violento e agressivo, ela passa a crer que aquela é a maneira natural de agir — o que não é verdade. Assim, tende a reproduzir com o cônjuge e com os filhos o mesmo tratamento que recebera dos pais, o que inclui a violência verbal, psicológica, física etc.

Quem nasce nesse tipo de ambiente encontra mais dificuldade para desenvolver a inteligência emocional, para estudar, para trabalhar, para alcançar metas e objetivos e para resolver as situações conflituosas por meio do diálogo. É por isso que esse ciclo é tão problemático e difícil de ser encerrado.

Como quebrar esse ciclo?

Como você pode perceber, as dores emocionais oriundas da violência dentro das famílias são bastante profundas e impactam negativamente a vida do indivíduo, inclusive durante a idade adulta.

Estamos falando de traumas graves que podem ser perpetuados, a menos que haja uma intervenção, ou seja, uma atitude que bloqueie esse fluxo de pensamentos e atitudes violentas.

Dessa forma, é fundamental que uma criança ou adolescente que cresceu dentro de um lar violento compreenda que aquela não é a dinâmica saudável para a convivência familiar, especialmente no que diz respeito à educação dos filhos. Por isso, a assistência social se faz necessária em muitos desses casos.

Além disso, para que a pessoa se recupere dos traumas vivenciados — tanto aqueles em que ela foi a vítima como aqueles em que ela testemunhou situações violentas com outros membros da família — é fundamental contar com o acompanhamento psicológico, que contempla técnicas de reflexão, administração emocional e reprogramação comportamental.

As sessões junto desse profissional são capazes de levar o indivíduo a encontrar as causas para os seus transtornos atuais, identificar as suas crenças limitantes e, assim, transformar os seus comportamentos nocivos, tanto para si como para os seus familiares. É assim que o autoconhecimento e o desenvolvimento da inteligência emocional permitem não apenas que essas dores emocionais sejam curadas, mas também que nunca mais voltem a acontecer no seio das famílias.

Conclusão

Para concluir, podemos compreender que a violência dentro das famílias está entre as mais intensas e perigosas dores emocionais, no sentido de que é fruto de experiências traumatizantes, que podem se repetir se nada for feito a respeito.

Dessa forma, é fundamental o amparo dos psicólogos e dos assistentes sociais para identificar imediatamente as dinâmicas familiares disfuncionais e para intervir e proteger as crianças. O trabalho psicológico também é essencial para auxiliar os indivíduos adultos que tenham passado por situações nesse sentido, de modo que consigam superá-las e criar um novo futuro, mais saudável e feliz, para si e para as suas próprias famílias.

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