Quais são as características mais marcantes daquele ambiente de trabalho em que você foi extremamente feliz? E quais são as características mais marcantes do local em que você menos gostou de trabalhar? Ao refletir sobre esse questionamento, percebemos que as nossas emoções são altamente afetadas pelo ambiente de trabalho — tanto positiva quanto negativamente.

Dessa forma, até mesmo a vida pessoal sofre quando a vida profissional é desgastante, sendo que a nossa memória registra muito mais os nossos sentimentos em determinados lugares do que as atividades que ali executamos. Dessa forma, toda empresa precisa construir uma experiência positiva de trabalho.

Os estudos de Douglas McGregor

Infelizmente, porém, nem toda organização pensa dessa forma. Há instituições 100% focadas em resultados, sem perceber que eles dependem da qualidade de vida dos seus colaboradores. Aliás, não é preciso muito para notar que toda pessoa trabalha mais e melhor nos lugares em que se sente mais feliz e realizada. Portanto, nenhuma empresa pode cobrar um bom desempenho se oferece um ambiente tóxico, disfuncional e com má gestão.

A esse respeito, o economista e professor universitário estadunidense Douglas McGregor, grande estudioso das relações humanas, propôs que as empresas podem enxergar as pessoas de duas maneiras diferentes e antagônicas, às quais atribuiu os nomes de teoria X e teoria Y. As teorias foram concebidas nos anos 1960, mas ainda seguem muito atuais.

Características da teoria X

A teoria X defende a ideia de que o instinto natural das pessoas é evitar o trabalho. Isso significa que elas são preguiçosas por natureza e desmotivadas em relação a isso. Os funcionários consideram o trabalho um mal necessário para ganhar dinheiro e sobreviver. Portanto, os gestores das empresas precisam ser altamente controladores e rígidos no dia a dia de trabalho para evitar que os seus funcionários sucumbam a essas tendências naturais.

Dentro dessa teoria, sempre que o desempenho e a produção de uma organização caem, a culpa é atribuída ao empregado, pois ele não está trabalhando como deveria, já que é desmotivado por natureza. Nesse caso, a visão da empresa sobre o colaborador é estritamente contratual. Isso quer dizer que a organização vê o trabalho como uma operação, exigindo que tarefas sejam feitas e pagando por isso. Ela troca dinheiro e benefícios pelo tempo e pelos esforços das pessoas.

Características da teoria Y

PSC

Por outro lado, a teoria Y defende que a natureza das pessoas é automotivada, isto é, que elas são capazes de despertar a motivação dentro de si mesmas, diante de determinados contextos. Elas buscam o melhor e desejam trabalhar em organizações que apresentam uma gestão apoiadora e estimulante para que evoluam. Portanto, os gestores não precisam ser altamente controladores, mas sim oferecer um ambiente de estímulo para manter os seus colaboradores motivados.

Ao contrário da teoria X, a teoria Y afirma que quando o desempenho e a produção caem, o motivo é algo que a gestão fez ou deixou de fazer, já que o colaborador é naturalmente motivado. Nesse caso, a visão do colaborador sobre a empresa é relacional. Ele avalia a qualidade do seu trabalho e a sua motivação com base na cultura do ambiente. Ele leva em consideração o salário que recebe, mas valoriza ainda mais a experiência de estar naquela empresa (e os sentimentos despertados).

A forma como a empresa enxerga as pessoas, portanto, determina a forma como ela constrói as suas políticas de gestão, bem como a experiência que o colaborador tem enquanto parte daquele sistema. Infelizmente, em muitas organizações, as práticas de gestão de pessoas ainda não avançaram da teoria X para a teoria Y, uma vez que é mais fácil continuar mantendo a culpa pelo baixo desempenho no colaborador.

7 características de uma relação positiva entre a empresa e o colaborador

Se você não sabe se está ou não no caminho certo da sua gestão de pessoas, confira uma lista com as 7 características que indicam que você está construindo uma experiência de trabalho positiva aos seus colaboradores.

1. Satisfação de necessidades básicas

A empresa deve satisfazer as necessidades básicas do colaborador. Aqui, não estamos falando apenas de pagar o que lhe é devido pelos seus serviços, mas também de garantir a ele o direito de ser ouvido na essência, de ter os seus méritos reconhecidos, de errar e de sentir-se pertencente àquele meio.

2. Interesse bilateral

Uma relação positiva entre a empresa e o colaborador é aquela em que ambos estão interessados um no outro com a mesma intensidade. O colaborador gosta de trabalhar naquele ambiente, enquanto a empresa gosta de poder contar com os seus conhecimentos, habilidades e atitudes.

3. Aceitação das limitações

Toda empresa tem as suas limitações quanto ao que pode oferecer ao colaborador, assim como todo profissional também tem as suas limitações acerca do que pode oferecer às empresas. Dessa forma, as duas partes devem estar cientes dessas limitações e dispostas a aceitá-las.

4. Interações positivas

Dentro do ambiente de trabalho, existe positividade na forma como as pessoas interagem e se relacionam? Uma experiência positiva de trabalho inclui um ambiente de responsabilidade e disciplina, mas também de gentileza, respeito, reconhecimento, leveza e cordialidade entre todos, independentemente do nível hierárquico.

5. Foco nas resoluções

Outra característica nítida nos ambientes de trabalho com relações positivas se dá no modo como os problemas são resolvidos. Enquanto algumas organizações dedicam o seu tempo e os seus esforços na identificação dos culpados e na apuração dos erros, as empresas de maior sucesso nesse sentido focam na busca por soluções.

6. Geração de emoções positivas

O que os líderes e os liderados da sua empresa sentem em um dia de trabalho? Felicidade? Motivação? Interesse? Ou sentem inveja? Desânimo? Medo? Insegurança? Relações de trabalho positivas certamente geram emoções positivas.

7. Relação ganha-ganha

Uma relação ganha-ganha é aquele em que as duas partes nela envolvidas obtêm benefícios das trocas efetuadas. Portanto, a empresa se satisfaz com os resultados obtidos, enquanto o colaborador se satisfaz com os aprendizados, com o reconhecimento, com a remuneração, com o bem-estar e com as possibilidades de crescimento que encontra ali.

Empresas são feitas de pessoas, e é importante adquirir essa consciência para que haja uma maior valorização do colaborador. Por isso, as empresas devem deixar a visão contratual da teoria X e abraçar a visão relacional da teoria Y.

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